Mar de Perjúrio

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A economia do mar está em franco crescimento devido ao seu potencial multidisciplinar, não só pela pesca, mas pela indústria extrativa, pela investigação científica, pelo controlo e segurança ambiental, pelo transporte marítimo, pela reparação naval, pelo turismo, entre outras.

Os Açores têm uma palavra a dizer sobre esta matéria ao nível nacional e europeu e a Horta tem aqui um papel de peso, pois possui forças competitivas dentro da região e do país para captar investimento, gerar negócios e criar emprego em múltiplos sectores.

Nestes modelos económicos caracterizados por ciclos, a Horta já possuiu vários episódios ligados ao Mar, mas cuja importância foi perdendo, devido não só à modernidade mas também à ineficiência política, nomeadamente o transporte do vinho do Pico para os Czares na Rússia, a indústria baleeira, os clipers, o cabo submarino e, mais recentemente, a Rádio Naval.

Estas perdas fizeram nalguns casos escrever muitos livros, aumentar o espólio museológico, futuramente originarão museus, mas a Horta não pode só viver do passado, deve concentrar todas as forças para criar um novo ciclo económico, duradouro, moderno, altamente qualificado e gerador de emprego ligado ao Mar. Deve estar na linha da frente, devem os seus eleitos e executores intervir com toda a sapiência e estratégia concertada junto da Comissão Europeia, do Governo da República, do Governo Regional, dos empresários (locais, nacionais e internacionais) e da sociedade civil, para a captação de mais âncoras de investimento ligadas ao mar, com vista ao seu desenvolvimento.

Deverá, de uma vez por todas, transformar em números o potencial que pode ser atraído ao mais alto nível mundial e deverá criar o mais que merecido cluster do mar, constituindo um autêntico, verdadeiro e efectivo parque tecnológico na ilha.

A perda desta batalha será a vergonha dos seus eleitos, será o continuar do definhar da nossa frágil economia, será deixar que nos tirem aquilo que poderíamos ter e que devemos defender e construir.

Deste modo, quando se falou numa Escola de Marítimos para a Horta como “compensação” da saída da Rádio Naval e do seu impacto negativo na economia do Faial, deu que pensar; na verdade, estaríamos muito melhor com a Estação Rádio Naval e uma escola de marítimos, mas na falta da primeira, vamos lutar pela escola.

Como será? Será um desenvolvimento (upgrade) dos cursos de operador marítimo turístico da Universidade dos Açores (como, com as dificuldades financeiras e a gestão desta universidade?) Quais as áreas a abranger? Qual o nível de ensino? Quantos formadores terá? Quantos alunos a frequentarão? Que verbas para a sua promoção? Poderá alojar empresas?… E as questões não acabam…

Indaguei, na qualidade de vereador, o presidente da  Câmara Municipal da Horta sobre este assunto, sugerindo que o município interviesse no contexto atual da redução de efectivos na base das Lajes, para que a Horta também beneficiasse de esforços para colmatar a perda de postos de trabalho, tendo obtido como resposta que, pelo menos o Faial já tinha uma solução (a dita Escola) e a Terceira não.

Obviamente que esta resposta é de um político sem capacidade de liderança, sem capacidade de comandar, e consequentemente, sem autoridade para congregar esforços, e nitidamente co-responsável pela perda constante do peso económico e social do Faial, mas naquela reunião as coisas ficaram por ali.Contudo, posteriormente, com o conhecimento do plano e orçamento da Região para 2013, onde estava escrito, preto no branco, exatamente nada sobre a escola de marítimos na Horta, e que apenas em resposta a uma intervenção de um deputado faialense da oposição se obteve o compromisso verbal do secretário da tutela de que a Escola de Marítimos seria uma realidade no ano da graça de 2014, que leitura devem os munícipes fazer?

Mais, como devem interpretar que apenas umas palavras ecoadas na assembleia regional, empurrando para o futuro, e o partido da maioria municipal apresenta de imediato um voto de congratulação?

Duma forma muito simples, o que o nosso presidente disse foi um autêntico perjúrio, pois a escola de marítimos não passa de uma designação para inglês ver e faialense votar, porque a defesa da perda de postos de trabalhos na Horta não está a ser feita como deve ser, porque a defesa e o trabalho para uma economia de futuro do mar é uma brincadeira de votos de congratulação que apenas nos tira poder negocial e é demonstrativo de contributo municipal nulo….infelizmente terei que me repetir… acorda Faial.

 

 

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                [email protected]

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