Provedor quer atualização dos acordos de valor pago por utente

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A Santa Casa da Misericórdia da Horta (SCMH) assinalou, a 16 de outubro, com sessão solene a passagem pelos 500 anos da sua fundação. O fim de semana de festa passou pela Sociedade Amor da Pátria, icónico espaço que acolheu, dias 14 e 15, o XV Congresso Insular das Misericórdias dos Açores e da Madeira. Cerca de duas dezenas de conferências e debates tornaram a Horta o ponto nevrálgico da discussão da “Sustentabilidade das Misericórdias: Caminhos para o Futuro”. O Tribuna das Ilhas entrevistou Marco Silva, provedor da SCMH, considerando o mesmo que todos os eventos “decorreram com a maior dignidade”. Paralelamente colhemos contributos junto de Manuel Lemos, presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas , e António Bento Barcelos, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Angra do Heroísmo e Presidente da Mesa Coordenadora da União Regional das Misericórdias dos Açores (URMA), de modo a fazermos uma análise ampla e plural do momento que estas instituições do setor social enfrentam.

Tribuna das Ilhas (TI) – Qual o balanço que faz das comemorações dos 500 anos da Misericórdia da Horta?
Marco Silva (MS) – Muito positivo. Todos os eventos decorreram com a maior dignidade.

TI- Em simultâneo com as comemorações realizou-se o XV Congresso Insular das Misericórdias dos Açores e da Madeira e a Assembleia Geral da União Regional das Misericórdias dos Açores. Quais os principais resultados que salienta de cada um desses eventos?
MS – O Congresso serviu para refletirmos sobre várias temáticas, como, por exemplo, a sustentabilidade das Misericórdias, tema este que serviu como próprio slogan para o Congresso. Tendo em consideração a inflação que existe neste momento, tanto a nível dos alimentos, oxigénio, gás, combustíveis e outros géneros, é muito importante considerarmos os reais valores de custo das valências que oferecemos aos nossos utentes para servirmos de ponte de comunicação para as dificuldades que sentimos neste momento. Outro dos temas abordado foi o envelhecimento, tendo em consideração que a esperança de média de vida é cada vez maior, é necessário as instituições se irem adaptando para os serviços que terão de oferecer.

TI – De todos os eventos e momentos celebrativos qual deles o que para si foi mais tocante e significativo. Porquê?
MS – Para mim o momento alto das celebrações foi sem dúvida a Gala que decorreu no sábado, 15 de outubro, no Teatro Faialense. A gala foi dividida em duas partes. A primeira foi preenchida por diversas valências da instituição e com a participação da APADIF. Esta primeira parte foi encerrada com os utentes da Estrutura Residencial para Idosos e contou com a participação de duas colaboradoras, sendo contada na primeira pessoa as histórias de vida de quatro utentes.
Foi um momento muito lindo e tocante. O meu obrigado a todos os que prepararam esta Gala.
Na segunda parte tivemos a atuação do Grupo Margens e do Grupo Ecos do Fado, contando com a participação do professor Vítor Rui Dores, entre estas duas atuações.

TI – A opinião unânime que ouvimos foi a da qualidade organizativa que esteve por detrás de tão diversificado programa. Está satisfeito com o trabalho organizativo e com os seus resultados?
MS- Sim sem dúvida, muito satisfeito com todo o trabalho e profissionalismo dos colaboradores mesários e voluntários envolvidos. Um bem-haja a todos. Dignificaram e muito o nome da SCMH.

TI – E agora? Passados os momentos celebrativos, qual a prioridade a acudir na Misericórdia da Horta?
MS – A nossa prioridade deverá ser sempre prestar um serviço cada vez melhor aos nossos utentes, e esperamos que já no próximo ano possamos investir na formação dos nossos recursos.
Ao nível do investimento em infra estruturas, neste momento a obra do Centro de Alojamento Temporário irá ser lançada a concurso pela terceira vez, visto que das duas vezes que foi lançada a concurso ficou a descoberto por não haver empresas candidatas, pelo que volto a alertar as empresas que tem capacidade de apresentarem propostas que o façam sob pena de perdermos este importante apoio para a Instituição.
Prevemos também que ainda este ano seja publicado o concurso para a realização do projeto para o Centro de Atividades de Capacitação e Inclusão (antigo CAO), valência esta que funciona junto à Misericórdia em pré-fabricados.

TI – O aumento do custo de vida também impacta a gestão diária da SCMH. Os valores praticados nos protocolos com a vice-presidência serão atualizados, no que respeita por exemplo ao preço pago por utente institucionalizado? Se sim, para que verba considera ser suficiente?
MS – A continuação da pandemia, a continuação do impacto da guerra na Europa e a crise inflacionista que se verifica neste momento, são motivos mais que justificativos para que os acordos sejam revistos, e essa análise ainda será feita este mês entre o Governo Regional dos Açores e a URMA e ainda a União Regional das Instituições Particulares de Solidariedade Social dos Açores.
Espero que da reunião possam existir consensos de forma a que essas atualizações possam acontecer, uma vez que já aconteceram no Continente bem como na Região Autónoma da Madeira.
Neste momento prefiro não adiantar valores, no entanto a inflação em 2022 já ronda os 7.2%, enquanto em 2021 foi de 0.91%.

TI – E o anúncio do “combustível social”: como avalia o impacto que pode ter nas contas da Santa Casa?
MS – É uma medida que vemos com bons olhos, uma vez que temos um conjunto de viaturas que circulam diariamente em toda a ilha. Esperamos em que moldes será operacionalizada esta medida.

TI – Na sessão solene de encerramento das comemorações dos 500 anos, correspondendo a um desejo da Mesa Administrativa, o presidente do governo regional, manifestou disponibilidade para, em conjunto com a Santa Casa, procurar encontrar um plano que leve à reabilitação da Igreja de São Francisco. Quais são as pretensões e o que pretendem fazer a partir de agora?
MS – Neste momento o que iremos fazer será avançarmos para a elaboração do projeto. Logo que tenhamos os acordos devidamente firmados, avançaremos para os devidos procedimentos. Após o projeto elaborado, teremos que tentar garantir apoios para a realização da obra.

 

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