O Carnaval desceu à rua

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“É Carnaval, ninguém leva a mal” continua a ser a frase mais badalada neste período. Desfiles, foliões, carros alegóricos, bailarinas ao ritmo do samba, matrafonas, rainhas do Carnaval, Caretos de Podence, tudo serviu para extravasar a alegria e a boa disposição neste tempo carnavalesco.
Mas todos estes elementos evidenciaram, também, as apostas que muitos municípios espalhados por esse Portugal fazem na tentativa de atrair gente a visitá-los, despendendo elevadas quantias na organização desses corsos.
Se há muitos anos ansiávamos ver nesses desfiles de Carnaval as estrelas de telenovela brasileiras, pagas a peso de ouro, hoje, essas estrelas já são substituídas pela prata da casa ou até mesmo pelo cidadão comum, apesar de os desfiles continuarem a ser inspirados nos ritmos do outro lado do Atlântico.
Ao contrário do que se passa em Portugal em que o Carnaval ainda não é feriado, existindo, todavia, a chamada tolerância de ponto, no Brasil, sobretudo nesse país, o Carnaval é um dos mais importantes feriados do ano, atrai milhares de turistas estrangeiros, movimentando na economia cerca de oito mil milhões de reais e estimulando a manutenção dessa cultura de norte a sul do país.
O Carnaval do Rio de Janeiro presenteia-nos com desfiles das escolas de samba dos diversos bairros da cidade no sambódromo da Marquês de Sapucaí, enquanto na Bahia, as pessoas saem às ruas para acompanhar os trios eléctricos, compostos por camiões onde cantam as grandes estrelas do axé.
Ensombrado pelo alastrar à Europa e, em particular, à Itália da epidemia do Coronaví-rus, este ano não houve lugar aquele que é considerado o mais tradicional Carnaval do mundo, com as suas famosas máscaras. Falamos do Carnaval de Veneza, tradição que remonta ao século XVII quando os nobres venezianos, vestindo-se com trajes luxuosos, adornavam-se com máscaras venezianas e chapéus para se misturarem com o povo nas ruas e também para ir aos bailes.
Por cá, na ilha do Faial, neste período carnavalesco continua a não se descurar a presença nos tradicionais “Assaltos de Carnaval”, que se multiplicam por toda a ilha, quer no sábado, quer na segunda-feira, em diversas “sociedades”, mantendo viva uma tradição que leva ao convívio e à partilha e onde não faltam os doces típicos da época, coscorões, filhós e fofas.
Também todos os anos somos presenteados com um desfile de Carnaval protagonizado por crianças, jovens e adultos das diversas escolas e instituições do concelho.
Este ano não fugiu à regra. Foram às centenas os figurantes presentes nesse desfile, associado ao tema “Combate ao Lixo Marinho – Literacia do Oceano”, que contou, também com a presença e atuação do “Sambódromo do Mar Profundo” um projeto do Observatório do Mar dos Açores, que reflete sobre as preocupações ambientais que deram o nome ao desfile.
Pelas principais ruas da cidade, passearam espécies marinhas, “oceanos” carregadinhos de lixo e ainda houve lugar a manifestações a alertar para a problemática do lixo no mar. Sem dúvida um desfilar de fantasias maravilhosas, elaboradas com cuidado e carinho por professores, educadores, animadores e alunos, e que se aperfeiçoam de ano para ano.
Como tem sido costume, muitas das freguesias da nossa ilha promoveram, por sua iniciativa, desfiles de Carnaval, com os seus habitantes a serem as figuras principais, conseguindo, desta forma, cativar os faialenses a visitar as respetivas freguesias.
Não admira, pois, que normalmente o povo diga que o Carnaval desceu à rua, local próprio para o seu festejo.

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