Na história dos Açores, entre os séculos XV e XIX, a criação de gado constitui sempre uma atividade de subsistência, movida por dois objetivos domésticos: o amanho das terras e o sustento dos homens. De facto, só no declinar do século XIX e nos inícios do século XX, a pecuária se transforma em ramo económico independente, depois preponderante, até quase exclusivo. Nesta transformação, influem a decadência e a depreciação de bens açorianos de comercialização lucrativa, por força da ruína das vinhas e dos laranjais, à conta das pragas e das doenças, e da desvalorização dos cereais no mercado de Lisboa. A crise económica insular da 2ª metade de oitocentos, que gera a contestação política, motivando a conquista da 1ª autonomia em 1895, suscita a procura de alternativas de rendimento. Em S. Miguel, a aposta reside na diversificação da agricultura e no incremento das indústrias. No setor agrícola, as experiências melhor sucedidas resultam da introdução, do cultivo e da extração do ananás e do chá. No setor industrial, sobram ainda as fábricas de tabaco e, até há pouco tempo, uma fábrica de açúcar de beterraba, sucedânea da fracassada indústria do álcool, vítima de obstrução legal nos mercados continentais. Quanto à revolução da pecuária, ocorre primeiramente no grupo central, na Terceira, que incide mais na produção de carne, sobretudo em S. Jorge, que insiste mais na produção de leite, estímulo da indústria dos laticínios, que resulta no acréscimo da quantidade e da qualidade do queijo. Neste contexto, em 1908, não espanta o pioneirismo jorgense, vertido na produção do 1º queijo português de pasta dura e côdea resistente.
Este conteúdo é Exclusivo para Assinantes
Por favor Entre para Desbloquear os conteúdos Premium ou Faça a Sua Assinatura
