“Pretende-se, caso recursos haja, manter
o que foi feito até agora e estreitar parcerias”
Do grego “βιβλίον”, “biblion” (“livro) e “ϑήκη”, “theca” (“depositório”), o substantivo “biblioteca” significava, inicialmente, um espaço físico no qual eram armazenados livros e demais documentos para serem consultados pelo público. Atualmente, esse conceito significa um “ambiente” físico ou virtual. A 4 de maio de 1977, a Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça (BPARJJG) era oficialmente criada, em portaria conjunta das Secretarias Regionais da Educação e Cultura, das Finanças e da Administração Pública. Atualmente, engloba a biblioteca, arquivo histórico, sala de leitura, biblioteca infantil/ludoteca, loja de cultura, auditório, sala de exposições, sala polivalente, anfiteatro ao ar livre e salas de formação.
Neste 45.º aniversário da instituição, o Tribuna das Ilhas (TI) falou com Carlos Luís da Cruz (CC), novo diretor da BPARJJG, que salienta que a biblioteca pretende “estreitar parcerias”, nomeadamente com o Museu da Horta, bem como com as escolas faialenses, conciliando a vertente de biblioteca pública e de Centro Cultural.
Mariana Rovoredo
TI – Nos dias de hoje, que funções desempenha uma biblioteca pública?
CC – Ao longo da História, os três objetivos das bibliotecas foram, em termos gerais, a guarda de livros e documentos, a sua conservação e a sua organização, de acordo com normas próprias para catalogar e arquivar o acervo.
Embora não tenham deixado de ser “lugares de memória”, como definido por Pierre Nora (“Les Lieux de Mémoire” (3 vols.), 1984-1992), em nossos dias, o conceito clássico de “depósito de livros” evoluiu para o de “biblioteca” como um “ambiente, físico ou virtual, destinado à coleção de informações com a finalidade de auxiliar pesquisas e investigações, ou para praticar o hábito de leitura”. Estas informações, hoje, encontram-se em diversos tipos de suporte e formato, físico ou digital.
Adicionalmente, a missão e os objetivos definidos por organismos internacionais, nacionais e regionais, para o desenvolvimento das bibliotecas, enfatizam o papel das mesmas enquanto promotoras dos direitos fundamentais dos indivíduos, designadamente os de acesso à educação, à informação e à cultura.
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De biblioteca municipal a biblioteca pública e arquivo regional – 45 anos
A 3 de novembro de 1886 foi aprovado o primeiro regulamento da Biblioteca Municipal, que começaria a funcionar no mês seguinte. Foram necessários 24 anos de tentativas frustradas para que a Horta possuísse instituição do género, que no início contava com 1379 volumes, de acordo com o inventário apresentado por João José da Graça Junior, então presidente da Câmara Municipal da Horta.
Com várias obras de escritores contemporâneos como Camilo Castelo Branco, Alexandre Herculano, Manuel Bernardes, Rebelo da Silva, Pinheiro Chagas, Oliveira Martins, Francisco Manuel de Melo, bem como enciclopédias, a Biblioteca surgiu no edifício dos Paços do Concelho, atual sede da Junta de Freguesia da Matriz.
Uma brochura de 1996 registou que em 1940, a Biblioteca tinha sido transferida para as instalações do edifício da rua D. Pedro IV, onde se manteve em condições deficitárias. Em 1965, pelo Decreto-Lei n. º46 350 de 22 de maio, foi criado o Arquivo Distrital da Horta, anexo à Biblioteca, para recolher, conservar e divulgar a documentação de interesse histórico para o Distrito. No entanto, só em 1976 se deu início ao determinado naquele diploma.
A 4 de maio de 1977 passou a existir a atual Biblioteca Pública e Arquivo da Horta, que começou por ocupar as instalações da ex-agência do Banco de Portugal. Em 2008, a instituição inaugurou novas instalações, no centro da cidade.