ACERCA DOS RESULTADOS ELEITORAIS

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1. Os resultados das eleições do passado domingo nos Açores são claros:
a) O PS, a nível regional, ganhou com facilidade, mantendo a maioria absoluta. Os socialistas perderam votos e até um deputado, mas, apesar disso, não deixaram de ter uma vitória folgada e podem governar com maioria absoluta, sem depender de acordos com a oposição.
b) O PSD mantém-se na fasquia da representação de cerca de 30% do eleitorado dos Açores e não atingiu o seu objetivo de conseguir uma “maioria expressiva”. Perdeu votos e perdeu um deputado, em comparação com as últimas eleições.
c) PS e PSD continuam a dominar eleitoralmente a Região (com 49 dos 57 deputados), mas perderam em conjunto mais de 16 mil votos (PS perdeu cerca de 9.500 votos e o PSD perdeu cerca de 6.700 em relação a 2012), o que não deixa de ter significado.
d) CDS-PP, Bloco de Esquerda e CDU subiram em votos, mas os comunistas acabaram por perder um deputado nas contas do círculo de compensação. O Bloco foi quem mais subiu e o CDS também cresceu a todos os níveis, tendo os dois razões para celebrar.
e) A abstenção atingiu um recorde preocupante e que nos envergonha. Mais de 59% dos eleitores não foram votar, o que constitui mais uma subida enorme, já que há quatro anos tinha sido de 52%.
2. Os resultados das eleições no que ao círculo do Faial dizem respeito são também claros:
a) O PSD venceu categoricamente subindo de 37,4% em 2012 para 41,1% dos votantes agora. Apesar de só ter crescido 66 votos relativamente às últimas eleições, a verdade é que fixou o seu eleitorado e beneficiou da grande diminuição da votação no PS.
b) O PS perdeu em toda a linha, diminuindo a sua percentagem eleitoral de 43,4% para 32,5%, perdendo 919 votos e ficando a cerca de centena e meia de votos de não conseguir eleger o seu segundo candidato.
c) O CDS-PP e BE registaram subidas muito significativas, aumentando o CDS 227 votos e o BE 265 votos em relação a 2012.
d) A CDU perdeu em votos (de 363 em 2012 para 299 agora) e em percentagem (reduzindo o seu eleitorado de 5,1% para 4,5%).
e) A abstenção aumentou cerca de 3%, passando dos 46,5% em 2012 para 49,6% agora, o que, apesar de não ser um número aceitável, coloca-nos, mesmo assim, longe da média regional.
3. Alinhavemos então algumas inevitáveis leituras dos números apresentados e dos resultados eleitorais no Faial:
a) A primeira, e mais imediata, é a evidente penalização do PS, do seu Governo e dos seus candidatos por parte do eleitorado do Faial, cansado de ser defraudado por vinte anos de muitas promessas sucessivamente não cumpridas ou cumpridas pela metade e no dobro do tempo. De entre esses incumprimentos flagrantes avultou, nesta campanha, a questão da ampliação da pista do aeroporto, trazida à baila por um grupo de cidadãos sem filiação partidária. O atual PS do Faial nunca foi capaz nem de exigir o cumprimento da promessa de Carlos César em 2004, nem sequer de manter as suas posições anteriores em defesa da ampliação da pista. Refugiou-se em generalidades vazias e trocou, mais uma vez, os interesses da sua ilha pela opção clara de Vasco Cordeiro de que essa promessa não é para cumprir. O resultado eleitoral comprova o erro de tal posição.
Mas a situação calamitosa das nossas estradas, o cancelamento da segunda fase da Variante, o tratamento discriminatório dado ao Faial no investimento das Termas do Varadouro e do Estádio Mário Lino, o abandono dos nossos setores produtivos, a mistificação da obra do Porto, a desqualificação do nosso Hospital, entre muitas outras razões de queixa, foram também determinantes para o desencanto e frustração de muitos eleitores, traduzidos no resultado eleitoral.
b) Houve também uma forte penalização à forma de atuação política dos deputados do PS, recandidatos nestas eleições, que se mantiveram sempre numa posição de permanente defesa do partido e do governo, mesmo quando estavam em causa os superiores interesses da população do Faial. A forma como lidaram com o problema do mau serviço que a SATA Internacional vem prestando a esta ilha, mais patente desde que opera sozinha, foi revelador dessa incompreensível subserviência.
c) O eleitorado do Faial, desde há 20 anos sempre fiel ao PS (com uma exceção, em 2004) nunca foi devidamente tido em consideração pelos sucessivos governos regionais que não só reduziram aos mínimos o lugar do Faial no contexto regional, como deixaram cair a ilha para os patamares de desenvolvimento das chamadas “ilhas de coesão”. O resultado do passado domingo mostra bem que as pessoas se cansaram de ver o Faial sempre para trás.
d) A maioria dos eleitores do Faial penalizou também a reiterada prática de manipulação das pessoas e da sua inteligência por parte do poder regional, que se lançou, novamente, nos últimos meses, num frenesim de lançamento de obras, “primeiras pedras”, anúncios de projetos e de concursos, mais uma vez para fazer de conta que estava a cumprir agora aquilo que se tinha comprometido a fazer nos quatro anos anteriores. Desta vez, as pessoas no Faial disseram basta!
e) A maioria do eleitorado do Faial penalizou ainda a postura do poder e dos seus representantes nesta ilha, de insensibilidade e sobranceria perante algumas das nossas reivindicações coletivas. A forma como o PS do Faial lidou com a grande manifestação realizada em setembro passado, foi bem sintomática não só da insensibilidade e afastamento daquilo que é realmente sentido pelas populações, mas também da sua submissão completa ao governo e ao partido.
f) A nova Assembleia, pela forma como passou a ser constituída, encerra muitas potencialidades e acrescidas responsabilidades para os deputados do PS eleitos pelo Faial. Com efeito, em assuntos de interesse para esta ilha, se toda a oposição estiver unida, o voto favorável dos dois deputados do PS do Faial dará origem a uma maioria que aprovará essas eventuais iniciativas. Deles estará, portanto, dependente a aprovação ou o chumbo de muito daquilo que o Parlamento vier a decidir para o Faial!
Aguardemos aquilo que irão fazer…

17.10.2016

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