Alunos da Escola do Capelo e Praia do Norte premiados pela sua criatividade

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No passado dia 17 de novembro, a Escola do Capelo e da Praia do Norte com o apoio das respetivas Juntas de Freguesia e da EBI da Horta lançaram uma coletânea com os quatro contos premiadas no concurso “Palavras com Histórias” promovido pela Rede Regional de Bibliotecas Escolares

Decorreu no passado dia 17 de novembro, Dia Mundial da Criatividade, o lançamento da coletânea As flores e o mundo. Esta é composta por contos de três alunos da EB1/JI do Capelo e Praia do Norte premiados com os três primeiros lugares no concurso “Palavras com Histórias” promovido pela Rede Regional de Bibliotecas Escolares no Escalão do 3º e 4º ano, no ano letivo de 2016/2017.
O primeiro lugar pertence a Letícia Medeiros com o conto “Regar as Flores”, o segundo a Alexandre Faria com a narrativa “A Adriana” e a terceira premiada foi Inês Felipe com a história “A Leonor”.
Juntamente com estes três contos está também o conto premiado com o terceiro lugar no mesmo concurso, mas no escalão do segundo ciclo, de Pedro Castro, aluno da Escola Básica e Integrada da Horta. A obra inclui um prefácio da autoria de Maria Humberta Matos, escritora, que já conhecia os alunos e que os incentivou à escrita e à leitura.
Para além destes autores, vários alunos da escola do Capelo e Praia do Norte ajudaram à ilustração da coletânea com os seus desenhos.
A primeira oradora da noite foi Maria Humberta Matos que salientou a importância deste tipo de concursos para as crianças, tal como a publicação deste livro, frisando que “decerto irá ajudar as crianças a pensar em assuntos importantes como a natureza, o ambiente, a preservação das espécies, a aceitação da diferença, o valor da amizade, a generosidade, a justiça”.
A autora do prefácio congratulou ainda os pequenos escritores e deixou-lhes palavras de encorajamento para as suas vidas.
De seguida, tomou a palavra o professor Nelson Soares que foi o grande impulsionador da leitura e da escrita nos alunos do 3º e 4º ano da EB1/JI do Capelo e Praia do Norte. Desde do início do passado ano letivo que o professor realizou trabalhos de escrita e de correção de erros, arranjado também diversas oportunidades de leitura para as crianças.
Nelson Soares revelou que durante o decorrer do ano letivo e aquando da leitura dos textos dos seus alunos foi-se apercebendo de alguns dos seus medos e enseios pelo que pediu que se exprimissem através da escrita e tentou também ser um orientador e “educá-los para os valores cívicos e morais que eles vão precisar para a sua vida adulta”.
Cada aluno teve depois a oportunidade de ler o seu texto para os presentes, exceto o Alexandre que por motivos de doença não pôde estar presente. No entanto, o seu conto foi lido pela sua colega Inês.
O Pedro Castro faz-nos refletir sobre as coisas pequenas, mas que são de grande importância através do pesadelo da abelha Margarida.
Na sua história, Inês Filipe alerta para a preservação das espécies e defende que não podemos depender dos outros para tudo e devemos ser nós próprios a ser os primeiros a tentar resolver os nossos problemas.
O espírito crítico do Alexandre Faria levou-o a correlacionar o facto de o Homem apanhar flores para satisfazer uma cultura de as oferecer ou de servirem para enfeitar espaços devido à sua beleza num tempo em que a ordem do dia é a preservação da natureza.
Por sua vez, a Letícia baseou-se na sua própria história de vida e no seu problema de pele e apelou às pessoas para que não avaliem as pessoas pelo seu aspeto e lhes dêem a oportunidade de se dar a conhecer e mostrar como são realmente.
Devido à inspiração da Letícia, a sua mãe, Sílvia Medeiros, partilhou algumas das dificuldades da vida da sua filha que nasceu com Ictitose Lamelar.
