ESMA – Clube de Teatro “Sortes à Ventura” celebra 30 anos

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O Clube de Teatro “Sortes à Ventura” da Escola Secundária Manuel de Arriaga comemora 30 anos de atividade ininterrupta, apresentando a peça “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente.

No Dia da Escola que se comemora no próximo 15 de maio, o Clube de Teatro “Sortes à Ventura” trará a palco a peça de teatro “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente. A adaptação livre da peça esteve a cargo de Mário da Costa, e a encenação pertence ao Prof. Victor Rui Dores.
Contando já com 46 peças levadas à cena, o Clube de Teatro “Sortes à Ventura” comemora, durante este ano de 2018, trinta anos de atividade ininterrupta, mantendo uma longevidade única nos Açores e sem paralelo a nível nacional.
No passado dia 07 de maio, este Clube de Teatro, cuja responsabilidade incumbe ao Prof. Victor Rui Dores, desvendou aos órgãos de comunicação social um pouco do que será a peça a estrear em palco no Dia da Escola, sendo este o ponto de partida para uma entrevista com Victor Rui Dores.
Na entrevista, o professor afirmou que “são 30 anos de existência e de atividade ininterrupta” o que “tem um grande significado para nós porque mantemos uma longevidade que, em termos de teatro escolar, é única nos Açores e sem paralelo a nível nacional”.
“Aliás, estou em condições para poder afirmar que, em termos de atividade ininterrupta, somos, comprovadamente, o grupo de teatro de escola mais antigo do país”, acrescentou, sublinhando que “esta circunstância só pode ser motivo de orgulho para a Escola Secundária Manuel de Arriaga, para a ilha do Faial, para a Região e para todos nós que amamos o teatro”.
Quando questionado sobre qual o segredo para a longevidade do grupo, Victor Rui Dores, disse que “o segredo só pode estar numa cultura de escola que se foi enraizando. Leciono na ESMA há 36 anos e foi sempre meu propósito dar continuidade a um projeto iniciado nos anos 70 do século passado por essa figura incontornável que foi António Duarte, patrono do Auditório da Escola”.
Para o responsável, o maior desafio passa por “continuar a fazer teatro de escola, sabendo que representar é o resultado de uma experimentação, tipo laboratório, em que as alegrias são breves e as angústias prolongadas”.
No entanto, assegura que “vamos continuar a estar em palco – para levantar os véus da alma humana”.
Sobre o percurso do grupo ao longo dos anos o encenador realçou que “tudo começou há 30 anos fruto de uma feliz ideia da minha colega Maria do Céu Brito que, pretendendo explicar a Filosofia, decidiu recorrer ao teatro. Desde 1988 o ‘Sortes’ tem sido escrever, encenar e representar com amor, ambição, esperança, impulso e desassossego…”
Victor Rui Dores, quer “crer que o teatro ajudou e tem ajudado largas centenas de jovens a buscar novos paradigmas para as suas vidas. Dentro e fora dos palcos”, durante estes anos.
O professor revela que apesar de estar a seis anos da sua aposentação “durante este tempo, continuarei a perseguir o objetivo maior do ‘Sortes’: motivar os alunos para as artes de palco e criar novos públicos, sem nunca perder de vista a formação da cidadania através da arte”.
Sendo também professor da “disciplina de Teatro (7º, 8º e 9º anos) há toda uma retaguarda que na ESMA se perfila e que abre boas perspetivas para o futuro em termos de teatro escolar”, adiantou.
O responsável do grupo referiu ainda que na passagem dos 30 anos “vamos apresentar o ‘Auto da Barca do Inferno’, de Gil Vicente, com adaptação de Mário Costa e encenação minha”.
“Escrita em 1517, este auto é uma alegoria ao Juízo Final. As personagens, todas mortas, chegam a um porto onde há duas embarcações: uma é chefiada pelo Anjo, que conduz ao paraíso; a outra, comandada pelo Diabo, vai para o inferno. Uma a uma, as personagens apresentam-se ao espectador em desfile, ao fim do qual cada uma terá que enfrentar o seu destino.
A feroz crítica à sociedade e os assuntos que Gil Vicente tratou há mais de cinco séculos continuam pertinentes e impertinentes e são de uma gritante atualidade. Ele defende, por exemplo, os direitos das minorias, é contra atitudes obscurantistas, denuncia a venalidade dos agentes da justiça (onde é que eu já vi e ouvi isto?), condena a ambição cega e desmedida. Moral do auto: ontem como hoje, os trapaceiros, os avarentos, os déspotas, os interesseiros e os corruptos continuam por aí a cometer os mesmíssimos ‘pecados’”, explicou.
Sobre qual a inspiração do grupo para as 46 peças já representadas, o encenador revela que “tudo começa com uma troca de ideias com os alunos, seguindo-se a escolha de um tema que varia de acordo com efemérides e acontecimentos ligadas a cada ano letivo, ou então (e é o caso deste ano) uma articulação que privilegiamos com os conteúdos programáticos. Partimos para os textos que escolhemos ou criamos, conforme as circunstâncias.”
“Depois vem o resto, porque fazer teatro é, acima de tudo, uma troca de experiências e vivências: há amizades que se aprofundam, cumplicidades e afetos que se partilham, e isso não tem preço”, salientou.
A concluir Victor Rui Dores afirmou que “gostaria de ver, a 15 de maio, a comunidade escolar em peso na sessão do Dia da ESMA. E gostaria de lá ver todos os elementos que passaram pelo ‘Sortes à Ventura”, prometendo surpresas.

 

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