Praticamente volvidos três anos e meio desde a passagem do furacão Lorenzo, a Ilha das Flores continua com o abastecimento marítimo de bens e mercadorias a funcionar sem qualquer regularidade ou garantia de fiabilidade, o que claramente não serve a população florentina. Em julho de 2022, a senhora secretária regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas fez grande foguetório anunciando “praticamente triplicar a capacidade de acostagem” do porto comercial das Lajes das Flores com a futura obra de construção do novo molhe de proteção.
Dois meses e meio após a passagem da tempestade Efrain, verificamos que condições atmosféricas e marítimas meramente moderadas já são o suficiente para impedir que até barcos de mais pequena envergadura atraquem no nosso porto comercial. Nestes mais de três anos após a passagem do furacão Lorenzo, a já de si frágil economia da Ilha das Flores tem sido colocada perante provas duríssimas. O tecido empresarial florentino encontra-se angustiado com esta asfixia de abastecimento, pois em qualquer economia insular de uma ultraperiferia é absolutamente fundamental a entrada e saída marítima de bens e mercadorias.
Ao Governo Regional certamente parece mais do que suficiente que de quando em vez, e de forma excecional, cheguem meia dúzia de contentores de bens perecíveis à Ilha das Flores (e, mesmo esses, com muita mercadoria degradada e sem condições para consumo), mas sabemos nós muito bem dos graves problemas com que estão confrontados os nossos comerciantes de venda a retalho, pela carência de mercadoria, os nossos agricultores, pela escassa alimentação disponível para os animais, e as nossas empresas de construção civil e obras públicas, lojas de ferragens, serviços de mecânica e reparação automóvel, e outros, todos com enormes dificuldades em laborar por carência de material. O Governo Regional atua de forma lenta e atabalhoada, num “freta, “desfreta” e volta a fretar” navios, demonstrando não ser capaz de encontrar soluções, nem a curto nem a longo prazo, para garantir o abastecimento marítimo de mercadorias à Ilha das Flores. Mas a Ilha das Flores não pode voltar trinta anos atrás no tempo, e ficar incapacitada de regularmente exportar e importar bens e mercadorias. Para defender os postos de trabalho das empresas comerciais florentinas, e para que a vida económica da Ilha das Flores volte à normalidade, é necessário garantir a plena regularidade dos abastecimentos. É obviamente necessária uma resposta imediata para o regular e fiável abastecimento de bens e mercadorias para a Ilha das Flores, mas para além disso, é necessário que de uma vez por todas se decida uma intervenção estrutural que resolva o problema, sem ser a conta gotas e de forma intermitente.
As medidas tomadas têm falhado constantemente, e as clamorosas falhas no abastecimento de bens e mercadorias à Ilha das Flores mantém-se. Enquanto os partidos da coligação do governo regional vão trocando “recados” entre si relativamente ao abastecimento às Flores, como fazem PSD e PPM, para ver quem manda mais, as Flores ficam para trás e a desigualdade entre ilhas e açorianos não para de aumentar. O PCP vai continuar a acompanhar a evolução da situação e a exigir respostas concretas à situação criada. Basta de abandonar os florentinos à sua sorte, como se já não bastasse o corte em cerca de 70% das verbas atribuídas no Plano e Orçamento de 2023 para investimentos regionais nas Flores, e o encerramento da cooperativa Ocidental, que determinou o fim dos seus produtos de excelência, nomeadamente os queijos, o iogurte, a manteiga. Os florentinos merecem respeito!
A CDU apresentou uma moção Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores com o seguinte considerando: “A Assembleia Municipal de Santa Cruz das Flores manifesta a sua profunda grande insatisfação e profundo desagrado com a senhora Secretária Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas pela sua atuação morosa e claramente insuficiente para encontrar uma solução condigna para o abastecimento marítimo de mercadorias e bens para a Ilha das Flores.”