Ana Luís, primeira candidata do PS pelo Faial às legislativas regionais: “Tenciono aceitar todos os desafios que me forem propostos”

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Sob o mote “renovar com confiança”, o PS/Açores apresenta-se às legislativas de Outubro sem o seu líder dos últimos anos, mas com um dos seus grandes seguidores em seu lugar. A renovação que levou Vasco Cordeiro a substituir Carlos César à frente dos socialistas para este embate eleitoral levou a economista Ana Luís, de 36 anos, à liderança da lista rosa pelo círculo eleitoral do Faial. 

Deputada na Assembleia Municipal da Horta e presidente do Conselho de Administração da Sociedade de Promoção e Reabilitação de Habitação e Infraestruturas (SPRHI), Ana Luís não é nova nestas andanças, já que, em 2008, ocupou o terceiro lugar da lista socialista, tendo mesmo alcançado o lugar de deputada regional após a desistência de Fernando Menezes, então primeiro candidato do PS/Faial. A economista não chegou, no entanto, a aquecer o lugar no hemiciclo, já que foi então nomeada para o Conselho de Administração da SPRHI.

Tribuna das Ilhas entrevistou a candidata socialista, que diz pretender defender as famílias, as empresas e as freguesias faialenses na Casa da Autonomia. Na actual conjuntura económica, Ana Luís entende que há investimento públicos para o Faial que têm de ser feitos, aconteça o que acontecer, nem que para tal tenham de ser faseados. A esse respeito, vê com naturalidade um hipotético desdobramento da segunda fase da obra de requalificação do porto da Horta .

O que a levou a encabeçar a lista do PS pelo Faial?

Foi um desafio. Desde que terminei os estudos e que vivo no Faial tem sido sempre minha intenção contribuir para o desenvolvimento da ilha e entendi que este projecto reunia condições para tal.

 

Se for eleita tenciona ocupar o lugar de deputada na Assembleia Regional?

Se for eleita, tenciono aceitar todos os desafios que me forem propostos, nomeadamente assumir o meu lugar como deputada.

 

Isso significa que chegou ao fim o seu trabalho na SPRHI?

Foi um projecto que eu abracei, a partir de um convite que me foi feito há 4 anos, e que muito me honrou. A SPRHI tem uma dimensão regional muito importante e honrou-me o facto de ter sido escolhida para encabeçar este projecto. É uma fase que termina, outra começará.

 

Na legislatura anterior, os deputados que efectivamente ocuparam essa função acabaram por ser os candidatos em quarto e sexto lugar na lista que o PS/Faial apresentou a sufrágio. Se alguns dos candidatos dos lugares cimeiros da lista não exerceram essas funções para estarem associados a outro tipo de actividade ligada à Administração Regional, como foi o seu caso, ao ingressar o Conselho de Administração de uma empresa pública, ou o de João Bettencourt, que assumiu uma Direcção Regional, também é certo que os dois primeiros candidatos socialistas em 2008 deixaram o Parlamento por razões pessoais, primeiro Fernando Menezes e depois Hélder Silva. Acha que os eleitores faialenses têm razões para se sentirem defraudados com essa situação?

Penso que não. O motivo de cada pessoa só a ela diz respeito. O que eu acho é que o facto das pessoas serem convidadas para outros cargos públicos e para outros desafios em nome da Região deve deixar-nos honrados e contentes por podermos participar nesses projectos ao mais alto nível. 

Uma lista é uma equipa, portanto não propomos aos eleitores uma ou duas pessoas. Propomos um grupo de trabalho. Quando convidamos as pessoas para integrar a lista é porque as entendemos como válidas em todos os contributos que possam dar, quer numa eleição para a Assembleia Legislativa Regional, quer para outras áreas para as quais possam estar vocacionadas.

 

A lista do PS tem um forte cunho independente, sendo que metade dos candidatos não é militante do partido. A que se deve essa opção?

Quisemos fazer uma equipa o mais heterogénea possível, de pessoas que pudessem dar os seus contributos e ajudar-nos a levar para a frente este projecto, que é, acima de tudo, pelo Faial, em nome do desenvolvimento da nossa terra. Portanto, fomos a vários sectores de actividade e a várias freguesias buscar pessoas que, até noutras áreas que não a política, já apresentaram resultados. São pessoas empenhadas, que têm o objectivo de contribuir para o tecido social, empresarial e institucional da ilha. Esta é a equipa que nos pareceu cumprir com todos estes requisitos e ainda bem que eles aceitaram o nosso convite. 

