“Não há justificação para haver uma inflação nos alimentos que ultrapassa os 21% nos Açores, quando na generalidade dos produtos, as taxas de inflação são muito abaixo dos 10%”. Quem o afirmou foi o coordenador do Bloco de Esquerda, que tem uma proposta para obrigar o governo a controlar o preço de bens alimentares essenciais.
Os dados da inflação revelados hoje vêm reforçar a importância da proposta que o Bloco de Esquerda apresentou no parlamento e que será votada na próxima semana.
O objetivo da proposta é obrigar o governo regional a definir um cabaz de preços controlados, que inclua peixe, carne, legumes, fruta, cereais e alimentos específicos para crianças sempre que a inflação dos alimentos seja superior a 4% nos 12 meses anteriores, assegurando que todas as famílias podem comprar produtos essenciais para uma alimentação equilibrada a um preço acessível.
“Este aumento de preços nos alimentos é injustificável porque não há nos outros produtos uma inflação deste nível”, por isso, “é preciso uma medida que vá para além do IVA zero”, explicou António Lima.
“Comprar comida não pode ser um luxo”, lia-se no panfleto que o Bloco de Esquerda distribuiu às pessoas que saiam de um supermercado em Ponta Delgada.
O deputado do Bloco não compreende que perante este cenário muito preocupante, de aumento galopante de preços, que afeta todas as famílias, o Governo fique “de braços cruzados” e se tenha limitado a criar um sistema de monitorização de preços.
Do contacto realizado com as pessoas nesta iniciativa do Bloco, António Lima percebeu que “as pessoas estão desanimadas porque veem os preços a aumentar há muitos meses, e veem que o governo não faz nada, e que está a proteger quem está a ganhar com a crise e com a inflação”.
O deputado diz que “é possível outro caminho”, que passa por estabelecer margens máximas de comercialização e até, em alguns produtos, tabelar os preços, para proteger os consumidores, sem pôr em causa os lucros de quem vende.
Quanto à proposta de ‘IVA zero’, do Governo da República, António Lima considera que, “na melhor das hipóteses terá um efeito residual, e pode até não ter efeito nenhum porque pode ser todo absorvido por quem vende, engordando ainda mais as suas margens de lucro”, daí a importância de haver, paralelamente, um mecanismo de controlo de preços.