Haja coração para tanta vontade de ser e fazer. Renata Rodrigues Hart vive nos Estados Unidos da América desde 2010, escolhendo o Connecticut como casa aos 19 anos. Vive numa zona rural que descreve como “pacata e calma” e não vive sem o Ocean, o Oliver e a Melody – os seus cães e gata.
Enquanto o Faial foi o porto de ancoragem fez de tudo um pouco: ainda hoje joga ténis e já praticou basquetebol e canoagem, sendo campeã regional desta última modalidade por dois anos consecutivos. Por cá assume-se como “grande fã da AFAMA e da sua missão pela comunidade”, instituição da qual é sócia.
Além do mais não consegue esconder a paixão pelo canto. Os concertos fazem parte do seu passado, presente e futuro.
Da menina que andava de bicicleta pelas ruas do Pasteleiro, de olhos em Porto Pim, até à vice-presidente de Growth & Costumer Success (Desenvolvimento e Sucesso) de uma empresa de Health IT (Tecnologia de Saúde) foi um piscar de olhos. Assume-se uma “workaholic” e tem a sorte de conciliar o trabalho com outra parte da vida: a vontade de viajar.
Renata continua fazendo o que ama, viajando por aqui e por acolá e aprendendo receitas novas sempre que o tempo permite. Hoje falamos com ela e damos a conhecer mais um filho desta terra que anda pelo mundo.
Tribuna das Ilhas (TI) – Em 2010 deixas o Faial e rumas aos Estados Unidos da América (EUA) para seguir a tua vida. Sabendo o que sabes hoje terias ido para este destino? Aprecias o modo de vida no país, neste momento? E a comunidade portuguesa?
Renata Hart (RH) – Saí do Faial com 19 anos e naquela altura confesso que Connecticut não me fascinava, mas sabendo o que sei hoje seria o sítio no qual voltaria a começar a minha vida dos EUA. Gosto das oportunidades que são dadas a quem quer suceder na vida, gosto que é um país onde não há limites para crescimento individual, e adoro a minha qualidade de vida. Na zona onde vivo são poucas as comunidades portuguesas e confesso que é algo que nunca estive muito envolvida. Conheço pouca gente portuguesa cá, mas por um lado isso deu-me outras oportunidades de adaptação no qual me fez sair da minha zona de conforto.
TI- Sentes existir racismo nos EUA ou no Estado em que resides? O que podes dizer da tua integração na comunidade?
RH – A minha integração inicialmente não foi fácil. Levou algum tempo para fazer amigos. Tive que primeiro inserir-me na cultura e depois perceber como fazer amigos. Foi difícil, mas valeu a pena o tempo que passei a primeiro me inserir na cultura e depois fazer aquelas amizades boas e verdadeiras, leva tempo. Nunca me senti discriminada por ser imigrante, apenas me senti diferente durante alguns anos.
TI- Desde cedo a música assumiu-se como uma paixão para ti e foi algo em que investiste intensamente ao longo de muitos anos. Ainda há pouco tempo tiveste oportunidade de cantar o hino americano no início de um jogo. Podemos afirmar que cantar e tocar guitarra são amores da tua vida? Que balanço fazes do teu percurso até ao momento? Qual o próximo passo?
RH– Sim, a música sempre foi uma grande paixão. Sempre adorei cantar para todos os meus amigos e familiares e foi algo que praticamente se tornou profissão durante os meus anos de Liceu e Universidade. Tirei um minicurso de música em 2009 em Hollywood onde fiz imensos contactos no mundo da música. Em 2011 comecei a minha Licenciatura em Música, na qual aprendi imenso. Em 2013 lancei o meu primeiro álbum de estúdio. Em 2015 acabei a minha duo-Licenciatura em Música e Engenharia do Som. Em 2022 fui convidada a cantar num estádio de Basebol em que posso mesmo dizer ter sido um sonho realizado. Esse foi o momento no qual pensei nos primeiros anos em que não me sentia de cá, em que sentia ser “de fora”. Passando ao ponto de ser convidada a cantar o Hino Nacional, foi uma grande honra. Sim, cantar e tocar guitarra são sem dúvida, duas das minhas grandes paixões.
Quanto aos próximos passos na vida musical… Apesar da vida profissional ter-me levado por outros caminhos (Health IT), a música será sempre uma paixão. Um dos meus grandes objetivos será voltar a gravar um álbum em estúdio e tocar essas músicas com uma banda ao vivo. A nível profissional, amo o que faço. Em 2015 fiz um MBA Mestrado em Gestão o que talvez o maior passo na minha carreira. Quero continuar a fazer o que faço, crescer na minha área e todos os dias tornar-me melhor.
TI – Para quem não te conhece, o que há a dizer sobre a Renata Hart? O que te motiva e o que faz virar costas? Que causas há a defender?
RH – A Renata Reena Hart é uma pessoa otimista, alegre e que adora viver. Sou apaixonada por música e os animais serão sempre a minha grande causa. Sempre serei uma defensora dos animais e da natureza. A busca da felicidade, ser a melhor pessoa que posso ser e paz são as coisas que mais me motivam na vida.
TI – Ainda que longe vens regularmente ao Faial e a ligação à terra é clara. O que mais te faz querer voltar?
RH – Sim, tenho uma grande ligação com estas terras de basalto negro. Adoro a natureza, o mar, a cultura e a vida social que cá temos nas Ilhas. Mas o que me faz querer voltar é sem dúvida a minha família.
TI – O que consideras fazer falta ao Faial em termos sociais, económicos ou culturais, por exemplo?
RH – Eu sempre achei, mesmo quando era residente a tempo inteiro, que o Faial já era um meio bastante desenvolvido tendo em conta a população que temos na Ilha. Mas acredito que vivendo a tempo inteiro na ilha traz outros condicionamentos e necessidades. A nível social, sempre senti podermos tirar mais proveito da vista maravilhosa que temos na avenida para desenvolver mais espaços sociais. Não só os residentes bem como turistas iriam adorar passar mais tempo em esplanadas viradas para uma das baías mais belas do mundo.