Desejos de Natal no serviço de Hemato-Oncologia do Hospital da Horta

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Engane-se quem possa pensar que o espírito natalício chega com mais dificuldade aos hospitais. Ao entrar no serviço de Hemato-Oncologia do Hospital da Horta, é impossível não reparar que este está, por estes dias, a cem por cento em “modo Natal”. O presépio dá as boas vindas a quem chega, com todos os seus ocupantes, e abundam decorações da quadra por todo o lado. As enfermeiras têm pais natais a enfeitar as batas e sorrisos a enfeitar o rosto. Num lugar de destaque, ergue-se uma árvore de Natal fora do comum: no topo, uma grande estrela desvenda o segredo deste pinheiro especial, dizendo “Árvore dos Desejos”. Em vez de bolas e fitas, a árvore está decorada com sacos de tecido, cada um contendo os desejos dos utentes deste serviço para o ano que está prestes a começar.


Há vários anos que o serviço de Hemato-Oncologia do Hospital da Horta procura ideias originais para entreter os seus utentes no Natal. Já construíram uma árvore enfeitada com as iniciais dos utentes, um altarinho com velas por eles decoradas ou um presépio com figuras de plasticina. Este ano, a ideia surgiu por acaso, como explica a enfermeira Vitória Carlos: “estávamos a folhear uma revista e encontrámos uma referência a uma árvore de desejos. Achámos engraçado fazer com eles”, explica.

A tarefa de coser as saquinhas de pano coube às funcionárias do serviço. Depois, os doentes decoraram-nas durante os seus tratamentos de quimioterapia. Feitas as saquinhas, foi só pensar num desejo que gostassem de ver concretizado em 2013, escrevê-lo num papel e guardá-lo na saquinha, que depois foi pendurada na árvore.

Quanto aos desejos, amor, paz e, principalmente, saúde são os mais solicitados.

Num serviço hospitalar como a hemato-oncologia, onde se lida com o cancro diariamente, o Natal é uma época especialmente difícil para os profissionais que ali trabalham: “estamos mais sensíveis”, reconhece Vitória, recordando que, por esta altura, é comum receberem visitas de familiares de doentes quem infelizmente, não ultrapassaram a doença.

Também para os utentes, a época das festas pode ser mais difícil. “deixamo-los sempre à vontade para, caso não queiram fazer o tratamento na semana do Natal, passá-lo para a frente. Alguns fazem isso, mas a maior parte prefere fazer o tratamento mesmo na altura marcada, porque estão focados na doença e querem tratar-se o quanto antes para que ela desapareça”, conta Vitória.

O serviço de Hemato-oncologia é, por norma, acolhedor, mas no Natal torna-se ainda mais importante para os profissionais que ali trabalham criar um bom ambiente: “tentamos minimizar o máximo possível o sofrimento. Esta etapa é muito difícil para os doentes, por isso fazemos o possível para que a passem da melhor forma possível. Queremos ter um serviço alegre e convidamo-los a participar na decoração. Quando os envolvemos nestas actividades eles sentem-se melhor e o tempo passa mais depressa.”, explica Vitória.

Os ciclos de tratamento mais habituais fazem-se de três em três semanas. Grande parte dos doentes passa pelo menos um ano a visitar regularmente este serviço. Em 2012, o serviço de Hemato-oncologia do Hospital da Horta tratou 800 pacientes.

 

 

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