Em Colóquio na Horta o Tempo dos Cabos Submarinos

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Foi efectivamente um evento da maior importância o Colóquio que, na sexta-feira da passada semana, suscitou assinalável interesse no meio local. Um Colóquio realizado no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo, João José da Graça, com organização do Museu do Faial e da Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta, o patrocínio da ANACOM e da APTO e a colaboração da Comissão de antigos cabotelegrafistas. E não era para menos, uma vez que o tema do Colóquio – O tempo dos Cabos Submarinos – O porto da Horta na História do Atlântico – corresponde a um passado que marcou fortemente a vida desta cidade, elevando-a a uma posição marcante a nível mundial.

Por isso o auditório encheu-se logo na primeira sessão de trabalhos que se desenrolou na parte da manhã, a partir de uma exposição circunstanciada do historiador António José Telo, sobre o papel da Horta nas sucessivas fases do enquadramento estratégico dos Açores no Atlântico, entre os séculos XIX e XXI.

Seguidamente, João Confraria e Luís Oliveira analisaram aspectos do processo de evolução dos cabos submarinos que ligaram a Europa à América do Norte, passando pela Horta, desde os finais do século XIX ao começo do século XXI.

Depois e a terminar a primeira parte do Colóquio, Francisco Silva focou os aspectos científicos e tecnológicos que envolveram os cabos submarinos amarrados na Horta, salientando a inovação tecnológica que se operou nos anos quarenta com o aparecimento dos “repetidores submarinos” que ditaram o final das ligações pelo Faial.

Na 2ª.sessão, Carlos Silveira trouxe ao Colóquio, entre outras coisas, as memórias sobre a escolha da Horta como local de amarração dos cabos e também os acontecimentos que marcaram a permanência das companhias de cabo no Faial, promovendo a ilha a centro cabográfico mundial.

Yolanda Corsépios, filha de um funcionário da companhia alemã, recordou, entre as memórias da sua meninice, as influências deixadas pelas companhias na vida da ilha e a projecção que a cidade faialense então obteve no plano internacional.

Seguiu-se a intervenção de José Duarte da Silveira que dissertou sobre a elevada formação técnica e integração profissional dos funcionários faialenses que operaram na Horta e mais tarde se distinguiram nas estações dos países para onde foram transferidos, ocupando cargos de relevo e especial significado.

A fechar a série de intervenções, Ricardo Madruga da Costa discorreu brilhantemente sobre os contornos históricos do tema global apresentado, evidenciando, com o apoio de um conjunto de expressivos textos de conceituados historiadores, a relevância atingida pela ilha do Faial, ao longo dos séculos, na construção da “civilização atlântica”, não só em relação ao caso dos cabos submarinos mas principalmente pelo papel desempenhado pelo porto da Horta na história do Atlântico.

A sessão de encerramento do Colóquio, que teve a presença do Secretário Regional da Ciência, Tecnologia e Equipamentos, José Contente e do Presidente do Município João Castro, abriu com a leitura de um trabalho da jovem Katja Neves, da Universidade Concórdia de Montreal, subordinado ao tema das comunicações transatlânticas por cabo submarino e no qual a autora analisou o contexto internacional dos cabos e o fenómeno do cosmopolitismo introduzido na cidade da Horta.

De seguida, o arquitecto António Naia falou sobre os edifícios dos cabos submarinos existentes no Faial e apresentou um esboço para o espaço museológico do sector previsto para a cidade faialense.

Henrique Barreiros, presidente da Associação dos Antigos Alunos do Liceu da Horta, teve então uma intervenção em que fez uma série de considerações sobre o projecto dos cabos submarinos e afirmou que a Exposição dos materiais já recolhidos e os trabalhos já desenvolvidos eram um ponto de passagem a caminho do Museu dos Cabos. E H. Barreiros terminou a sua intervenção com a leitura das conclusões do Colóquio.

Por fim, o Secretário Regional, José Contente, encerrou a sessão, considerando bastante meritória a iniciativa em curso à volta do património dos cabos submarinos, referiu-se largamente à inovação tecnológica que está a ser feita a nível da Região Açores e teve palavras de apoio em relação a este esforço de salvaguarda e valorização de um património que honra a cidade da Horta.

Seguidamente, foi inaugurada nas instalações do Museu da Horta a Exposição sobre o tema dos Cabos Submarinos – um tema que teve ainda expressão, mais tarde, no Faial Resort Hotel, com o conhecimento de uma antiga instalação onde amarrou um dos primeiros cabos de ligação do Faial ao mundo.

E este longo dia, dedicado ao património cabográfico da cidade da Horta, terminou com um jantar de convívio que decorreu com grande animação.

 

 

 

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