Editorial | 18 de novembro de 2022

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O advento e a generalização das redes sociais impactaram de forma radical o modo de exercer a atividade política em geral e a governação em particular. Basta ver a presença assídua com que políticos e governantes, aos mais diversos níveis, a elas recorrem para transmitir mensagens, reagir a acontecimentos, divulgar a sua opinião ou atividade. Conscientes e conhecedores da sua importância na formação da opinião, na amplificação de mensagens ou no esclarecimento da população, os governantes de hoje não dispensam a sua presença assídua nas redes sociais.
Também devido à forma como este novo meio de comunicação se impôs, todas as medidas que são tomadas pelos decisores, políticos ou não, são muito mais escrutinadas e mais suscetíveis à amplificação de uma crítica ou de um elogio. Aquilo que antes se passava quase de modo particular e circunscrito, ganhou potencialmente uma dimensão que pode arruinar ou endeusar uma decisão.
Nas redes sociais, por norma, reage-se instantaneamente, entre a fração do pensamento e toque do dedo num emoji ou comentário. Muitas vezes impera, por isso, a emotividade, a paixão, o sentimento e menos a opinião racional e amadurecida. As redes sociais são, por consequência, também, um campo fértil à proliferação de falsidades (fake news) e de visões distorcidas e parciais da verdade. Predomina o momento, o instantâneo e a frase curta. A reflexão e a complexidade, que fazem parte da realidade, do conhecimento e da compreensão plena dos fenómenos, por norma, anda arredia das redes sociais.
Neste contexto, o mundo da política, o mundo da participação alargada e vigilante dos cidadãos, e o novo mundo trazido pelas redes sociais, impõem-se de forma radical neste tempo presente e estão condenados a coexistir e a suportar-se mutuamente.
A petição sobre a preservação do empedrado em calçada portuguesa na avenida marginal da Horta, posto em causa pela intervenção que decorre no contexto da obra da Frente Mar, foi lançada a partir das redes sociais, tem apaixonado muitos faialenses e dividido opiniões, numa discussão útil, importante, cidadã, onde da troca de argumentos e de razões se espera que nasça luz e decisões esclarecidas e fundamentadas.
O Tribuna das Ilhas dedica ao tema parte da sua edição de hoje na expetativa de contribuir para uma informação mais completa e esclarecedora. Ouvimos a primeira subscritora e as razões e argumentos que estiveram na base da Petição. Ouvimos a Câmara Municipal, dona da obra. Convidámos também técnicos a expressar a sua opinião nas nossas páginas, quer defendendo o objeto da Petição, quer apoiando a solução vencedora do concurso e em implementação. Infelizmente, o convite que endereçámos ao Gabinete, autor do projeto da Frente Mar da cidade da Horta, não mereceu acolhimento.
Fica, pois, mais parcial a “opinião” que publicamos sobre o tema, o que lamentamos, pois desejaríamos mais pluralidade. Mas só podemos contar com aqueles que querem. E a esses que quiseram, agradecemos a disponibilidade de partilhar a sua opinião, assumi-la e dispor-se a discuti-la publicamente, como o deve ser numa democracia.

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