Conselho de Ilha contra saída de especialidades do Hospital da Horta

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O Conselho de Ilha do Faial está contra a saída de especialidades do Hospital da Horta (HH), no âmbito da reestruturação do Serviço Regional de Saúde (SRS). Os conselheiros reuniram na passada sexta-feira e elaboraram uma deliberação onde semostram “globalmente contra” a saída de valências como a Urologia ou a Unidade de Cuidados Intensivos, considerando-as “fundamentais”.

O documento refere ainda que qualquer restruturação o HH deve passar pela manutenção das atuais valências e ainda pelo reforço de outras, que integram a orgânica desta unidade hospitalar mas estão fragilizadas.

No debate do assunto, Luís Garcia voltou a dizer que a proposta do Governo Regional é “um retrocesso” e apontou o dedo ao Executivo por a ter elaborado sem ouvir o Conselho de Administração do HH. O deputado regional do PSD manifestou-se preocupado também com o que poderá acontecer ao Centro de Saúde da Horta e pediu a criação de uma “frente comum” em defesa do Faial.

Em resposta, Lúcio Rodrigues lembrou que a reestruturação do SRS foi “uma promessa eleitoral”. Em relação à proposta do Governo, o deputado socialista entende que é “um documento sensível e exigente, que, no entanto, não está fechado”.

Por sua vez o presidente da Câmara Municipal da Horta lembrou que, aquando do lançamento da primeira pedra do Bloco C do HH, o então secretário regional da Saúde garantiu que não seriam reduzidas especialidades naquela unidade hospitalar, devendo, sim, haver um reforço. Por isso João Castro considera este documento “uma surpresa”.

Para o presidente da Assembleia Municipal, Jorge Costa Pereira, o mais importante é o “claro consenso” que se está a formar à volta da defesa do HH.

Faial com mais de mil desempregados

Este Conselho de Ilha ficou marcado também pela análise da situação socioeconómica do Faial, com Guilherme Pinto a apresentar dados estatísticos que permitem identificar as principais dificuldades da ilha. O presidente do Conselho de Ilha começou por falar dos números do desemprego: entre o início de 2012 e maio de 2013 o número de pessoas inscritas no Centro de Emprego aumentou em 272, fixando-se agora nos 1026 indivíduos.

Também o número de inscritos no Rendimento Social de Inserção preocupa os conselheiros, principalmente pelo facto da maioria estar inscrita há mais de um ano. O facto de existirem muitos jovens entre os inscritos, bem como indivíduos com habilitações superiores, é outra das preocupações.

Há, no entanto, indicadores onde o Faial contraria a tendência negativa regional, como é o caso do Turismo, que no primeiro trimestre deste ano caiu 8% na Região, tendo crescido no Faial 8%.

Para Carlos Morais, representante da Câmara do Comércio e Indústria da Horta, este crescimento não é, no entanto, sinal de que não existem preocupações no setor, já que os principais mercados emissores estão a decrescer. Sobre a situação socioeconómica da ilha, o conselheiro entende que está a existir um esvaziamento que o poder político não tem sido capaz de contrariar e aponta o dedo ao setor público por não pagar a tempo e horas aos fornecedores, muitos deles empresas locais que têm nesses atrasos uma das causas para as suas dificuldades. Esta posição foi corroborada por João Decq Motta e também por Luís Garcia, que alertou para o facto das instituições sociais da ilha estarem “aflitas e a ficar sem capacidade de resposta”.

O deputado refletiu sobre o leite entregue em fábrica, entendendo que é necessário aumentar o preço pago aos produtores. Também o setor da Pesca, que assistiu a uma diminuição de 55% do peixe entregue em lota no primeiro trimestre de 2013, por oposição ao ano anterior, preocupa Garcia, que entende que as condições atmosféricas adversas não são a única causa para o problema.

No debate o setor agrícola foi o que registou opiniões mais divergentes. José Agostinho, responsável pela Cooperativa Agrícola de Laticínios do Faial, não entende que o leite esteja a ser pago a um preço demasiado baixo, referindo que uma exploração de 25 vacas pode representar 20 mil litros de leite por mês, o que significa um rendimento de 5 mil euros. No entanto, António Ávila, da Associação de Agricultores da Ilha do Faial, lembrou que há uma série de despesas com os fatores de produção que devem ser tidas em conta, entendendo que é preciso “desmistificar a ideia de que a agricultura é dinheiro fácil”.

A situação do Hotel Horta, que vai engrossar em 26 pessoas os números do desemprego, também foi trazida em debate, com João Decq Motta a pedir uma maior fiscalização do Governo Regional sobre os apoios concedidos às empresas.  O sindicalista lembrou que, há alguns anos, o hotel recebeu 1,2 milhões de euros do Executivo para obras de remodelação. Para Decq Motta, apoios como este têm de ter como contrapartidas o garante de postos de trabalho.

Na altura de apontar o dedo aos responsáveis, Lúcio Rodrigues pôs as culpas na República, referindo que a pesada carga fiscal está a fazer diminuir o consumo, e disse que o “Governo Regional não pode fazer nada” quanto a isso. Costa Pereira não gostou e lembrou que todos têm culpas no cartório, incluindo o Governo Regional, dando como exemplo o facto do Hospital da Horta dever seis milhões de euros a fornecedores da ilha do Faial.

 

 

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