O Boco de Esquerda quer travar imediatamente o abate da rola-de-colar – uma espécie protegida – e propõe a criação de apoios aos produtores para a implementação de outras medidas de proteção das culturas. O governo alega que a rola-de-colar é responsável pela destruição de culturas, mas um estudo científico, encomendado por um governo anterior, demonstra o contrário.
O governo regional autorizou o abate da rola-de-colar a partir de hoje e até ao dia 11 de novembro, alegando que esta espécie é a responsável por danos nas culturas – nomeadamente nas produções vitivinícolas – mas um estudo do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO), da Universidade do Porto, realizado durante dois anos, com recurso a câmaras de filmar, não registou uma única rola-de-colar a alimentar-se de uvas.
De acordo com o mesmo estudo são as lagartixas e os ratos as espécies com maior impacto negativo na produção vitivinícola.
Por isso, o Bloco propõe a revogação imediata do despacho que autoriza o abate indiscriminado desta ave protegida.
Ao mesmo tempo, o Bloco propõe a criação de apoios aos produtores agrícolas para a implementação de medidas que protejam as culturas dos animais predadores.
O Bloco defende também que os produtores afetados por estragos nas culturas comprovadamente causados por espécies selvagens protegidas sejam indemnizados por estas perdas.
Além disso, a recomendação que o Bloco vai levar ao parlamento esta semana propõe também que sejam aprofundados os estudos relativos à ecologia e às populações das espécies da avifauna dos Açores, incluindo a sua relação com as diversas culturas agrícolas da Região.
O Bloco mostra preocupação também com a imagem negativa para o sector do vinho, que, com esta medida do governo, vai passar a estar associada ao abate de aves protegidas.
“Uma região que se autopromove com slogans ‘natureza intacta’ e com produtos agrícolas associados à marca Açores, intimamente ligada à natureza, com produção ambientalmente sustentável, que procura obter selos e certificações internacionais de sustentabilidade, inclusive a classificação como reserva da biosfera de quatro das nove ilhas não pode de modo algum enveredar pelo caminho facilitista e desprovido de sensibilidade ambiental ao primeiro dos problemas”, refere a proposta do Bloco.
Esta proposta foi entregue com pedido de urgência, de modo a poder ser votada já esta semana no parlamento.