Combate ao desemprego jovem

0
17

Fui nomeado, pelo Parlamento Europeu, relator para o “combate ao desemprego jovem” no âmbito da Comissão de Desenvolvimento Regional, uma tarefa estimulante, dado tratar-se de um dos maiores flagelos do mundo atual e do nosso país em particular. 

Deixar os jovens no limbo é terrível para uma geração e dramático para uma sociedade. Aqueles que começam as suas carreiras no desemprego são mais propensos a ter salários mais baixos e mais períodos de desemprego mais tarde na vida, porque perdem a oportunidade de adquirirem competências e auto-confiança nos seus anos de formação. E se hoje se destrói ou adia a possibilidade dos jovens construírem um projeto de vida, também os Estados desperdiçam competências preciosas da geração mais qualificada de sempre. A Europa e sobretudo os países em maiores dificuldades nesta crise perdem know-how e ainda mais capacidade competitiva – de acordo com o Eurofund, em 2011, a perda económica resultante do afastamento dos jovens do mercado de trabalho ascendeu a 153 mil milhões de euros. 

Em janeiro de 2013, 23 % dos jovens ativos estavam desempregados, com taxas que variavam entre 15 % ou menos na Áustria, na Dinamarca, na Alemanha e nos Países Baixos, 40% em Portugal e mais de 55 % na Grécia e em Espanha. Estas assimetrias põem em risco o próprio projecto europeu, pois põem em causa a coesão e a viabilidade de uma Europa unida na qualidade de vida e nas condições de trabalho. Já em 2011, 14 milhões de jovens entre os 15 e os 29 anos não estavam a estudar, nem a trabalhar, nem a seguir uma formação (os chamados “NEETS”). E note-se que muitos dos jovens empregados têm apenas empregos informais e precários. 

A dimensão dramática do problema e as suas implicações presentes e futuras exigem um combate urgente. Sendo necessário reactivar a dinâmica económica, como condição prévia para qualquer solução de criação de emprego sustentável e duradouro, temos contudo que realçar que as razões desta situação radicam em questões estruturais com origem em políticas educativas e de emprego que devem ser corrigidas, sendo necessário uma nova geração de estratégias pedagógicas mais apelativas, a implementação de estratégias de transição para a vida activa mais eficientes (maior interligação entre o mundo da escola e o mundo do trabalho), e a elaboração de percursos profissionais mais seguros. 

Para tal, são essenciais políticas de qualificação que promovam, efectivamente, a adequação – inicial e permanente – das qualificações e das competências às necessidades das empresas e da economia. Prevê-se que todos os anos 15% dos empregos sejam destruídos e outros tantos criados. Sem uma visão global e antecipadora destas mutações qualquer política de emprego será ineficaz.

A eficácia das políticas educativas e de emprego devem assentar, assim, em 3 pontos fundamentais: uma abordagem prospetiva, de modo a que melhor se antecipem as evoluções do mercado de trabalho e se conectem com a educação e a formação; uma maior implicação de todos os atores envolvidos; e uma abordagem Regional, onde os mecanismos de percepção dos problemas e os de decisão são mais eficientes, e as necessidades de qualificação mais percetíveis. Pensar global, agir local, onde a escala Regional permite gerir os problemas, as soluções, implicar os atores e monitorizar em permanência a evolução desta estratégia prospetiva. 

A formação interna das empresas deve aumentar como fator de resiliência dos postos de trabalho dos jovens. A resposta dos programas de Mobilidade na União, mais do que nunca, é necessária. A acção conjugada dos Fundos Europeus, nomeadamente o FSE e o FEDER deve prioritariamente responder a este flagelo.

 

 

 

O MEU COMENTÁRIO SOBRE ESTE ARTIGO

Por favor escreva o seu comentário!
Por favor coloque o seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!