Com música e sons do mar, há também um homem que fala de uma gaivota, há frases em várias línguas, há baleias e tubarões, há golfinhos, tartarugas, mantas, cavalas, até medusas e ctenóforos. E há um pescador que se ouve a dizer: “já não me sinto bem a matar o peixe”.
Tudo pela mão de Maya Almeida, a artista portuguesa que vive em Londres há mais de duas décadas e que teve com ela a concretizar o projeto 11 equipas de filmagens.
Maya Almeida é bióloga e especializou-se em medicina tropical mas faz mergulho em apneia desde criança e foi atleta (representou o Benfica em competições europeias de natação), paixões que não suplantam as que tem pela fotografia e pela dança (fez ballet durante alguns anos).
Alguns dos planos debaixo de água que se veem na exposição foram por ela filmados, e foi a própria artista quem fez todos os testes, antes de as equipas começarem as filmagens.
“Faço a parte toda técnica e 90% das vezes estive na água com as equipas, mas não pegava sempre nas máquinas”, diz aos jornalistas.
Experiente em fotografia subaquática (incluindo dança subaquática) a artista diz que nas filmagens houve uma aproximação aos peixes diferente do habitual e que com as baleias as equipas nunca se aproximaram, mas antes esperaram que elas se aproximassem.
As equipas estiveram cinco meses no mar, filmando desde baleias a micro-organismos, falando com pessoas ligadas ao mar, gravando as “ondas dantescas” da Nazaré ou a natureza pura do grupo central dos Açores.
E depois foi o trabalho técnico. Conta Maya que inclusivamente foi usada inteligência artificial, que todo o sistema de som foi recriado num armazém em Londres e que foi lá também que se fez “o trabalho de cor”. Porque para projetar imagens de grande tamanho em 10 ecrãs em simultâneo “é preciso adaptar muito”.
Contas feitas, o projeto de Maya demorou dois anos a concretizar, e resultou, nas palavras da artista, num “projeto que gera emoções”.
“Espero que seja uma obra que toque as pessoas, que cada um tenha uma viagem pessoal. Não conhecia o meu país antes deste projeto, descobri a beleza do mar português, um mar que une as pessoas do mundo inteiro”, disse.