Aquisição de seis obras de Vieira da Silva marcaram história do museu

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A diretora do Museu Arpad Szénes-Vieira da Silva, Marina Bairrão Ruivo, afirmou hoje que o acontecimento mais marcante nos últimos cinco anos da entidade foi a aquisição, pelo Estado, de seis obras emblemáticas da pintora portuguesa.

Questionada pela agência Lusa sobre as celebrações dos 25 anos da criação da fundação, e do respetivo museu dedicado ao casal de artistas, que abriu portas em 1994, a responsável recordou esta aquisição como “o momento mais importante” para a instituição, em Lisboa.

“Fizemos várias exposições importantes, mas sem dúvida que a aquisição destas obras, aguardada há tantos anos, foi o acontecimento mais marcante dos últimos anos”, sublinhou.

Depois de vários anos de negociações com os proprietários privados, o Governo acabaria por comprar, através da Direção-Geral do Património Cultural, as seis obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva, pelo valor global de 5,5 milhões de euros, exercendo o direito de compra que detinha.

As seis pinturas em causa – “Novembre” (1958), “La Mer” (1961), “Au fur et à mesure” (1965), “L’Esplanade” (1967), “New Amsterdam I” e “New Amsterdam II” (1970) – foram depositadas no Museu Arpad Szènes – Vieira da Silva, depois de adquiridas aos herdeiros do colecionador Jorge de Brito.

Sobre a programação preparada para celebrar os 25 anos da entidade, Marina Bairrão Ruivo anunciou que serão realizadas três exposições, a inaugurar na mesma data, 21 de março.

A grande exposição de celebração será “A metade do céu”, concebida pelo artista plástico Pedro Cabrita Reis, com obras de 60 artistas portuguesas de várias gerações e períodos da História da Arte, com o Barroco de Josefa d’Óbidos e muitos nomes desde meados do século XX até à atualidade.

Serão apresentadas obras de 60 artistas, de criadoras como Maria Helena Vieira da Silva, Paula Rego, Helena Almeida, Lourdes Castro, Menez e Graça Morais, Ana Hatherly, Adriana Molder, Filipa César, Ana Jotta, Joana Vasconcelos, Ângela Ferreira, Fernanda Fragateiro, Graça Costa Cabral, Leonor Antunes, Sofia Areal e Clara Menéres.

Além desta mostra, o museu vai ainda inaugurar “Lusofolia – A Beleza Insensata”, com curadoria de António Saint Silvestre, com obras de arte bruta, em parceria com a Coleção Treger-Saint Silvestre – Centro de Arte Oliva de São João da Madeira, e também uma exposição de Bárbara Assis Pacheco, intitulada “O Jardim Bosque”, na Casa-Atelier Vieira da Silva.

Quanto a outras iniciativas da programação festiva, há a realização de um congresso internacional sobre museus de artistas, conferências, a habitual celebração do aniversário da artista, em junho, e a instalação de uma estrutura no Centro Comercial Colombo, para imersão virtual na obra da pintora.

Relativamente às exposições mais importantes realizadas no museu, nos últimos cinco anos, Marina Bairrão Ruivo destacou “Artistas portugueses. Obras da coleção particular de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes”, em 2013-2014, “Escrita íntima. Cartas e desenhos”, em 2014, com as cartas trocadas por Vieira da Silva, e “Sonnabend-Paris-Nova Iorque. Os primeiros cinco anos da galeria Sonnabend em Paris”, em 2015.

Criada ainda em vida de Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), uma das mais importantes pintoras portuguesas, e instituída por decreto-lei em 10 de maio de 1990, a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva tem como missão garantir a existência de um espaço, em Portugal, onde o público possa contactar permanentemente com a obra do casal de artistas.

Quando França sofreu a ocupação nazi, na Segunda Guerra Mundial, Vieira da Silva e Arpad Szenes, que viviam em Paris, tentaram regressar a Portugal, mas o presidente do Governo da ditadura, António de Oliveira Salazar, retirou a nacionalidade portuguesa à pintora e ao marido, cidadão húngaro de ascendência judia.

Vieira da Silva e Arpad partiram então para o Brasil onde estiveram exilados de 1940 a 1947, permanecendo apátridas até 1956, ano em que lhes foi concedida a nacionalidade francesa.

O Museu Arpad Szenes – Vieira da Silva foi inaugurado em 03 de novembro de 1994, num edifício da Praça das Amoreiras, cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, e apresenta regularmente exposições com a obra do casal ou de artistas com os quais tiveram algum tipo de ligação de amizade.

A Fundação Calouste Gulbenkian custeou as obras de remodelação e a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento apoiou o projeto na área da investigação.

A coleção do museu cobre um vasto período da produção de pintura e desenho do casal: de 1911 a 1985, para Arpad Szenes (1897-1985), e de 1926 a 1986, para Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).

Também foi desejo de Vieira da Silva legar um espaço de investigação aberto ao público, cumprido com a criação do Centro de Documentação e Investigação que, além de desenvolver pesquisas internamente, tem acolhido investigadores portugueses e estrangeiros.

Na rua João Penha, ao Alto de São Francisco, junto à praça das Amoreiras e ao museu, está também aberta ao público a antiga casa-atelier da pintora, com uma programação própria de exposições e conferências, acolhimento de atividades propostas pela comunidade e residências para artistas e investigadores.

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