Um tal Senhor do Hotel Caravelas

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As férias de verão fazem parte do quotidiano de muitos portugueses, seja para visitar as bonitas ilhas açorianas, seja para ir à praia ou, simplesmente, para relaxar num qualquer recanto do nosso país. São, pois, um instrumento fundamental para que as pessoas possam retemperar forças, de modo a enfrentar um novo período da sua atividade profissional.
E foi precisamente esse período de férias que me possibilitou dar conta de um episódio triste, por mim até considerado humilhante para a ilha do Faial, provindo de um senhor que se intitulou como responsável pelo Hotel Caravelas, da ilha do Pico.
Passo a explicar: na passada segunda-feira, viajava de carro no continente português, com o rádio ligado na RFM, quando, por volta das 20 horas, ouvi os locutores dessa estação falar acerca das regras que tiveram que cumprir para viajar para a Região Autónoma dos Açores, a qual, devido a tal facto, é hoje considerada destino seguro.
Logo, de seguida, um dos radialistas disse que se encontrava na ilha do Pico, mais concretamente, junto à piscina do Hotel Caravelas, na Madalena, com uma vista magnífica sobre os Ilhéus Deitado e Em Pé e que com ele tinha o responsável pelo referido hotel.
Pensei para comigo, excelente momento de promoção dos Açores e da ilha do Pico em Portugal continental.
Uma rádio, de âmbito nacional, escutada por milhares de pessoas, a emitir em horário nobre diretamente da ilha Montanha, vale mais do que mil campanhas para o setor do turismo regional e é motivo de regozijo de qualquer açoriano.
Depois das apresentações e de se saber que no dia 26 de agosto a RFM estaria na ilha do Faial, o locutor desta importante rádio nacional perguntou ao senhor responsável pelo Hotel Caravelas se sabia como é que os picoenses chamavam aquela ilha lá ao fundo.
Com sorrisos de ambas as partes, o tal senhor, em tom jocoso, na transmissão em direto, tem o descaramento de dizer aos microfones da RFM que os picoenses chamam aquela ilha de “Ilhéu Iluminado”.
Referia-se, obviamente, à ilha do Faial.
Fiquei perplexo. Olhei para a minha filha e ambos arregalámos os olhos, furiosos, dando a entender que era mau de mais aquilo que tínhamos acabado de ouvir.
Como é possível que alguém – responsável pelo único hotel da ilha do Pico – interveniente no turismo açoriano, diga, em plena rádio nacional, com milhares à escuta, que a ilha do Faial é um ilhéu iluminado?
Como se a ilha do Faial fosse um satélite da ilha do Pico, um ponto no horizonte, sem vida, deserto. Com esta sua declaração, este senhor, que não fixei o nome, pura e simplesmente, envergonhou os açorianos, desprezou e rebaixou o Faial e atentou contra a dignidade dos faialenses.
Percebi, pela continuação da conversa, que o tal senhor achou a sua resposta adequada, já que em nenhum momento se retratou.
Foi, no meu entender, uma afirmação muito grave e prejudicial para a ilha do Faial, que merece ser repudiada, não só pelos nossos governantes, mas também pelos diversos setores da sociedade, particularmente aquele que lida diariamente com o turismo e que poderá sentir “na pele” os efeitos negativos dessa afirmação.
Importa fazer ver a esse senhor do Hotel Caravelas que não vale tudo, especialmente quando estamos a ser ouvidos por milhares de pessoas, como foi o caso.
Tantas vezes se tem propalado o Triângulo – Faial, Pico e São Jorge – como um produto turístico de excelência, que o surgir, num momento delicado como este, onde o turista escasseia, esse tipo de afirmações é comprometer a imagem da ilha do Faial no exterior e o trabalho que ao longo dos anos tem sido desenvolvido em prol da promoção da nossa ilha.

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