Turismo – A Defesa do Património e Ambiente

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 O turismo, para ser bem sucedido em qualquer região, está inevitavelmente ligado ao património, à cultura de um povo e ao seu ambiente.

Quer o património, quer o ambiente são, independentemente da sua propriedade, na sua essência, bens públicos, pelo que a responsabilidade da sua manutenção recai sobre a Região.

Deste modo, quando alguém, público ou privado, investe em ambiente ou recupera património arquitectónico todos beneficiam, e com a particularidade de o investidor poder vir a não ter recompensa pelo seu investimento.

Desde já chegamos a duas conclusões óbvias, que todos beneficiam com o esforço de investimento no património e no ambiente e que, duma forma directa ou indirecta, o sector público deve financiá-lo, na totalidade ou parcialmente.

No panorama regional, são diversas as secretarias governamentais que possuem património, que anualmente conservam e investem e, embora não seja com uma afectação percentual elevada, de alguma forma vão respondendo à imensa tarefa que constitui a manutenção e recuperação do património regional. Na ilha do Faial, destaca-se a recuperação do edifício da actual biblioteca e a reabilitação do complexo junto do Porto Pim.

Os privados e público-privados não têm ficado atrás, a recuperação do Palacete de Santana pela Santa Casa da Misericórdia da Horta, as novas instalações do DOP no antigo Hospital Walter Bensaúde, a reconstrução das igrejas por parte da diocese, são disso bons exemplos, mas denota-se uma dependência de dinheiros públicos para a sua realização, facto que necessita de ser alvo de reflexão. Dos porquês dos privados não investirem, como supostamente “deviam”, na sua ilha, tratarei em artigo futuro.

Mas nem tudo são rosas, a parte pública tem cometido erros, o mais grave é ser corresponsável pela desertificação das baixas urbanas, como acontece na Horta, que tem mais de 100 prédios muito degradados e apoia a habitação em betão novo, sem qualquer característica patrimonial, em terrenos fora do tecido urbano, que tem vindo a desertificar-se.

Concorrem para este facto a emigração, a falta de entendimento em questões de partilhas e heranças, as dificuldades económicas de muitos proprietários, as exigências e aspirações actuais de outros em termos de habitação, a facilidade crédito e a pouca atratividade do centro urbano, pelo que se assiste à preferência das novas gerações por uma habitação moderna nas zonas limítrofes da cidade.

No que toca à componente privada empresarial, o Faial sofreu um rude golpe com a desactivação da fábrica da COFACO, (na qual o governo teve responsabilidades), deixando ao abandono milhares de metros quadrados, numa zona nobre. Quiçá o balanço da recuperação feita nos últimos anos não supera esta perda, se tivermos em conta a área.

Ao nível legislativo, as autarquias têm poderes para actuar em património degradado reabilitando-o. A nossa autarquia é sócia de uma empresa que tem esse objecto social há alguns anos, apenas isso. Adquiriu o edifício do Banco de Portugal, onde eram feitas algumas exposições sem custos para o público que as pretendia ver, agora pagamos todos e temos uma actividade semelhante, assim o impacto arquitectónico foi nulo e resultou em mais uma dívida para a autarquia.

A recuperação do património para a atividade museológica é, sem dúvida, outra área em que a Horta está a apostar, porque tem efetivamente história, mas também porque neste âmbito muito há ainda a fazer.

A Casa Arriaga, o museu dos Dabney, o museu do Porto, o dos cabos submarinos, o da baleação são projectos que, ao concretizarem-se, vêm valorizar o nosso património e dar mais qualidade arquitectónica à nossa cidade, aumentando a oferta à disposição do nosso turista.

Carecem, todavia, de reflexão algumas questões. Se é indiscutível a importância da valorização do nosso património, sobretudo na fase de desenvolvimento embrionário em que nos encontramos neste âmbito, há que não perder de vista a necessidade de criar oportunidades de emprego nas áreas em que os nossos jovens se estão a formar, assim como a premência de incrementar os investimentos reprodutivos na ilha do Faial.

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