Ana Martins é licenciada em Biologia, mestre em Oceanografia e doutorada em Oceanografia Física.
Natural de São Tomé e Príncipe, é apaixonada pelo mar e pelos Açores, tendo vindo para o Faial em 1989. Juntamente com a empresa EYECON, desenvolveu
o projeto HABtrail, vencedor do “Portugal Space Atlantic Challenge”. Em declarações ao Tribuna das Ilhas, Ana Martins contou o seu percurso pessoal e o deste projeto.
Ana Martins, atualmente Professora Associada em Ciências do Mar pela Universidade dos Açores (UAc) chegou à Horta em 1989, ano em que se integrou no Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP). Nesse mesmo ano teve oportunidade de ir estudar para os Estados Unidos, com o objetivo de aprender a aplicar tecnologias espaciais ao estudo dos oceanos. Lá, trabalhou com a NASA em projetos de âmbito espacial, nomeadamente de processamento e análise de imagens de satélite. Sempre com esse desejo, voltou ao Faial em 1996, trazendo os conhecimentos que adquiriu na América. Em 2000, assumiu a liderança da secção de Oceano-grafia do DOP e submeteu vários projetos, mantendo contacto e cooperando com a NASA. É a única portuguesa a ter sido convidada a integrar o “Space Girls Space Women”, exposição internacional de mulheres ligadas ao estudo do Espaço.
Há dois anos recebeu o convite da EYECON GROUP, sediada no TERINOV, na Terceira, para escrever uma proposta científica no âmbito do concurso de “Apoio à Integração de Recém-Doutorados nas Entidades do SCTA e nas Empresas”. Assim apresentaram a proposta para o desenvolvimento do HABtrail. Este projeto foi o vencedor da edição de 2021 do “Portugal Space Atlantic Challen-ge”, da responsabilidade da Agência Espacial Portuguesa (ESA), integrado na competição internacional “Copernicus Mas-ters”. Esta competição pretendeu premiar uma solução revolucionária, sólida e comercialmente viável, que utilizasse os dados do programa europeu de Observação da Terra e abordasse a problemática dos oceanos e das zonas costeiras.
Sobre o HABtrail
É um projeto baseado em dois modelos de aprendizagem aprofundada (“deep learning”) destinado à monitorização da proliferação de algas nocivas (em Inglês “Harmful Algal Blooms”, abreviada por HABs). Ana Martins explica este problema: “esta proliferação ocorre quando as algas ficam fora de controlo enquanto produzem efeitos tóxicos ou prejudiciais nas pessoas, peixes, mariscos, mamíferos marinhos e aves, entre outros.” Esta é uma preocupação mundial, porque afeta “não só a saúde das pessoas e ecossistemas marinhos”, mas também as economias locais e regionais, acrescenta a oceanógrafa. A identificação e alerta precoces para a formação de HABS permite evitar danos graves. Atualmente, refere Ana, usam-se imagens de satélite, dados in situ, modelação, dados de boias oceanográficas e ainda informação de saúde pública para obter elementos sobre os “blooms”. No entanto, esta monitorização é dispendiosa e requer um esforço contínuo entre várias entidades.
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