Crónicas de Bruxelas – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Bruxelas

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Compreendo as razões subjacentes ao Dia de Portugal ser também o Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas. É uma forma de integrar a cultura, aquilo que nos define enquanto povo, e a nossa extensão extraterritorial. No entanto, nada disso se sente tão bem como estando fora de Portugal no dia 10 de junho. Em Portugal, o nosso país, com as suas virtudes e defeitos, não está em questão nem está distante. Vivendo no estrangeiro, esta inevitabilidade não é nada evidente. Os emigrantes sentem realmente saudades do seu país e da sua cultura e, ao mesmo tempo, dada a distância, põem em causa a sua portugalidade. Portanto, as celebrações do nosso país são igualmente importantes e determinantes. Importantes porque dão a oportunidade de relembrar a cultura e são determinantes para que os nossos emigrantes não se deixem envolver em demasia pela cultura e pelo país que os recebeu.
Este ano, na Bélgica, pude assistir às celebrações do Dia de Portugal com uma atenção redobrada. A iniciativa do Presidente da República em celebrar o Dia de Portugal nos Açores e nas comunidades açorianas da América do Norte motivou algumas embaixadas de Portugal pelo mundo a associarem-se à nossa Região Autónoma. Este foi precisamente o caso da Embaixada de Portugal em Bruxelas. Dinamizado pelo Embaixador Alves Machado em associação com o Embaixador responsável pela Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia, Nuno Brito, e com o Embaixador responsável pela Representação Permanente de Portugal junto na NATO, Almeida Sampaio, o Dia de Portugal tornou-se este ano, de certa forma, o Dia de Portugal e Açores.
Houve momentos particularmente felizes, mesmo emotivos, como a atuação de Bruno Bettencourt, exibindo o som e explicando a viola-da-terra dos Açores na sala Damião de Goes da Representação Permanente de Portugal. Esse momento em particular, dignificado também pela presença da Diretora Regional dos Assuntos Europeus dos Açores, Célia Azevedo, deixou-nos, aos açorianos, com a garganta apertada ao ouvir parte do nosso reportório tradicional ou, numa novidade para mim, música de Carlos Paredes tocada no instrumento de cordas mais nobre das nove ilhas. No entanto, o que mais me chamou a atenção foi a duração das festividades. Para além dos diplomatas, também as associações cívicas de portugueses em Bruxelas dinamizaram diversas iniciativas, o que resultou em celebrações que tiveram início no dia 9 de junho e apenas terminaram no dia 12. No dia 10, o campo de jogos do Parque Leopoldo ficou pequeno para as centenas de portugueses e seus convidados que queriam degustar as propostas gastronómicas razoavelmente lusas que ali eram partilhadas. A música popular ajudou a passar uma agradável tarde em que se ouvia português com os mais diversos sotaques. O português é uma língua extraordinária!
No dia 11 de junho, com entardecer reservado às cerimónias formais na Representação Permanente de Portugal, centenas, talvez 400 pessoas, lotaram um espaço em que, entre outros, foram consumidos vários queijos de São Jorge, Faial e São Miguel, 200 queijadas de Vila Franca e vinhos do Pico. Ainda dois televisores e um ecrã apresentaram filmes dos Açores, pinturas, desenhos e fotografias das melhores paisagens e biodiversidade dos Açores polvilhavam as paredes da sala e centenas de brochuras davam soluções a quem nos quiser visitar ou, simplesmente, conhecer melhor o arquipélago.
Claro que devemos tentar celebrar o Dia de Portugal todos os dias, mas, nessa impossibilidade, penso que, graças ao esforço de todos, o nosso país e, em particular, os Açores ficaram dignificados nestes dias em terras do Rei dos Belgas.

 

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