António Lima acusou hoje o vice-presidente do Governo Regional de autoritarismo, por tratar os médicos como “soldados que têm que obedecer ao chefe militar”, e disse que a Saúde nos Açores está “dividida em capelinhas partidárias”, salientando que quando há um problema no Hospital de Ponta Delgada, o vice-presidente (CDS) “ataca toda a gente, desde que seja para manter o atual conselho de administração”.
Hoje, numa conferência de imprensa, questionado pelos jornalistas acerca das declarações do vice-presidente do Governo relativamente aos médicos do HDES que se estão a recusar fazer horas extraordinárias para além do limite legal devido à falta de condições de trabalho, António Lima considerou que as palavras do governante são “um sintoma de autoritarismo” e disse que “o que o governo tem que fazer é negociar uma solução, em vez de maltratar uma classe profissional”.
“Não vivemos numa ditadura militar, vivemos em democracia, e os médicos – como qualquer outra classe profissional – têm todo o direito a afirmar as suas posições e defender os seus direitos laborais”, afirmou o líder regional do Bloco.
António Lima lembra que o Bloco alertou, no parlamento, para o facto de a proposta do Governo para aumentar o número de horas de trabalho suplementar não ter sido negociada previamente com os representantes dos médicos.
O Bloco de Esquerda defende “uma solução que passe por melhores condições de trabalho, que passe por uma valorização do trabalho suplementar”, mas, acima de tudo, uma solução que garanta “os recursos necessários” para que os médicos não tenham que fazer “200, 300 ou até 600 horas de trabalho suplementar por ano”.
Sobre a gestão deste sector na Região, António Lima salientou que “a Saúde é demasiado importante para estar dividida em capelinhas partidárias”.
“É preciso que o Governo decida quem é o responsável pela saúde nos Açores, se é o secretário regional da Saúde, se é o vice-presidente. Quando os problemas são no HDES fala o vice-presidente, quando os problemas são no resto do Serviço Regional de Saúde fala o secretário regional da Saúde”, disse o líder do Bloco nos Açores.
“Vale tudo em nome da sobrevivência do governo e pela manutenção do poder”, concluiu.