Perplexidades

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1 As estruturas locais do Partido Socialista e do Partido Social-Democrata travaram-se de razões por causa do novo modelo de transportes aéreos nos Açores e da consequente redução do número de voos de Lisboa para o Aeroporto da Horta.

Num assunto que exigia unanimidade e que todos estivessem ao lado dos interesses do Faial, falou mais alto a fidelidade partidária.

No Conselho de Ilha do Faial conseguimos uma salutar e exemplar unanimidade.

Eu próprio sugeri e realcei a um colega do PS a importância de se encontrar neste assunto uma ampla plataforma de entendimento, consenso e unidade.

A impensável votação do PS na Assembleia Municipal sobre este assunto arrasou qualquer possibilidade de haver no Faial uma verdadeira, consistente e unida frente de defesa dos nossos interesses nesta matéria.

E o que maior perplexidade me causa é a fragilidade da argumentação que, depois do Conselho de Ilha de março passado, o PS passou a privilegiar, criticando apenas a privatização da TAP e o Governo da República por essa privatização. 

Não sabe o PS do Faial que foi o governo do PS de José Sócrates um grande defensor e impulsionador da privatização da TAP? Não sabe o PS do Faial que foi o governo do PS de José Sócrates que colocou no Memorando de Entendimento com a Troika a venda da TAP “até ao final de 2011”?

Por outro lado, o PS do Faial acusa os outros de inação, de que não conseguiram nada junto do Governo da República quanto à questão do abandono da rota da Horta pela TAP.

É verdade! O PSD do Faial não conseguiu ser ouvido nem a sua posição foi tida em conta! Mas, o PS do Faial, que faz tal acusação, conseguiu ser ouvido pelo Governo Regional e pela SATA? Conseguiu deles que a Horta mantivesse o mesmo número de voos semanais que nos anos anteriores tinha com Lisboa? Obviamente, também não o conseguiu!

A grande diferença é que enquanto o PSD do Faial denunciou e criticou as opções dos dois governos e da TAP e da SATA, o PS do Faial, depois do Conselho de Ilha de março passado, só critica o Governo da República e a TAP. Porquê?

Todos o sabemos e não é preciso explicar!

Fica o Faial a perder. Mais uma vez!

 

2 Apesar de vivermos na região onde os responsáveis governativos se vangloriam de superavits (mas não pagam atempadamente aos fornecedores e estão a lançar o setor público empresarial regional para o abismo, como numa próxima crónica ilustraremos), a verdade é que a recente aprovação da descida de impostos (para alguns) nos Açores, teve uma contrapartida na redução do investimento público das várias ilhas dos Açores, coisa que o tal superavit, se existisse de facto, poderia muito bem ter dispensado…

Esses cortes também se verificaram no investimento previsto para o Faial. Por exemplo, cortaram-se 50 mil euros no apoio à tripolaridade da Universidade dos Açores. O Museu dos Cabos Submarinos viu a sua dotação reduzida de 50 mil euros para cerca de 19 mil euros; a recuperação das igrejas do Carmo e de S. Francisco foi cortada de 5 mil euros para 100 euros e as obras no Museu da Horta foram reduzidas de cerca de 24 mil euros para 500 euros!

Estes cortes são bem reveladores das muitas e muitas promessas feitas aos Faialenses em 2012 pelo PS e que vão ficar pelo caminho. Ou melhor: para o ano, nas vésperas das eleições, vão ser todas renovadas com as estafadas promessas de que “agora é que vai ser” e com a apresentação de projetos e lançamento de concursos para fases que se vão eternizar. Mas isso serão os Faialenses a avaliar e a julgar se querem ou não continuar a ser enganados.

O que para mim é uma perplexidade é que, enquanto se cortaram verbas um pouco por todas as ilhas, na alteração ao Orçamento para 2015, há, porém, reforços enigmáticos, mas cheios de significado. Um deles é atribuição de mais 672 mil euros para o Centro de Artes Contemporâneas da Ribeira Grande, um verdadeiro elefante branco criado pela vaidade de uns quantos e que será (já é!) um sorvedouro de dinheiros públicos. Esse Centro, ainda nestes dias, em profusa publicidade nalguns órgãos de comunicação social da Região, para “comemorar” (?) a abertura da sua primeira exposição, trouxe de Lisboa fadistas e ofereceu concertos grátis, certamente para daqui a seis meses haver uma conferencia de imprensa de alguém do governo a dizer que o dito cujo é um sucesso e já foi visitado por milhares de pessoas…

É muito fácil gastar assim o dinheiro que não é nosso!

Pobres das gerações vindouras que terão de arcar com os custos de tais devaneios e megalomanias!

E pobres daqueles que ficam sem o essencial para se alimentar essas vaidades!

22.05.2015

 

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