A última semana deste programa incidiu sobre a nossa relação com o exterior e a forma como os contactos que temos desde tempos remotos com “o outro” foram moldando a nossa personalidade colectiva. Há muito que visitantes e autores vários referem o cosmopolitismo faialense, entendendo-se essa característica como um resultado natural de séculos de convivência contínua com o exterior. Sentindo a necessidade de pensar de forma aberta esta questão, o encerramento do programa deu-se com o debate “O Faial e o Mundo: o que foi e o que é o nosso cosmopolitismo?”. Fazendo uma ponte entre a História da Horta e do seu porto, que recebeu sempre gente de todas as paragens, até à sociedade actual, que incluiu largas centenas de estrangeiros residentes, provenientes de mais de 50 nacionalidades, e contando ainda com um enquadramento teórico do conceito como pano de fundo, desenvolveu-se um intenso debate com o público presente, que cremos ter sido bastante útil para nos pensarmos enquanto comunidade. Das muitas ideias apresentadas e discutidas, sublinhamos a chamada de atenção da Professora Katja Neves para o facto de que o muito celebrado cosmopolitismo da Horta exige atenção e não pode ser tomado como garantido, existindo também o perigo de ser romantizado. No cômputo geral, concluiu-se que esta é de facto uma característica faialense, mas que tem de ser sempre posto em contexto em cada tempo e situação e não o devemos ter como um dado adquirido, até porque é uma realidade em constante mutação. Referiu-se também que é fundamental pensarmos como queremos que seja a nossa relação com “o mundo” agora e no futuro, pois não basta estarmos agarrados à tal ideia romântica e adquirida, mas, no mundo irremediavelmente global em que vivemos, o facto de estarmos num local que participou nas primeiras globalizações pode ajudar-nos a estar na linha da frente dos desafios que a actualidade nos apresenta.
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