Muitas vezes o trabalho das pessoas é social, vai para além da política. É importante chamarmos pessoas para defender o Faial, independentemente das questões partidárias, porque a política somos todos nós, as questões partidárias é que nos dividem. E esta capacidade de união de esforços em prol de um objectivo comum, trazendo pessoas de fora do partido para a lista, enriquece ainda mais o nosso trabalho, quer em termos de campanha, quer em termos de recolha de contributos e de debate interno de ideias. 

 

A descrição que faz das pessoas que participam na vida pública encaixa, por exemplo, em Mário Silva, quarto candidato da lista, independente, que até já integrou uma lista do PSD. Os faialenses lembram-se bem da sua acção determinada contra a possibilidade, aberta pelo Plano Regional de Ordenamento do Território dos Açores (PROTA), de implementar um modelo assente em plataformas logísticas para o transporte de mercadorias na Região. Nessa altura ele e o PS tiveram posições contrárias…

O Mário não teve uma posição contra o PS. Nós também sempre nos manifestámos contra as plataformas logísticas…

 

Mas o que é certo é que os deputados do PS/Faial votaram a favor do documento…

Votámos a favor do PROTA. Este é um documento que vai muito para além das plataformas logísticas. Aliás, nas nossas intervenções públicas da altura, deixámos sempre salvaguardado que o PROTA, enquanto documento orientador e extremamente importante para o desenvolvimento da Região, com uma série de coisas importantes para a nossa ilha, nomeadamente a nível dos transportes, tinha também coisas negativas. Uma delas era a possibilidade de se criarem plataformas logísticas. Em relação a isso estamos contra, enquanto o modelo que actualmente existe satisfizer os nossos empresários e os agentes envolvidos na área. Nesse sentido, estamos de acordo com as posições que o Mário assumiu na altura, e tivemos oportunidade de o demonstrar publicamente.

Que análise faz do Faial neste momento?

Uma análise positiva. O PS e o Governo Regional têm feito importantes investimentos aqui. Parece-nos, no entanto, que precisamos de mobilizar a nossa população e captar mais pessoas. Alguns dos handicaps que temos estão relacionados com a falta de mercado. Temos de perceber como ampliar o nosso mercado e potenciar o investimento.

Ao nível do investimento regional há muita coisa a fazer mas há também muita coisa que foi feita, e bem feita. O terminal do Porto é o exemplo mais visível, por ser o mais recente, mas há outros, como as escolas, o Parque Natural… Todo o investimento feito no ambiente, que não é um investimento de milhões mas tem tido uma importância primordial…

Estamos bem, mas o nosso objectivo é ter sempre mais, e melhorar em determinados aspectos.

Já ao nível do nosso tecido empresarial local, as coisas não estão como gostaríamos que estivessem. Não estamos imunes à crise. Penso que é preciso continuar a apoiar as nossas empresas e famílias. O desemprego no Faial e nos Açores não pode ser visto como é no continente, onde a dimensão territorial é diferente. A criação de emprego e de estágios e o apoio às empresas no fomento à criação de emprego são medidas que têm sido tomadas e também anunciadas pelo Dr. Vasco Cordeiro e que são fundamentais, porque precisamos de estabilidade. 

 

Apesar do programa ainda estar a ser elaborado, há já algumas ideias concretas que queira ver defendidas para o Faial?

Os manifestos estão ainda em fase de conclusão, depois dos contributos que fomos recolhendo. Mas há, para já, áreas que gostaríamos de ver privilegiadas. O apoio às famílias, quer ao nível das crianças quer ao nível dos idosos; a continuidade dos incentivos às empresas e o fortalecimento das freguesias. O desenvolvimento do Faial, à semelhança do que pretendemos para os Açores, tem de ser harmonioso.

Leia a entrevista completa na edição impressa do Tribuna das Ilhas de 31.08.2012 ou subscreva a assinatura digital do seu semanário


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