O Faial e a Coesão

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 Acabei o último artigo questionando qual era o posicionamento do Faial no âmbito dos sistemas de incentivos, se esta ferramenta de desenvolvimento económico estaria a dar os resultados pretendidos, isto é, o aumento da nossa riqueza, mais produção de bens e serviços, mais emprego, um sector privado dinâmico, sustentável e autónomo, em suma, se o Faial está a dar o melhor contributo para que a Região deixe de ser uma das mais pobres.

Importa saber se o Faial está maximizado com esta política, se caminhamos para a riqueza ou, pelo contrário, se não estamos a encontrar o norte e a divergir, ou mesmo se pendemos para a estagnação.

Um factor primordial para convergir e criar riqueza são os sistemas de incentivos, que atualmente têm uma configuração que requer uma análise.

Verifica-se que os sistemas deram uma pedrada no charco, pois pela primeira vez reconhecem que as micro economias de ilhas com ritmos distintos e contingências particulares necessitam de incentivos diferenciados, tendo-se introduzido uma diferenciação pela positiva para as chamadas ilhas da coesão.

Assim, há, e muito bem, majorações nas subvenções e na prioridade aos projectos de investimentos oriundos de Santa Maria, Graciosa, São Jorge, Flores e Corvo.

Quer isto dizer que o Faial está, desde já, num cenário regional algo particular, pois encontra-se num patamar de maior exigência, a par de São Miguel (com quase 10 vezes a nossa população), da Terceira (com 4 vezes a população do Faial) e do Pico.

Registe-se que o Pico, cuja densidade e dispersão populacional dificulta o crescimento económico, e considerando que não tem conseguido crescer, tem tido por parte dos agentes políticos uma atenção digna de muitas ilhas de coesão juntas.

Considero que, perante este cenário, o Faial se encontra no limbo dos sistemas de incentivos, pois não é da coesão e está no tabuleiro de jogo perante São Miguel e Terceira, com ritmos de desenvolvimento muito distintos do do Faial.

Deste modo, e acrescido o facto do Faial não ter ninguém neste governo regional para fazer uma análise rigorosa e defender que somos capazes de crescer, de ser sustentáveis, de sair deste patamar de desenvolvimento pela positiva, o Faial tem sido votado ao abandono.

Os casos estão à vista de todos. A título de exemplo, o governo além-mar investe no termalismo e aluga aos privados, aqui, para o Varadouro, os privados que invistam; nas ilhas com governantes apoia campos de golfe, aqui culpabiliza a incapacidade do investidor; faz uma placa de estacionamento no aeroporto de São Miguel, cujo impacto de crescimento económico é nulo, e que dava para ampliar a pista do aeroporto da Horta, com impacto significativo, para além da segurança, no desenvolvimento do Faial. Apoia o encerramento de uma conserveira na Horta, dá 11 milhões de euros de subvenção a uma empresa de transportes marítimos para transportar 100 000 passageiros, enquanto que à empresa que opera no Triângulo, transportando 400 000 passageiros, apenas 1,7 milhões de euros de apoio…

O único contrapeso do prato da balança é a obra do Porto, mas que mesmo assim é criticável, primeiro pela prioridade, segundo pela dimensão e, por último, pelo desconhecimento do projecto global e continuação da sua execução como projecto único (só faz sentido ser assim).

Em suma, no que se refere ao crescimento pelos sistemas de incentivos, o Faial está estagnado, os maiores já lá vão, desde o investimento da cooperativa de lacticínios já se passaram muitos anos, o último hotel foi construído há 5 anos, estando o Faial entregue aos empresários locais e limitado a projectos à dimensão destes. A agência de promoção dos investimentos dos Açores não tem o Faial no mapa, a empresa Ilhas de Valor idem e, assim, sem as sinergias nem sinais de projectos âncora, muitos nem se aventuram, pois os empresários faialenses não sentem estímulos conjunturais, ao verem este abandono fácil. É, assim, urgente alterar este estado de coisas, a bem do Faial!

Aproveito para desejar aos leitores do Tribunas das Ilhas umas Boas Festas!

                                                                             [email protected]

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