Defender o Hospital da Horta é um imperativo de toda a comunidade faialense

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“É coisa preciosa, a saúde, e a única, em verdade, que merece que em sua procura empreguemos não apenas o tempo, o suor, a pena, os bens, mas até a própria vida; tanto mais que sem ela a vida acaba por tornar-se penosa e injusta.” 

Michel de Montaigne

Os cuidados de saúde em Portugal evoluíram significativamente ao longo das últimas décadas, acompanhando o percurso de melhoria registado na generalidade dos países ditos desenvolvidos. Na Região Autónoma dos Açores, as quatro décadas de autonomia caraterizaram-se também por uma melhoria substancial nesta matéria, uma das mais relevantes na vida de uma comunidade.
Neste arquipélago,o desenvolvimento das políticas de promoção dos cuidados de saúde foi firmado num modelo assente em três hospitais, sediados na Horta,em Angra do Heroísmo e Ponta Delgada, e Centros de Saúde nas restantes ilhas e concelhos.
Assim, oHospital da Horta constituiu-se, noâmbito do modelo acima enunciado, como um pilar fundamental da prestação de cuidados de saúde nos Açores, servindo de forma muito direta as populações das ilhas do Faial, Pico, São Jorge, Flores e Corvo.
No entanto, como referi recentemente num artigo na Revista NO, de março de 2017,e reitero neste momento, nos últimos anos, vários têm sido os ataques ao papel do Hospital da Horta no seio do serviço regional de saúde, com argumentos frequentemente contraditórios e que procuram disfarçar, somente, a indesejável e inaceitável tendência centralista da governação.
Nosúltimos meses, surgiram novos problemas, que afetaram o desenvolvimento de especialidades clínicas cruciais, como a oncologia, a hematologiaou a gastrenterologia, serviços de elevada sensibilidade. Aos problemas relacionados com valências clínicas de grande relevância, acrescem os frequentes cancelamentos de consultas e exames, bem como as constantes dificuldades nos processos de deslocação e na realização de exames indispensáveis a um diagnóstico adequado.
A fragilização do serviço prestado pelo Hospital da Horta é grave, prejudica sobretudo as populações de cinco ilhas dos Açores e tem que ser rapidamente solucionada, não com “remendos”, mas com a contratação de médicos especialistas residentes que possam garantir o funcionamento regular e qualificado dos respetivos serviços.
No mesmo sentido, urge incutir bom senso na análise dos processos de deslocação por doença e nas decisões quanto à realização de exames complementares de diagnóstico.
A saúde é “o maior bem que se pode ter”, como todos dizemos frequentemente, de forma simples e consensual. Por isso, todos temos o dever de zelar por ela, quer a título individual, adotando hábitos de vida saudáveis a um nível minimamente equilibrado, quer em termos coletivos, através do exercício ativo da cidadania, no sentido de influenciar a governação e garantir a tomada de decisões que promovam a prestação de cuidados de saúde mais próximos e mais qualificados.
Os cuidados de saúde no Faial e nos Açores têm que ser aperfeiçoados, e não diminuídos, e a melhoria do serviço regional de saúde passa por proporcionar maior proximidade e qualificação.
É urgente diminuir as listas de espera por consultas de especialidade e as listas de espera cirúrgicas, e em simultâneo incrementar a facilidade de acesso ao sistema de saúde.
O direito à saúde está consagrado na Constituição da República Portuguesa, a nossa lei fundamental, mas no caso concreto do Hospital da Horta, temos que nos unir na defesa da manutenção das especialidades existentes e reforço gradual daquelas que ainda não existem, na dignificação e reforço do papel do hospital no seio do serviço regional de saúde e na exigência de serviços de saúde mais próximos e mais qualificados.
É a nossa saúde que está em causa e o papel que o Hospital da Horta presta também em termos económicos e sociais na ilha do Faial. Por isso, a defesa do Hospital da Horta é um daqueles pontos em que todos, mas mesmo todos, temos que nos unir e falar a uma só voz: é um imperativo de toda a comunidade faialense.
Carlos Ferreira

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