A catorzinha Jesabel era exigente na aceitação do homem que a desposaria, diversos pretendentes lhe declaravam o namoro de forma honesta, mas nenhum conseguiu rachar aquele coração de ferro.
Para a donzela Jesabel todos eram desprezíveis, não tinham envergadura física, em sua ambição desmedida só um a interessava: O empresário elefante, este sim, esse manda-chuva é que lhe convinha, grande, economia doméstica garantida e ninguém teria coragem de lhe atirar na cara desprezo.
Vivia a famigerada Jesabel nessa ansiedade ardente quando o senhor elefante se lhe apresenta por sua vez com a intenção matrimonial, cheia de contentamento respondeu-lhe:
– Sim, aceito-te para marido, só tu me agradas pela tua corpulência!
Dias volvidos, o pobre sapo aparece em casa da catorzinha Jesabel, para mulher também a queria.
– Tu, maninho sapo, queres quê? Não sabes que aceitei um sujeito que aparece na bruma ? Então tu, assim tão esquecido na sociedade, achas que me podes conquistar? Nem sequer estima mereces!
Amesquinhou-se a donzela.
– Respeito?! É o meu cavalo, moça ! Monto-o quando me apetece!
Depois dessas palavras acompanhou-se uma risada do sapo idêntica a uma rajada de kalashnikov.
Como o comportamento das moças é automático, a catorzinha Jesabel contou ao empresário elefante o orgulho do maninho sapo, a fúria do elefante não se fez esperar, de tal maneira que se moveu logo para ir à caça do patife. Encontrou-o sem grandes demoras numa lagoa, entoando gostosamente música de romance.
– Xê rapaz, salta cá para fora preciso de falar contigo! Rápido!
Intimou-o o senhor Elefante. Mas o maninho Sapo é de sangue-frio.- Fale com mais calma avilo! então que coisa é essa de berrar comigo no meu cubico.
Ripostou atrevido o Sapo, vagarosamente saindo da água.
– Vamos agora mesmo, vens comigo e vais repetir diante da moça Jesabel o que lhe disseste da minha personalidade!
Puseram-se a caminho rumo ao tribunal de desafios, o lento sapo dificilmente acompanhando a marcha do comando propõe a petição ao seu adversário, dizendo:
– Como vês avilo, ando devagar, para que nós cheguemos depressa me deixa ir agarrado ao teu rabo.
O senhor elefante apressado em chegar para demonstrar a sua superioridade concordou, e o senhor sapo lá se segurou na cauda do senhor elefante. Andaram mais um tempo mas a certa distancia do destino o maninho sapo uma vez mais quebrou o silêncio:
– Avilo estou a escorregar e posso cair devido ao cansaço, deixa-me subir um pouco mais acima!
O empresário elefante, aflito com a pressa, de novo aceitou e o astuto sapo avançou até no lombo.
E lá foram seguindo em frente. Mas sempre o maninho sapo na sua esperteza ia interrompendo a marcha.
– Pára um pouco meu avilo está um galho a bater-me nos órgãos de visão.
Pediu ele mais adiante, num sitio coberto de árvores, o elefante na ânsia de chegar sempre a obedecer aos caprichos e o senhor sapo aproveitou para cortar um chicote.
Já na chegada quando a catorzinha Jesabel os encarou, o triunfante sapo brandindo um chicote na mão, montando o predileto elefante, desgostosa exclamou :
– Doravante acredito no que o maninho sapo me disse! Tu afinal, senhor elefante, és mesmo o cavalo dele! Sinto muito atirar-te na cara a renúncia do nosso noivado, mas não há outra saída!
E o sapo ficou sendo marido da catorzinha Jesabel.