IPNLF pretende proteger o futuro dos pescadores e das suas comunidades

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John Burton, cofundador e presidente da Fundação Internacional de Salto e Vara, esteve no Faial para participar na I Conferência Internacional de Salto e Vara, organizada pela Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia.
Numa entrevista ao Tribuna das Ilhas o responsável pela Fundação revelou que “o salto e vara é a forma mais responsável de pescar atum” e a sua maior ameaça “é o aumento da utilização de dispositivos de concentração de peixes”

Tribuna das Ilhas – Qual é o principal objetivo da Fundação Interna-cional de Salto e Vara (IPNLF)?
John Bruton – O principal objetivo da fundação é juntar as indústrias pesqueiras e o mercado através da criação de um mercado de procura em que podemos ajudar as comunidades pesqueiras a ter um preço bom e premium pelo seu peixe. Só queremos proteger o futuro dos pescadores e das suas comunidades.

TI – O salto e vara é uma forma de alcançar a sustentabilidade do atum? Como é que esta arte pode permitir a sustentabilidade do mercado do atum?
JB – O salto e vara é a forma mais responsável de pescar atum. Este é muito seletivo e as capturas acessórias são escassas, enquanto outros métodos tal como a pesca de cerco que apanha atum jovem e outras espécies são mais destrutivos. O salto e vara representa apenas 10 % de toda a pesca no mundo, mas nem todos os 10 % vão até ao mercado como pescados por salto e vara. Portanto, o nosso primeiro objetivo é tentar levar esses 10 % para o mercado como pescados por salto e vara a fim de os pescadores conseguirem um bom preço.

TI – Conseguirá o salto e vara responder à procura mundial de atum?
JB – Como já referi, o salto e vara representa 10 % da pesca mundial e estamos a tentar levá-lo todo para o mercado para beneficiar os pescadores, mas existem outras indústrias pesqueiras em desenvolvimento como, por exemplo, na África Oriental e no Pacífico, que gostaríamos de encorajar a pescar mais com salto e vara.

TI – Considera que a pesca de grandes quantidades de peixe para isco pode ter impacto no ecossistema?
JB – Penso que uma maneira simples de responder a esta questão é não, visto que usamos variadas espécies de peixe para isco na pesca de salto e vara do atum que se reproduzem rapidamente. Por exemplo, as indústrias pesqueiras das Maldivas têm 900 anos e sempre tivemos isco suficiente para a pesca de salto e vara.

TI – Os dispositivos de concentração de peixes (FADs) são uma ameaça para as indústrias pesqueiras one by one?
JB – Durante o almoço, estivemos a falar dos problemas da pesca de salto e vara que está estável e concluímos que um dos principais fatores é o aumento da utilização de dispositivos de concentração de peixes nos últimos anos. Se virmos o exemplo das Maldivas, uma das maiores indústrias pesqueiras de salto e vara do mundo, onde não são permitidas redes, por todo o oceano Índico, notamos um aumento na utilização de FADs, fazendo com que os pescadores maldivanos tenham dificuldade em encontrar peixe. Há 40 anos, antes da pesca de cerco industrial, as Maldivas contabilizavam 80 % da pesca do oceano Índico, mas contabiliza agora apenas 20 %.

TI – Considera que a pesca de salto e vara reduz a captura acessória em comparação a outros métodos de pesca?
JB – Sei que continuo a falar das Maldivas, mas é o país com as indústrias pesqueiras mais limpas e mais ecológicas do mundo. Fizemos trabalho de observação nas Maldivas para provar que a captura acessória é significativamente mais baixa na pesca de salto e vara do que a captura acessória na pesca de cerco que é a maior área de competição do atum.

TI – O que falta para que as pessoas consumam produtos provenientes de métodos de pesca mais sustentáveis?
JB – Estou nesta indústria da pesca do atum há 33 anos e tenho assistido, nos últimos 10 anos, a um aumento na procura de salto e vara por todo o mundo por ser a forma mais responsável de pescar atum e pelo o facto de os consumidores estarem cada vez mais conscientes disso. As Maldivas são a casa da pesca de salto e vara, mas o meu país, o Reino Unido, era a casa do mercado de salto e vara, o primeiro mercado que procurava por salto e vara. No entanto, isso foi há dez anos e agora é cada vez mais global devido à preocupação dos retalhistas e dos consumidores. Isto é, o que está em falta é mais pesca de salto e vara e um pouco mais de sensibilização por parte dos consumidores, mas estamos a tentar dar este conhecimento às pessoas através da fundação e nos nossos retalhistas.

TI – O sistema de certificação dá aos consumidores a impressão de que adquirir certos produtos ajuda mais o oceano do que realmente faz. Os sistemas de certificação atuais estão a cumprir com as suas promessas?
JB – Há apenas um sistema de certificação credível no mundo nas indústrias pesqueiras, o Marine Stewardship Council (MSC). Durante muitos anos, este sistema ajudou a desenvolver indústrias pesqueiras para que se provem merecedoras da certificação MSC. Porém, recentemente, o sistema parece estar a pôr o lucro e as indústrias pesqueiras certificadas que provavelmente não são sustentáveis antes da sustentabilidade. No mundo do atum, existe uma grande indústria pesqueira no Pacífico Ocidental onde os pescadores apanham atum que nada livremente e atum preso em FADs na mesma viagem, na mesma embarcação, e que a parte da pesca do atum livre é certificada e a pesca através de FADs não é. É correto que a embarcação pesque de forma sustentável e insustentável na mesma viagem? Não, sustentável mais insustentável não equivale a sustentável. O nível tem sido reduzido para permitir que mais indústrias

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