A freguesia da Matriz, que em 2015 celebrou os 500 anos da sua fundação, tem a mais reduzida área geográfica a par da maior densidade populacional do concelho, destacando-se pela sua centralidade, por ser sede do Município e da Assembleia Legislativa Regional, pelo rico património edificado e natural que detém e ainda por se assumir como o verdadeiro centro social, politico, administrativo, cultural, religioso e comercial da cidade e de toda a ilha.
A freguesia da Matriz, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatísticas, nalguns períodos da década de oitocentos, de novecentos, até final de 1950, chegou a ter uma população superior a 3.000 habitantes, fixando-se as variáveis dos números populacionais a partir da década de sessenta – seguindo a tendência da redução da população na ilha a seguir ao sinistro do Vulcão dos Capelinhos – abaixo das décadas anteriores,estabilizando na ordem dos ligeiramente superiores 2.500 habitantes (censos de 2001 e de 2011).
Nas últimas décadas fixou-se na ordem dos 1.900 o numero de eleitores.
A freguesia da Matriz, na sua rua “direita” – principal eixo paralelo à Avenida Marginal – acolhe importantes serviços públicos e privados, a par do maior núcleo do comércio tradicional da cidade e do concelho, com uma diversificada oferta, em que o Mercado Municipal, que de há muito devia ser um equipamento âncora da atividade empresarial e turística da cidade, foi deixado chegar a um estado vegetativo e de agonia profunda, que se espera agora que seja efetivamente requalificado para ganhar modernidade e dinamismo.
Desde algumas décadas que a modernização e revitalização do centro histórico tem estado refém do sucessivo adiamento da execução do projeto do saneamento básico, que vai dando passos lentos na sua execução e não se conhece qualquer tipo de planeamento para a sua completaefetivação.
Espera-se, desde largos anos, que o projeto da requalificação da frente mar da cidade se concretize e que venha contribuir para modernizar e dinamizar toda a baixa citadina e requalificar o centro urbano e histórico, o que certamente também será um forte contributo para ajudar a estancar a progressiva desertificação verificada nas últimas décadas.
Por outro lado, a zona alta, área de natural expansão da Matriz – que cresceu, especialmente desde finais da década de 1980, para o seu interior, sobretudo na direção das Dutras – com maior fixação de pessoas de gerações mais novas carece de um equipamento público onde a população, de vários escalões etários, possa ocupar os tempos livres e dinamizar o território.
É ainda nesta zona, cujo anfiteatro natural oferece privilegiados locais de observação panorâmica, que sobressai o miradouro do Monte Carneiro – requalificado em 2013 e situado a 287 metros de altitude (nível do mar).
A Matriz com os seus imponentes templos, é rica em património edificado e natural, com bonitos e amplos jardins com Coretos tradicionais, foi também berço de ilustres cidadãos que se notabilizaram na vida local, nas letras, nas artes, no desporto e nos ofícios e, ainda, na política nacional ao desempenharem os mais altos cargos da governação de Portugal, de que são exemplo António José de Ávila e Manuel de Arriaga.
A Torre do Relógio, torre sineira da primitiva Igreja Matriz, é um notável ex-libris da freguesia e da cidade, cujo Largo onde se situa foi alvo de recentes obras de requalificação que suscitam várias e sérias dúvidas sobre o seu enquadramento estético e harmonia com o secular património.
A Matriz, freguesia nuclear da cidade da Horta – ex-capital de distrito – situada no meio dos dois extremos da cidade, e sede do concelho, tem e desempenha um lugar de relevo na cidade e na ilha, não apenas pela sua centralidade, mas por tudo o que tem para oferecer nas mais diversas áreas da vivência coletiva.
A sua longa e rica história é, e será sempre, uma referênciaincontornável para todos os matricenses, faialenses e açorianos.
