Comissão de Economia – Paulo Menezes e Ana Cunha questionados sobre os números e promoções da SATA para o Faial

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O presidente do Conselho de Administração da SATA e a secretária regional dos Transportes e Obras Públicas foram questionados, sobre a programação de voos do verão IATA 2018 para o Faial na Comissão de Economia.
Esta reunião surgiu na sequência de um pedido do deputado faialense do PS, Tiago Branco.

Decorreu no passado dia 27 de março, uma reunião da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa onde estiveram presentes Paulo Menezes, presidente do Conselho de Administração da SATA, e Ana Cunha, secretária regional dos Transportes e Obras Públicas.
Sobre a mesa esteve a programação de voos do verão IATA para o Faial, os números referentes às taxas de ocupação da rota Horta-Lisboa disponibilizados pelo Grupo SATA e a promoção que a companhia aérea irá fazer da rota em questão.
Ana Cunha, que acedeu ao pedido de audição feito pelo deputado eleito pelo o Faial, Tiago Branco do Partido Socialista (PS), afirmou que “a oferta de 2018, no total do verão IATA, é superior à oferta de 2017”, existindo “no seu global, e em relação a todas as rotas, uma disponibilidade de 55 mil lugares a mais, em relação ao que foi utilizado no ano transato”.
Para a secretária regional, “trata-se de um ajustamento àquilo que foi efetivamente realizado no ano passado, ajustamento esse necessário, feito no planeamento da operação de 2018”.
A detentora da pasta dos Transpor-tes salientou ainda que os números com que o Governo Regional trabalhou “são credíveis”, visto que “são os números que foram fornecidos pela empresa, e com base na operação, no efetivamente realizado”.
“O que há, de facto, é um excesso. Houve um excesso de oferta referente a 2017, em relação a 2016”, o que, de acordo com a governante, “originou um número de lugares não utilizados nas operações de e para a ilha do Faial que obrigou a que a SATA, no planeamento da operação para 2018, nomeadamente no verão e, mais concretamente ainda, nos meses de julho e agosto, para que se fizesse um ajustamento daquilo que é a sua oferta à utilização do ano transato, sempre com uma margem que potencie o crescimento”, justificou.
Neste sentido, acrescentou que “a oferta é superior à utilização, nomeadamente nos meses de julho e agosto, com uma margem que pode acomodar ainda um crescimento na utilização”, disse a governante.
Ana Cunha referiu que “o número de frequências diminui em 2017”, nos meses de julho e agosto, “por oposição ao acréscimo dessas mesmas frequências nos meses que não são os do pico do verão”.
A secretária regional sublinhou ainda que este “é um critério da SATA, aplicável no planeamento da estação e da operação em relação a qualquer uma das suas rotas”.
Por sua vez, Paulo Meneses também frisou que em 2017 a resposta não correspondeu à oferta em julho e agosto e que houve um “recuo” em comparação a 2016, havendo um decréscimo de 4% de passeiros em 2017 para este período.
O presidente do Conselho de Administração da SATA avançou ainda que apesar de a taxa de ocupação nos voos de e para o Faial ser inferior a 60 % em 2017, a “percentagem de voos cheios de e para a Horta é razoável”.
Paulo Meneses afirmou ainda que as “pessoas mesmo que não tenham lugar num voo, devem ir para a lista de espera para que a SATA possa ter indicação de que há procura naquele período de tempo”.
Quando questionado por Tiago Branco sobre a promoção que a companhia aérea faz à ilha do Faial, o administrador da SATA revelou que “estão a promover o destino quer na revista de bordo, quer através dos seus parceiros e que os operadores turísticos é que promovem o Faial tanto de forma individual como em pacotes de ilhas”.
Relativamente aos cancelamentos e às divergências de voos que aconteceram no verão anterior, o presidente da SATA afirma que Secretária Regional dos Transportes compromete-se a que estes inconvenientes não voltem a ocorrer.

 

“Há ou não estrangulamento da rota da Horta?”, questiona Tiago Branco

Durante a reunião o deputado do PS eleito pelo círculo do Faial, Tiago Banco, justificou o pedido de audição com a secretária regional e com o administrador da SATA afirmando que “há uma contradição de números na opinião pública”, perguntando se “há ou não estrangulamento da rota da Horta?”
O socialista, salientou também na reunião que o aumento de lugares não pode ser rentável se não há a devida promoção dos mesmos, pelo que desafiou a companhia aérea a promover fortemente o destino Faial.
“Se a SATA diz estar a fazer uma aposta nos meses de maio, abril e outubro, pois então nós entendemos que essa aposta tem de ser devidamente acompanhada por uma forte campanha da rota da Horta, promovendo o destino, para que traga efetivamente proveitos para ilha do Faial e atenue a sazonalidade”, disse Tiago Branco após a reunião.
“Questionamos o Sr. Presidente da SATA sobre a atuação da companhia no caso de se verificar, como aconteceu o ano passado, picos de procura de lugares para o Faial. Para nós é fundamental que seja dada uma resposta por parte da SATA a esse aumento de procura, nomeadamente no interilhas”, afirmou o deputado, referindo ter recebido uma resposta positiva nesse sentido.

