Nasceu na freguesia da Conceição, concelho da Horta, a 1 de Fevereiro de 1939 e é filho de Guilherme Alexandre da Silva e de Elvira Laura da Silva.
Pertenceu a uma família que nunca fugiu ao trabalho. Como seus irmãos, principiou a trabalhar muito cedo. A vida naquela época era dura. O trabalho não abundava e aquele que existia exigia muito esforço físico e muita energia.
O Manuel Cristo da Silva – porque nasceu no dia de Santo Cristo da Praia do Almoxarife, foi o único dos irmãos a quem seus pais retiraram o nome Alexandre do seu – foi um dos rapazes que soube o que era “dar no duro”.
A sua escola – embora tenha completado a 4.ª classe – foi o trabalho. No entanto, essa ocupação necessária, não impedia que o Manuel Cristo tivesse tempo para se dedicar a determinados desportos em que era exímio.
No jogo da “cabeçada” – praticado em plena Praia da Alagoa no qual era “mestre” – o Manuel Cristo conseguia cabecear com tal violência que a equipa adversária não tinha tempo de ver passar a bola.
Nos fins de semana, o Manuel Cristo, juntamente com seu irmão Guilherme Alexandre e Jorge Barbosa “Flores”, completavam o trio que foi célebre na apanha de lapas de mergulho.
Na apanha de lapas, o Manuel Cristo era muito conhecido na nossa ilha e não só. Em 1965, integrando a selecção faialense que se deslocou a New Bedford, no aeroporto de Bóston, já se encontravam faialenses à espera das lapas que o Manuel Cristo levara consigo. A saudade de tornar a saborear as mesmas era tanta, que foram ali, no lado de fora da gare do aeroporto, avidamente comidas.
Manuel Cristo da Silva iniciou a sua carreira desportiva no Fayal Sport Club, no ano de 1952, com apenas treze anos de idade. Actuou nas escolas de jogadores até à época de 1956/57. Desde então inscreveu-se como sénior fazendo parte da equipa de honra. Na época de 1958 jogou como defesa esquerdo. No ano seguinte e durante a sua longa carreira de futebolista ocupou, no relvado, o lugar de defesa central e, em último recurso, jogou à baliza.
Era exímio no jogo de cabeça, técnica que aperfeiçoou nas areias da praia da Alagoa nos jogos da “cabeçada”.
Foi Campeão Distrital sete vezes, na década de 1960 e durante esse período participou em seis Torneios de Classificação à Taça de Portugal, tendo sido em 1959, representante dos Açores à Taça de Portugal, deslocando-se à Madeira, onde a “equipa verde” efectuou dois jogos de grande categoria contra o Marítimo, perdendo por 1-0 no primeiro jogo e 3-0 no segundo.
Durante a sua longa carreira futebolística, também praticou atletismo representando o Centro de Recreio Popular da Conceição.
Na época de 1967/68, num treino, o Manuel Cristo fracturou o perónio e o culpado de tal “acidente” foi o “ervado” do piso do estádio.
O Manuel Cristo da Silva foi, durante muitos anos, encarregado de águas da Câmara Municipal da Horta.
Durante 15 anos foi bombeiro voluntário, tendo recebido a medalha de cobre “pela arriscada actuação aquando da remoção de um cadáver que se encontrava na falésia do Monte da Espalamaca”. Esta condecoração foi atribuída pelo Conselho Técnico e Administrativo da Liga dos Bombeiros Portugueses, por proposta do Comandante do Corpo Activo desta Associação, Augusto Goulart Sequeira.
Na sua freguesia de nascimento, Manuel Cristo da Silva muito se dedicou à Paróquia, na qual, devido ao seu empenho e persistência, conseguiu que fosse construído o Passal da Conceição, ao qual foi atribuído o seu nome.
No dia em que recebi esta triste notícia, não posso deixar de manifestar nas páginas do semanário faialense, a minha modesta homenagem a um Homem que, no desempenho das várias actividades profissionais e lúdicas, foi um grande exemplo para todos nós.
Horta, 9 de Agosto de 2022
O amigo de sempre,
João Luís de Oliveira Pereira
