Artigo Tribuna das Ilhas 02/11/2012 A geração mais qualificada de sempre

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Aqui há uns anos ser-se licenciado era sinónimo de emprego. Hoje em dia todos sabemos que já não é bem assim. Este fenómeno de saída do nosso País de jovens em idade ativa é um fator de preocupação. Estamos a falar de jovens altamente qualificados aos quais Portugal não consegue oferecer resposta às suas legítimas aspirações de colocação no mercado de trabalho na área em que se formaram e investiram anos da sua vida.

É revoltante ouvir o Primeiro-ministro reconhecer ser esta a mais bem qualificada geração de portugueses, mas ao mesmo tempo oferecer como opção de vida a emigração, o desemprego ou o trabalho precário. Que governantes são estes que desistem do futuro do País, da sua “geração mais qualificada”, em quem tanto se investiu, e que a exporta gratuitamente?  Como podemos adjetivar quem sugere que o desemprego e a estratégia de  empobrecimento do País não é um drama social mas antes “uma oportunidade de mudar de vida”?

O futuro do País não está na saída dos melhores para o estrangeiro, mas sim na capacidade de capitalizar a geração mais qualificada de sempre.  

Quase todos os dias ouvem-se notícias de jovens que não arranjam emprego no nosso País e saem em busca de um futuro melhor, que se coadune com o que sonharam para si.

Entre junho de 2011 e junho de 2012, terão deixado a população ativa portuguesa, 65 mil jovens com idades compreendidas entre os 25 e os 34 anos, na sua grande maioria licenciados, o que corresponde a uma descida de 5% da população ativa. 44 mil saídas só no primeiro semestre de 2012, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

É verdade que atravessamos uma altura de crise, com uma taxa de desemprego elevada, mas é necessário, a todo o custo, tentar manter os melhores em Portugal. Esta geração altamente qualificada tem de ser vista como uma mais-valia, o seu “know how” é essencial à criação de riqueza no nosso País. Estas pessoas e os seus familiares investiram tempo e dinheiro numa formação, que parece que agora não lhes serve de nada. As suas expetativas de conseguir emprego saíram defraudadas.

Mas não podemos deixar que isso nos desmotive. Apesar de hoje em dia ser difícil e oneroso investir na formação, não podemos esquecer o fato de o desemprego ser muito superior em pessoas com um nível de escolaridade mais baixo.

A estrutura de qualificações e habilitações da população ativa nos Açores ainda é frágil. A grande maioria (79,2%) dos ativos possui um nível de escolaridade igual ou inferior ao 3.º Ciclo do Ensino Básico e é baixa a proporção de ativos com um nível de escolaridade Superior (8%).

No entanto, os jovens têm de ser despertados e sensibilizados para a aposta na formação como meio de diferenciação competitiva no mercado de trabalho. Deve-se intervir junto destes, insistindo na estratégia da preparação para a vida ativa, fator essencial para a empregabilidade.

Nos Açores o problema da saída de jovens coloca-se com ainda mais acuidade, visto serem muitos os que saem da Região para prosseguir estudos e já não regressam. Por isso as políticas de empregabilidade dirigidas aos jovens são de extrema importância, e têm necessariamente de estar sempre na linha da frente das preocupações do próximo executivo regional. Todos sabemos que a legislatura que se avizinha irá ser complicada, mas a criação de emprego terá de ser o objetivo n.º 1 do Governo dos Açores. Têm de ser dadas condições aos jovens açorianos para regressarem à sua terra, aqui se fixarem, e potencializarem todo o seu conhecimento em prol da Região. Aqui estão as suas raízes, as suas famílias, e, acima de tudo, é aqui que nos sentimos em casa.

 

 www.arquipelagica.blogspot.com



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