 

SATA e Governo Regional estão a matar o Faial, afirma Carlos Ferreira

Também o deputado do Partido Social Democrata (PSD) eleito pelo círculo do Faial, marcou presença neste encontro.
Carlos ferreira em declarações ao Tribuna das Ilhas após a reunião da Comissão de Economia disse que os dados oficiais do Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA) “desmentem” o Governo dos Açores e o Conselho de Administração da SATA, que afirmam ter havido um decréscimo no movimento de passageiros entre o aeroporto da Horta e o exterior.
“O governo e a SATA dizem ter havido um decréscimo de 4% em 2017 face a 2016, nos meses de julho e agosto, e com esse argumento reduzem as ligações ao Faial. Mas há uma incongruência entre os dados oficiais do SREA e os da SATA. É urgente a clarificação destes dados, pois são a base da planificação dos voos”, salientou o social-democrata.
O deputado exigiu ainda uma “clarificação” por parte da secretária regional e da SATA sobre os números que invocam visto que estes não são públicos ao contrário dos dados do SREA. “Por interpelação do grupo parlamentar do PSD/Açores, o Governo Regional vai ter de fornecer à Comissão Parlamentar de Economia os dados da SATA sobre as ligações entre o Faial e o exterior”, referiu.
“A SATA e o Governo Regional, ao cortarem os acessos ao Faial – diminuindo ligações e milhares de lugares –, estão a estrangular a ilha e a matar as nossas perspetivas de desenvolvimento”, frisou Carlos Ferreira referindo-se à diminuição no número de voos e lugares disponibilizados pela SATA nas ligações entre o aeroporto da Horta e Lisboa.
Para o deputado social-democrata, o Governo dos Açores e a SATA “estão a matar o Faial de forma consciente e propositada, cortando os acessos a esta ilha em termos de voos e lugares disponíveis e não fazendo a promoção da rota Horta-Lisboa”.
O deputado defendeu também que é de “extrema urgência” reforçar a oferta de lugares e de voos nos meses de julho e agosto, “dado que as viagens são planeadas com antecedência, não sendo suficiente abrir um voo com apenas 10 dias de antecedência, como aconteceu neste mês de março”.

 

Ampliação do aeroporto da Horta deve estar presente na renegociação entre o Estado e a ANA

Este assunto quer das ligações aéreas com o Faial quer do aumento da Pista do Aeroporto da Horta tem sido um tema que tem estado na ordem do dia nos últimos anos.
As forças políticas da ilha e os habitantes têm feito alguma pressão junto das entidades governativas neste sentido. Essas reivindicações parecem ter sortido algum efeito na medida em que no seguimento da publicação, no passado dia 23 de março, em Diário da República a constituição uma comissão para a renegociação do Contrato de Concessão de Serviço Público Aeroportuário nos Aeroportos situados em Portugal continental e na Região Autónoma dos Açores, celebrado entre o Estado Português e a ANA Aeroportos de Portugal, S. A, vários poderes políticos regionais já se pronunciaram.
No seguimento desta publicação Ana Cunha escreveu ao Ministro do Planeamento e das Infraestruturas a defender que “a ampliação do Aeroporto da Horta deve voltar a estar sobre a mesa aquando da renegociação do contrato no âmbito das obrigações decorrentes do mesmo”.
Também o grupo parlamentar do PSD/Açores entregou, no passado dia 28 de março, no parlamento açoriano “uma proposta de pronúncia própria da Assembleia Legislativa dos Açores a recomendar ao Governo da República que inclua o aumento, de pelo menos 2050 metros, da pista do Aeroporto da Horta na revisão do contrato de concessão com a ANA”.
No documento, Carlos Ferreira e Luís Garcia salientaram que a Região não pode perder esta oportunidade, pois “o facto de a ampliação da pista do aeroporto da Horta não ter sido incluída na negociação do Contrato de Concessão de Serviço Público celebrado entre o Estado Português e a ANA, a 14 de dezembro de 2012, tem sido apontado como um dos obstáculos à realização dos investimentos necessários à ampliação da pista do aeroporto da Horta”.
Por sua vez, o grupo parlamentar do PS avançou em nota de imprensa que vai apresentar no plenário de abril um projeto de resolução “para motivar uma posição conjunta das várias forças políticas, junto daquela que é a única entidade responsável pela gestão do Aeroporto da Horta, ou seja, a ANA Aeroportos de Portugal, S. A”, lê-se.
Os deputados socialistas entendem que “esta é uma oportunidade de salvaguardar os interesses da Região, que foram prejudicados pelo Governo da República de Passos Coelho e Paulo Portas quando concederam a gestão dos aeroportos a privados”.
O Presidente da Câmara Municipal da Horta (CMH) também se pronunciou sobre o alerta feito pelo Governo Regional ao Ministro das Infraestruturas relativo ao aumento da pista.
Em declarações à comunicação social, José Leonardo Silva afirmou que esta notícia “é positiva e coerente com aquilo que a CMH e o Governo Regional sempre defenderam, nomeadamente de que as responsabilidades devem ser colocadas nas instituições devidas, neste caso na ANA e no Governo da República”.
O edil relembrou que já tinha já tinha feito esse repto, em fevereiro, ao remeter um ofício à ANA, à AMRAA e à Câmara de Comércio e Indústria dos Açores a fim de que o assunto fizesse parte da reunião do Conselho Consultivo dos Aeroportos dos Açores e do Plano Estratégico dos Aeroportos dos Açores 2018-2022.
“Esta iniciativa do governo é mais um esforço para prosseguirmos na melhoria da nossa infraestrutura, a par do estudo prévio que já tínhamos apresentado ao Governo da República e à ANA, que reduz, inclusive, para metade o custo deste investimento”, sublinhou o autarca, acrescentado que “no contexto desta nova negociação da concessão deve ser colocada em cima da mesa essa possibilidade que surge de todo o trabalho feito”, pelos diferentes poderes públicos.

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