Ministério castiga professsores açorianos

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A prova de avaliação de conhecimentos e capacidades, que o Ministério da Educação (ME) vai realizar no dia 18 de dezembro, tem sofrido contestação em todo o país, com bastante visibilidade nos meios de comunicação. O que não tem sido tão divulgado é a situação de injustiça que atinge os professores que ficam distantes dos centros da realização da prova, com especial incidência para os professores dos Açores que são severamente castigados. Quem pretender continuar a lecionar na Região, não necessita de realizar provas, por deliberação do Governo Regional, mas quem quiser no futuro concorrer a escolas do Continente, terá que a efetuar. 

Por decisão do ME, a prova terá lugar no Faial, na Terceira e em São Miguel com uma curiosa justificação: para que seja possível inspecionar o decorrer da prova, de forma a assegurar a credibilidade do processo, garantindo equidade e transparência.

A primeira evidência que salta à vista é o desrespeito que o Ministério tem pelos seus professores, pois não lhes reconhece idoneidade para fazerem a vigilância às provas dos colegas, nas ilhas onde exercem a profissão. Mas se acontecer que nas três ilhas referidas a vigilância for efetuada por professor locais, mais iniqua se torna a decisão, pois não se entende a razão por que uns são credenciados e outros não.

As trapaças deste Ministério em relação a esta prova revelam uma enorme insensibilidade e falta de respeito para com os nossos professores, pois não podemos dizer que o Ministério desconhece a realidade insular: tanto quanto sei, o senhor ministro Nuno Crato foi professor na Universidade dos Açores. 

Para a realização desta prova, os professores terão que pagar os custos da viagem aérea, o alojamento na ilha de destino, porque as ligações não permitem uma ida e volta no mesmo dia, além das refeições e os 20 euros para poderem realizá-la. Se tudo correr bem, terão que faltar três dias à escola, mas se o tempo não estiver de feição ninguém será capaz de prever quantos dias mais ficarão ausentes.

Mas estes custos, para a realização da primeira prova global repetem-se com a realização de outras provas específicas, consoante o número de grupos de recrutamento para os quais se podem candidatar. Ou seja, a prestação destas provas acarretará uma despesa de algumas centenas de euros a cada professor.

Tendo em conta a data da realização da prova, coincidindo com o final do 1º período, os professores serão obrigados a faltar às reuniões, prejudicando a avaliação dos alunos, e não está prevista justificação legal para estas situações.

Na reunião que o secretário de Estado teve com o secretário e a diretora regional da Educação estes e outros problemas foram apresentados, mas nada o demoveu das posições que havia tomado.

O Partido Socialista, consciente de todos estes problemas, apresentou na Assembleia da República um pedido de audição urgente ao senhor Ministro da Educação para que estas e outras situações de injustiça sejam analisadas na Comissão de Educação.

Esperemos que o senhor ministro reconheça as razões que assistem aos professores. Ninguém se recusa a ser avaliado. O que os professores consideram é que esta não é uma avaliação que produza efeitos na melhoria do sistema educativo; o que consideram é que esta é uma prova humilhante para avaliar docentes que já o são há mais de uma dezena de anos; o que consideram é que esta mais parece uma prova para afastá-los do ensino do que integrá-los. 

Enfim, critérios altamente reprováveis e que vão custar caro ao país. As poupanças que o ministro pensa arrecadar agora pagarão juros bem elevados no futuro. 

 

 

 

 

 

 

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