Fonte: Federação das Pescas dos Açores
No passado dia 30 de setembro passou uma reportagem num canal televisivo público, sobre a “pesca ao tubarão”. Nesta mesma reportagem observaram-se vídeos e imagens descontextualizados e registados noutras partes do Mundo, e não nos Açores como dá a entender a repórter. Tubarões puxados para as embarcações, onde alguns são mutilados, esquartejados apenas para serem retiradas as barbatanas, e que posteriormente são devolvidos ao mar ainda vivos. Ademais é referido vezes sem conta que existe pesca ao tubarão em águas açorianas. Apenas uma única vez é mencionado a frase “pesca não dirigida”. Ou seja, o que acontece nos Açores é a captura acessória de espécies de tubarão, aquando da pesca dirigida a outras espécies, como o Espadarte, com palangre de superfície. Para tal, existem quotas anuais para a captura acessória destas espécies de tubarões (Cação, Galeorhinus galeus e Tintureira, Prionace glauca) por forma a manter os níveis sustentáveis destas espécies. Entristece-nos este tipo de reportagem que denigre a pesca nos Açores, a profissão de pescador e todas as medidas implementadas até hoje, com vista à sustentabilidade dos recursos. Como, a criação de uma Portaria em 2019, que proíbe a pesca dirigida aos tubarões nos Açores, a utilização de estralhos de arame (aço) e anzóis direitos dentro das 100 milhas, permitindo só a utilização de anzóis circulares e estralhos de monofilamento na pesca dirigida ao Espadarte. E a proibição pela União Europeia da captura dirigida e acessória das espécies, tubarão Rinquim, tubarão Martelo e tubarão Raposo. O facto de referirem, na reportagem, que a população do tubarão Martelo está a diminuir, não é de todo a pesca açoriana causadora deste efeito.Lembramos que não existe pesca dirigida aos tubarões nos Açores.
A Federação das Pescas dos Açores reforça que a pesca exercida no nosso arquipélago é uma prática cultural, responsável com métodos artesanais, e um sector de atividade que sempre zelou pelo nosso mar e que se preocupa cada vez mais com a sustentabilidade das espécies. Aperfeiçoamos ano após ano os métodos de captura, a implementação de medidas para o setor das pescas através de uma parceria entre pescadores e investigadores que têm em foco a preservação, sustentabilidade das
espécies e uma melhor gestão dos stocks pesqueiros. A prova disso, está na origem do projeto SOS TubaProf, do qual a Federação é parceira, que cria uma rede para estudar a sustentabilidade das capturas acessórias de tubarões de profundidade, adquirindo e transferindo conhecimento sobre seletividade, boas práticas e recolher dados sobre estas espécies, em colaboração entre pescadores e cientistas. Esta parceria teve um grande impacto, pois permitiu informar e sensibilizar diretamente as Associações de pescadores das 9 ilhas dos Açores. Como este projeto, existem tantos outros com os quais fazemos questão de participar.
No início da reportagem, a jornalista refere que aquando do consumo de tintureira, “estão a comer tubarões em risco de extinção”. Ora, numa pequena e rápida pesquisa na página da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), lê-se que a espécie Prionace glauca (Tintureira) encontra-se no nível NT- quase ameaçada, ou seja, muito abaixo do nível de risco de extinção, sendo o último nível EX – extinto. A ausência de uma pesquisa prévia ao tema do qual “trabalhou”, tornou-se numa exposição de desinformação para o público em geral e “manchou” a imagem dos Açores, que tudo tem feito em prol do oceano. Estamos a falar de duas espécies de entre muitas que são utilizadas na alimentação Humana, onde o ser Humano retira alimento e proteína para a sua alimentação.
Sobre as empresas praticam o finning (remoção das barbatanas de tubarão) desperdiçando o cadáver, devolvendo o animal vivo ao mar depois de retirar as barbatanas, é uma prática proibida nos Açores, em Portugal e na União Europeia desde junho de 2013.
Por último, não admitimos que a pesca dos Açores seja agregada com a pesca praticada por outras frotas, definitivamente não é a nossa pesca e não nos diz respeito.