Doa a quem doer

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No mês de Março foi tornado público o resultado das rotas operadas pela Azores Airlines, com destaque para as 3 rotas de Obrigações Serviço Público (OSP) com Lisboa (Horta, Pico e Santa Maria), conforme se pode verificar no quadro em que resumo os dados de 2016.
Facilmente se depreende a diferença da rota da Horta em relação às restantes. E se com o triplo dos voos se conseguem taxas de ocupação de 75%, com tarifas mais caras, dificilmente se compreende o grande prejuízo da rota. E se há que rentabilizar, o quadro deixa claro onde nos devemos centrar.
Consultando dados mensais verificamos que Santa Maria teve apenas 2 meses com taxa de ocupação superior a 50% e 5 inferiores a 30%. O Pico tem 4 meses com taxas de ocupação inferiores a 50%, possuindo no entanto 2 meses com taxas superiores a 80% (julho e agosto). O Faial, por sua vez, tem todos os meses com taxas de ocupação superiores a 50%, com 8 meses superiores a 70%, dos quais 5, maio a setembro, com taxas superiores a 81%. Acresce que essas taxas no verão são obtidas com um aumento considerável de voos, atingindo em agosto um pico de 112, que é quase o triplo do que é oferecido em maio. Em contrapartida as taxas máximas do Pico em agosto são obtidas com o mesmo número de voos que maio (26), o que facilita a obtenção das mesmas.
Se compararmos 2015 com 2016, torna-se claro o aumento da procura pelas rotas do Faial e do Pico. Ambas as rotas tiveram aumento de voos disponibilizados e passageiros transportados. No entanto, o impacto foi superior no Pico, que partia de um valor muito inferior, e que já há muito tempo merecia um reforço de ligações.
No caso do Faial tem pernas para andar um reforço nos 5 meses (maio a setembro) em que a taxa de ocupação é superior a 80%. Pela mesma razão, no Pico, justifica-se novo aumento em julho e agosto.
Podemos também concluir que o novo modelo de transporte aéreo de passageiros foi vantajoso para todos. Não só as rotas liberalizadas aumentaram consideravelmente o número de passageiros como as de OSP beneficiaram da “subida da maré”. Por cá já houve a solicitação de voos lowcost para o triângulo. Apesar de não estar totalmente convencido, não estou contra essa solução, desde que salvaguardando algumas especificidades derivadas da nossa pequena economia de escala. Mas mais do que argumentos contra ou favor, o que importa é o interesse das respetivas empresas. E se a EasyJet se prepara para abandonar os Açores, o representante da Raynair afirmou este mês que não está interessado nas rotas do Faial e Pico, isto apesar de ter admitido conversações por parte do Governo Regional para a criação de novas rotas.
Uma outra constatação é que das 3 rotas de OSP, 74% das divergências e 79% dos cancelamentos em 2016,são respeitantes ao Aeroporto da Horta. Provavelmente quando falam em prejuízo na rota, estão a incluir custos relacionados com cancelamentos/divergências, que segundo a companhia, nas rotas OSP atingiram 1 milhão €, aos quais acresce 567 mil € em indemnizações. O tamanho da pista é uma das causas, mas talvez não a principal, uma vez que com a TAP estávamos muito longe destes números. Para além das condições meteorológicas, o facto da Azores Airlines utilizar um avião maior, o A320, tendo apenas 3 aviões na sua frota e pilotos que não tinham experiência com a nossa pista, pode ter contribuído para tal.
Com a experiência adquirida e com a implementação do sistema RISE, julgo que esses números vão reduzir drasticamente. Apesar disso, é fundamental criar condições para que mais companhias vejam como atrativas estas rotas, visto que não me parece que a Azores Airlines tenha capacidade para um aumento considerável e com os horários desejáveis, no destino Triângulo. Como tal, foi com agrado que tomei conhecimento da intenção do Governo Regional, em resposta às solicitações da Câmara da Horta para a melhoria das acessibilidades aéreas, de alterar as OSP nas ligações entre o arquipélago e o continente, de modo a atrair mais operadoras.
Não descurando uma justa reivindicação, considero que mais do que aumento da pista no Faial, ou a liberalização da rota, a curto prazo o que importa é assegurar mais companhias áereas, mais voos e melhores horários (de modo a permitir os “short breaks”), o que por sua vez significa mais passageiros e mais turistas. Ao mesmo tempo apostar forte na divulgação do destino Triângulo, com o slogan “1 viagem, 3 destinos”, como muito bem fez José Leonardo e os restantes presidentes de câmara do Triângulo na BTL, doa a quem doer!

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