Cá nesta Babilónia, donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria;
Cá, onde o puro Amor não tem valia,
Que a Mãe, que manda mais, tudo profana;
Cá, onde o mal se afina, o bem se dana,
E pode mais que a honra a tirania;
Cá, onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana;
Cá, neste labirinto, onde a Nobreza,
O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza;
Cá, neste escuro caos de confusão,
Cumprindo o curso estou da natureza.
Vê se me esquecerei de ti, Sião!
Luís de Camões
Parto do soneto de Camões para fazer estes breves apontamentos sobre o que passou esta semana por cá, pela sua atualidade, pois nesta Babel que continuamos a criar e onde ninguém parece verdadeiramente entender-se, nem querer fazer o esforço do reconhecimento do sofrimento do outro. Porque é assim a natureza humana, – ambígua, paupérrima e miserável, “onde o mal se afina e o bem se dana”.
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