Fonte: Federação das Pescas dos Açores
A Federação das Pescas dos Açores recebeu, com surpresa e preocupação, a Recomendação do Conselho Internacional para a Exploração do Mar (ICES), sobre espécies de profundidade, quando em meados de 2022 sugeria um corte de 22% na quota do Goraz para os Açores. Tal recomendação era justificada porque a Região Autónoma dos Açores não apresentou os dados sobre esta espécie e sobre a pescaria, necessários para a avaliação do estado deste recurso no mar dos Açores.
Na altura a Federação das Pescas dos Açores demonstrou a sua indignação porque tal penalização, com forte impacto socioeconómico na comunidade piscatória, era aplicada por uma falha alheia aos armadores e pescadores açorianos. Junto do governo regional, a nível nacional e junto de instâncias comunitárias, apresentámos o nosso desconforto por um erro que não tínhamos qualquer responsabilidade. Para mais, seria uma afronta aos pescadores açorianos, depois do esforço nos últimos anos, em aplicar um conjunto de medidas restritivas de gestão para o Goraz.
Para além disso, a Federação das Pescas e as associações da pesca em cada uma das ilhas, sempre se mostraram disponíveis para colaborar nos muitos programas de recolha de dados e em projetos de investigação.
Depois do risco iminente de perder possibilidades de pesca ao Goraz, a Federação das Pescas dos Açores, iniciou um conjunto de diligências para a defesa dos interesses dos pescadores. Nas várias reuniões com a Secretaria de Mar e Pescas, a Sra. Secretária de Estado das Pescas, com investigadores do ICES e com a Comissão Europeia surtiram efeito e congratulamo-nos por isso. Em todos os encontros apresentamos Memorandos com caracterização do impacto socioeconómico desta pescaria e eventuais soluções para mitigar a ausência de dados.
O trabalho em defesa dos interesses da pesca da nossa região exigiu ainda alguma diplomacia no âmbito do Conselho Regional das Regiões Ultraperiféricas (CCRUP), que facilitou o contacto com o Comissário Europeu das Pescas, Virginijus SINKEVIČIUS, com quem reunimos e tivemos oportunidade de apresentar o nosso desconforto e defender uma discriminação positiva para a pesca com “linhas e anzois” nos Açores.
Reforçámos o nosso compromisso em colaborar na recolha de informação científica que
permita defender as nossas possibilidades de pesca.
A Federação das Pescas dos Açores congratula-se pela decisão tomada na reunião
do Conselho de Ministros da Agricultura e Pescas da União Europeia (UE), em
manter as 600 toneladas de quota para o Goraz (Pagellus bogaraveo) em 2023.
Em relação aos Beryx, sendo uma espécie igualmente importante para o setor e com
impacto nos rendimentos dos pescadores, esperamos que o desfecho seja semelhante
à do Goraz.
