Arrepiante!

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Em artigos anteriores, referi a necessidade da sociedade faialense participar na reflexão sobre os caminhos em que deve apostar para o seu desenvolvimento e relativamente às defesas que tem de efetuar para que as ameaças ao nosso bem-estar não se concretizem.

 

O momento ideal para tal era o anterior à apresentação dos programas de governo dos partidos políticos. Só assim poderíamos ver inscrita, preto no branco, a inclusão do Faial no desenvolvimento dos Açores, aproveitando as nossas legítimas aspirações.

 

Agora, em plena campanha eleitoral, pretende-se que os cabeças de lista, com aspirações a serem poder na Região, se comprometam, pela palavra, em público, de viva voz, e nos meios de comunicação social, para ficarem bem gravadas as promessas e intenções dos seus planos para os quatro anos de governo.

 

Há uma declaração do candidato socialista proferida na visita à obra do hospital da Horta, que, sinceramente, é arrepiante e dá que pensar. Disse o candidato, em resposta a um jornalista sobre a ameaça do hospital da Horta perder algumas das suas valências de saúde, que havia que respeitar os pareceres técnicos e que o importante era garantir a saúde de todos açorianos.

 

Francamente, arrepia um suposto líder político tomar decisões – que deveriam ser políticas, no interesse das pessoas e tendo em conta a dispersão geográfica – baseadas apenas em pareceres técnicos. Há decisões políticas que, por vezes, não são as economicamente mais favoráveis nem, em alguns casos, as melhores tecnicamente, mas é isto que distingue um político de um técnico. E a questão foi colocada ao político que se candidata e deu uma resposta evasiva.

 

Arrepia saber que o chavão da sua campanha é a saúde, que deve ser no mínimo tripolar (com valências hospitalares mais próximas das pessoas na Região), e que, por exemplo, esteja o seu governo, contra todos os pareceres técnicos e recomendações internacionais de saúde, a construir uma maternidade na vizinha ilha do Pico, e quando questionado sobre as valências na Horta, o que já conta são os pareceres técnicos. Afinal, em que ficamos? Estamos face a um político a curvar-se perante os técnicos, desde que seja para o Faial?

 

Arrepia o seu chavão de renovar com confiança, tendo estado em governos que investiram na saúde, inclusive na Horta, em áreas nitidamente acima da população alvo, exatamente por decisão política de proximidade do serviço de saúde às populações. É legítimo agora concluir que afinal não se trata de renovar coisa nenhuma.

 

Nesta fase, em que um político com 12 anos de governo, que se preparou anos e anos em diversas secretarias, sempre próximo do seu líder, para chegar a este momento tão importante do ato eleitoral, deveria estar muito bem preparado para governar os Açores, e ter forçosamente o conhecimento de como quer os hospitais nos Açores e nunca deveria ter dado esta resposta tão medíocre.

 

Mais arrepiante foi, na apresentação na Horta, a primeira candidata do partido socialista pelo Faial ter afirmado que seriam “batalhas difíceis, mas que estaria na linha da frente na ampliação do aeroporto da Horta”. Teve um contrapondo fortíssimo pela líder do partido social democrata, aquando da apresentação na Horta, que foi mais uma vez assertiva, comprometendo-se na elaboração dos projetos de ampliação e respetivo cabimento em financiamento no próximo quadro comunitário de apoio.

 

Arrepiante foi igualmente naquela apresentação no Teatro Faialense, o candidato não se ter comprometido neste ponto, focalizando a sua intervenção na aposta no Mar. Diria, em jeito de comentário, que mandou os faialenses tomarem banho, com o que a candidata tinha acabado de afirmar. Aliás, uma vez mais, e ainda estavam quentes nos jornais faialenses as afirmações da sua candidata, veio novamente o candidato socialista, em comício no Pinhal da Paz, em São Miguel, desdenhar e desacreditar a líder do partido social democrata, afirmando que não podia prometer a ampliação do aeroporto da Horta!!!???

 

Vou ser claro e direto, com esta posição, temos dois factos políticos, primeiro, a constatação e a prova de que o partido socialista Açores não fez, nem fará, a ampliação do aeroporto da Horta; segundo, os candidatos pela Horta não têm peso político e falam em desejos e não em certezas sobre esta reivindicação.

 

Assim, dos três pilares do slogan do partido socialista, dois – emprego e saúde – caem no prazo de uma semana. Ficamos a saber que o emprego, que no Faial passa pela ampliação do aeroporto, pela manutenção e criação de postos de trabalho nos vários sectores da atividade económica, está ameaçado! Que na saúde, que muito emprega e bem-estar dá às suas populações, poderá haver deslocalização, por razoes técnicas.

 

Com estes arrepios, os faialenses têm mesmo de ter ideias claras e definidas e o melhor conselho é agasalharem-se…

 

 

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