Assinala-se hoje, 15 de setembro, o Dia Internacional da Democracia, uma data
que faço questão de destacar, enquanto democrata e Presidente daquela que é, por
excelência, a casa da Democracia nos Açores.
Começo por saudar de forma especial, todos os democratas, e afirmar de forma
clara que valorizo a Democracia, porque sei que viver num País e numa Região
democráticos e livres faz toda a diferença.
Aconselho quem não percebe isso, ou não o valoriza, a recuar no tempo e a falar
com os mais velhos, ou até mesmo a observar o que se passa nos países que não
vivem democraticamente (infelizmente ainda muito numerosos), para ter uma
noção do quão importante é viver livre e sem medo.
Em Portugal, a democracia foi conquistada, tal como em muitos países do mundo,
mas está longe de ser uma conquista definitiva.
É perigoso e absolutamente errado pensar que ela é irreversível. Porque
infelizmente não é. E os tempos conturbados que vivemos dão-nos bem nota
disso, bastando olhar para o que está a acontecer um pouco por todo o mundo.
Nos dias de hoje, mesmo entre nós, a democracia enfrenta diariamente imensos
perigos e ataques constantes, pelo que deixo aqui o meu apelo para que saibamos
valorizá-la e cultivá-la todos os dias.
Não pensem que esta é uma tarefa de uma só pessoa, ou reservada àqueles que
exercem cargos políticos. Pelo contrário, é uma tarefa que deve ser
responsabilidade de todos os cidadãos e de todos os democratas, igualmente
responsáveis por velarem por ela.
A Democracia é como uma planta que todos os dias precisa de ser cuidada e
alimentada. Ela cultiva-se com o respeito e o fortalecimento das instituições
democráticas pelos seus titulares e pelos cidadãos, sem exceção.
Ela cultiva-se e constrói-se, igualmente, pela forma como é exercida. Em
liberdade e com diálogo, humildade e participação cívica, e sempre com o devido
respeito pelos outros, pela diferença e pelo contraditório.
O campo de batalha dos democratas tem de ser a mesa das negociações. A arma
para esbater as diferenças tem de ser sempre o diálogo. Sem estas premissas, não
há como consolidar a democracia, nem a liberdade.
É bom ter presente que a Democracia não se destrói apenas pela mão dos que
defendem regimes totalitários e autocráticos ou dos que tudo fazem para perpetuar
esses regimes no tempo e no espaço.
Ela também se destrói e fica enfraquecida pela mão, e pela boca, dos muitos que
se dizem democratas, mas que agem e promovem atitudes nada condizentes com
aquilo que se espera da Democracia.
Entristece-me constatar que, mesmo nos Açores, há sempre quem, consciente ou
inconscientemente, recorra a velhas práticas e promova situações que
condicionam, amarram e desrespeitam a plena liberdade dos outros.
No próximo ano, assinalam-se os 50 anos da revolução de 1974, que devolveu a
democracia e a liberdade a Portugal.
No caso dos Açores, essa data representa também o clarear do caminho rumo à
Autonomia. Este é, pois, um tempo adequado para refletirmos sobre a forma como
cada um exerce o seu direito de participação e como contribui, ou não, para a
consolidação do regime democrático. A verdadeira democracia constrói-se todos
os dias, mas precisa de cidadãos ativos!