Considerações e desconsiderações

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A última Assembleia Municipal da Horta (AMH) realizou-se na freguesia de Pedro Miguel. Na senda da descentralização das reuniões do poder autárquico, foi com alguma tristeza que registei o desinteresse que a mesma suscitou aos locais… Talvez a tenham acompanhado pela Antena 9.
Em abono dos meus concidadãos que não fazem parte do órgão em questão, concedo que é um tanto ou quanto penoso assistir a 6 horas de reunião para poder intervir no final.
Nesta em particular, o PS decidiu que seria bom dar voz aos seus 9 deputados municipais, atribuindo-lhes a apresentação de uns votos de congratulação. Assim pelo menos sempre participam…
Não desmerecendo os congratulados, que por mérito nas suas actividades obtiveram também o reconhecimento deste órgão municipal, o que ninguém merece é ouvir de uma assentada todos os votos que poderiam ser doseados, enaltecendo ainda mais os visados.
Para lá deste expediente, o período antes da ordem do dia contou com um voto de protesto pela ausência de resposta por parte de diversas entidades e do Governo Regional às múltiplas questões e reivindicações deliberadas em Assembleias anteriores.
O Partido Socialista local, apesar de concordar que as questões e preocupações levantadas merecem uma resposta, considera que protestar é demasiado… Não consideram uma desconsideração pelos munícipes da Horta e prefeririam talvez um voto de comichão ligeira.
Mas a veia produtiva dos socialistas locais não ficou por aqui… Levaram a votação uma moção que visava questionar o Governo Regional e SATA acerca da certificação das tripulações para operação nocturna no aeroporto da Horta.
Isto não é mais do que uma tentativa do PS para lavar a cara junto dos Faialenses e demonstrar que não tem medo do confronto com o Governo. A realidade é, no entanto, outra. O PS Faial, bem como muitos Faialenses, está farto de saber as respostas às perguntas elencadas na dita moção, até porque as mesmas foram respondidas pela Secretária Regional dos Transportes (SRTOP) aquando das audições no âmbito da petição para a ampliação do aeroporto da Horta.
Nessa audição a SRTOP afirmou que todas as tripulações com mais de mil horas de voo estariam aptas a operar de noite no nosso aeroporto, que na SATA correspondia a 17 das 21 tripulações.
Julgo que o PS poderia iniciar uma senda de perguntas inócuas, para inglês ver, que assim como assim não obterão resposta, por via da desconsideração do Governo perante a AMH, mas que de qualquer forma após breve pesquisa, logo se sabem as respostas.
Sugiro que questionem o motivo pelo qual nos últimos dias mais dois voos chegaram à nossa ilha sem a bagagem de mais de 60 passageiros? Só se a resposta da Secretária for que “é um luxo viajar com bagagem e ter roupa interior lavada à chegada” é que eu fico surpreendido, se não, toda a gente sabe que é por via das penalizações que a nossa pista, por ser curta, sofre.
A realidade é que o PS Faial acredita mais no que o Governo lhes diz, do que naquilo que os seus olhos vêem!
Antes disto ainda houve tempo para “discutir” um voto de recomendação da “representação municipal” Hugo Rombeiro (RMHR).
A RMHR, baseada numa análise facciosa de dados e na suspeita de que a investigação cientifica não produz os dados que nós achamos que são realidade após consulta dos vizinhos e familiares, decidiu recomendar que o Governo publique dados acerca da doença oncológica nos Açores e ainda, pasme-se, que a Câmara Municipal e as Juntas de Freguesia façam acções de sensibilização.
Não percebo como é que numa ilha onde existe um hospital e um centro de saúde, se pede a órgãos autárquicos que se substituam às instituições de saúde na promoção da mesma… Nesta senda, proponho que a farmácia do hospital também passe a distribuir raticida aos agricultores.
Quanto aos dados oncológicos, é a contragosto que tenho que defender o Governo, mas a realidade é que o Centro Oncológico dos Açores divulga estes dados, que eram em bloco até 2014, e a partir daí passaram a fazer parte de uma base de dados nacional que pode ser consultada online. De resto, houve também a separação de alguma informação, fruto dos rastreios a doenças oncológicas específicas, como o cancro da mama ou da próstata, havendo portando informação especifica e mais aprofundada, acerca destes.
Após alguma crítica, fomos confrontados com o facto de o documento, conhecido 10 minutos antes, ser aberto a sugestões de alteração, e isto não é sério. Se alguém quer fazer uma discussão séria acerca da doença oncológica no Faial, não faz votos de recomendação. O caminho passa por apresentar documentos previamente, para que sejam introduzidos na ordem do dia, e assim, cada grupo municipal pode analisar com tempo o que se pretende e então apresentar sugestões sérias e reflectidas.

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