Sílvia Medeiros revelou que “as pétalas daquela bonita flor que murcham e caem simbolizam a sua doença. A necessidade de se afastar das outras flores e de estar sozinha para refletir o medo, a falta de coragem, a sua fragilidade e a necessidade de se afastar dos outros para tomar de novo forças para enfrentar a realidade da vida devido às ofensas que lhe fazem”.
A mãe da Letícia descreveu-a com “uma criança muito simples e de grande coração” com “muita bondade e amor para dar, bem como uma grande capacidade de perdão”, realçando que “a Letícia é para mim uma das mais belas flores do meu jardim.”
Sílvia e o marido trabalharam muito para que não falte nada às duas filhas, mas “ter uma criança com Ictitose Lamelar é muito dispendioso. Os cremes da Letícia não são comparticipados pelo estado pois são considerados produtos de beleza. Mensalmente gasto entre 200 a 400 euros por mês, o que equivale à renda de uma casa”, explicou.
Contudo as despesas não ficam por aqui. Para além da prestação da casa e a despesa nas farmácias, tem “muitos mais gastos com água e luz porque a Letícia precisa de tomar banho todos os dias para fazer a esfoliação” sublinhou.
A Letícia “tem de estar cerca de vinte minutos na água com bicarbonato para facilitar a mesma, passando-se novamente pelo duche. A sua roupa tem de ser lavada com uma temperatura elevada e seca diariamente na máquina de secar devido ao nosso clima húmido”, sustentou Sílvia Medeiros.
No entanto, apresentou-se agradecida pela família unida que tem e por estar rodeada de pessoas dispostas a ajudar, nomeadamente os seus pais, os professores e auxiliares e da Escola do Capelo e Praia do Norte e os colegas da Letícia que “sempre a apoiaram e não tiveram medo nenhum em ser amigos e aceitando a Letícia tal como ela é”.
Também presente no evento esteve o vereador da Câmara Municipal da Horta, Filipe Menezes, que relembrou que o lema do Dia Mundial da Criatividade é “libertar a imaginação e inventar” e que “vivendo num mundo tão tecnológico é importante resgatar os velhos hábitos e apresentar às crianças as diversas formas de leitura”.
“Numa altura em que o potencial criativo está em todas as pessoas e é um meio de resolução de problemas, de descoberta de novas soluções, da exploração das capacidades da mente humana e de libertação de imaginação parece pertinente e importante promover este tipo de iniciativas, sobretudo quando são protagonizadas pelas nossas crianças”, afirmou.
Teve também a palavra Luís Garcia, Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, que salientou que “ler, escrever e interpretar bem a nossa língua é a mais básica e a mais importante ferramenta para o sucesso do percurso escolar de qualquer estudante, mas também para o sucesso das suas vidas pessoais e profissionais”.
O Vice-presidente enumerou também os objetivos do lançamento desta coletânea que são valorizar as pequenas escolas e os trabalhos realizados nas zonas rurais e “iniciativa apoiar, sensibilizar e divulgar o problema de saúde da Letícia”.
Para Luís Garcia, “o caso da Letícia é mais um exemplo de quanto o estado ainda tem de dar muitos passos para não deixar ninguém sem apoio e muito menos uma menina como a Letícia. Mas não nos devemos conformar com isso, nem aceitar como justificação que são casos raros e poucos. Devemos todos insistir e perseguir essa luta para que quem sofre deste problema ou outros semelhantes possa ser justamente apoiado nas suas necessidades”.
Todas as entidades e oradores demonstraram o seu orgulho nestas quatro crianças que utilizaram a palavra escrita para se expressar e deram-lhes os parabéns pelas vitórias alcançadas.
No final da sessão as pessoas presentes puderam levar uma cópia da coletânea autografadas pelos nossos escritores e tiveram ainda a possibilidade de fazer um donativo para ajudar com os cremes da Letícia.

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