Açores são Região Ultra Periférica com mais investigação científica relacionada com o Mar

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Quem o diz é Ricardo Serrão Santos, pró-reitor da Universidade dos Açores (UA) para a Integração dos Assuntos do Mar. Serrão Santos, responsável pela coordenação de toda a investigação marinha realizada nos departamentos daquela instituição, falava na sessão de abertura do fórum Conhecer o Mar dos Açores, que decorre hoje e amanhã na Biblioteca Pública da Horta. 

O primeiro fórum Conhecer o Mar dos Açores realizou-se em Janeiro de 2011. De acordo com Serrão Santos, de então a esta parte muita coisa aconteceu, principalmente no que diz respeito às Universidades e à investigação científica, que, por via da conjuntura económica de crise, assistiram à redução dos financiamentos, à dificuldade no acesso às bolsas, entre outras coisas.

Apesar estas dificuldades, o pró-reitor da UA salienta que a investigação científica reveste-se de cada vez mais importância. No cenário de “emergência global” em que o planeta se encontra, devido às sérias ameaças ambientais, assiste-se a uma “redução drástica da biodiversidade”. Para Serrão Santos, apesar dos Açores representarem apenas um minúsculo resquício da população mundial, não podem demitir-se de responsabilidades na busca por uma solução de sustentabilidade. 

Tendo em conta a importância que o mar assume na vida dos ilhéus, é por via da investigação científica marinha que a Região mais tem contribuído para um melhor conhecimento do nosso planeta. De todas as Regiões Ultraperiféricas (RUPs), os Açores são aquela que mais se dedica à produção na área da ciência marinha. De toda a produção científica regional, 40% diz respeito ao Mar, percentagem maior que em qualquer outra RUP. 

Para o investigador, numa altura em que Portugal regressa ao Mar, no sentido em que o volta a encarar como catalisador económico, um dos desafios é encontrar o equilíbrio entre a exploração dos recursos e a sua sustentabilidade. Para tal, Serrão Santos destaca o contributo da investigação e defende que é necessário continuar a investir, formando recursos humanos e dotando os cientistas de equipamentos e infra-estruturas adequados.

Lembrando que Portugal é “um dos países mais produtivos a nível mundial” no que à investigação marinha diz respeito, em grande parte graças ao trabalho da UA, Ricardo Serrão Santos destacou a importância da comunicação entre o mundo académico e o poder político para a criação de políticas públicas adequadas na área do Mar. Nesse sentido, congratulou-se com a relação entre o Governo dos Açores e a UA. Entre outras coisas, destacou o facto da universidade açoriana ser a única no país de dispõe de um navio de investigação, neste caso propriedade do Executivo Regional.

Sobre a realização deste fórum, Serrão Santos destacou a sua importância para a já referida desejável aproximação entre a investigação e as políticas públicas.

Metade das bolsas de doutoramento do Executivo Regional estão ligadas ao mar

Também o secretário regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos salientou a importância que o mar assume nas políticas públicas açorianas, defendendo a manutenção da aposta no conhecimento, no planeamento e no ordenamento espacial no que ao mar diz respeito. 

No que diz respeito ao conhecimento, José Contente salientou os apoios governamentais à investigação científica, referindo que, das 60 bolsas de doutoramento concedidas pelo Governo Regional, 30 se destinam aos assuntos do mar.

Destacando a importância de uma visão concertada entre os governantes e a comunidade científica, Contente defende uma postura “pró-activa” na defesa dos recursos marítimos açorianos, salientando a necessidade de proteger o mar dos Açores “dos novos piratas e corsários do Atlântico”. “Temos que estar irmanados no espírito de que os Açores devem estar, mais uma vez, em primeiro”, disse. Contente entende que, ao nível institucional nacional, só após a criação da estrutura de missão para a extensão da plataforma continental, em 2005, é que se passou a dar maior atenção aos assuntos do mar, ao passo que os Açores este “sempre foi encarado como um laboratório natural vital para a economia do conhecimento”.

Potencialidades do Mar dos Açores em análise

Ao longo dos dois dias deste seminário está prevista a passagem de vários investigadores pela Biblioteca pública da Horta. Em destaque estarão temas como a biodiversidade, as pescas, o ordenamento e a gestão do espaço marítimo, as alterações climáticas ou a biotecnologia.

 

 

 

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