Emprego Jovem: Uma batalha perdida?

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O desemprego jovem é um dos principais problemas da União Europeia e a discussão em torno da temática assume prioridade na condução das suas políticas. A taxa média europeia de desemprego jovem de junho deste ano foi de 21,9% e Portugal, muito embora esteja tímida e gradualmente a melhorar a sua situação, ultrapassou a média da União com uma taxa de 36,4% (segundo o Eurostat, os piores dados respeitam à Espanha – 53,3%; Grécia – 51,5%; Croácia – 43,9%; Itália – 43,7%; e Chipre – 37,1%). Não obstante estes números sejam extremamente preocupantes, a taxa de desemprego jovem no nosso país está a assumir uma tendência de decréscimo, tendo sido de 32,2% no 3.º trimestre deste ano, segundo o INE.

Este flagelo tem diversas implicações a nível social e económico. É toda uma geração que está em risco, assolada pela precariedade, pela incerteza, pela dependência dos pais e do Estado e que enfrentará sérias dificuldades no futuro, com a degradação das suas pensões, face à redução dos seus descontos. Mas o problema afeta, também, toda a restante sociedade, pois implica menores contribuições e maior esforço do sistema de segurança social e uma redução significativa da natalidade, pondo em causa a renovação das gerações.

Ora, se este fenómeno foi agravado pela crise económica global despoletada em 2011, importa, acima de  tudo, analisar quais os fatores económicos e sociais que devem ser trabalhados para que o combate ao desemprego não seja uma batalha perdida.

A reorientação da formação e da profissionalização é prioritária, dada a denúncia, pelas empresas europeias, da desadequação das competências dos jovens face às necessidades daquelas, que se encontram em rápida mutação devido ao rápido desenvolvimento tecnológico a que assistimos. Sendo esta geração jovem a mais habilitada de sempre, há que repensar os sistemas de formação e incentivar o ensino profissional e politécnico, envolvendo as empresas. Os programas de estágios profissionais, tantas vezes criticados por poderem camuflar os dados do emprego, são de extrema importância, porque permitem aos jovens o contacto com a realidade laboral em contexto de formação, enriquecendo o seu currículo, o que não é de somenos importância dada a competitividade verificada na procura de emprego. O programa Garantia Jovem é disso exemplo e mereceu a apresentação de uma resolução que visa a sua readequação e extensão, da qual fui co-autora. Tenho igualmente defendido a atribuição de benefícios fiscais às empresas, quando se verifique a contratação de jovens com mestrados e doutoramentos. O caminho para o crescimento sustentado e para a criação de emprego reside na inovação e na investigação, incentivando-se as empresas a investirem, pela contratação e pelo apoio à formação, em trabalhadores altamente qualificados. Neste âmbito, importa não esquecer o programa HORIZONTE 2020, com um orçamento de cerca de 80 mil milhões de euros para o período 2014-2020, gerido pelo Comissário português Carlos Moedas, e que visa dar corpo às ideias inovadoras de crescimento.

São, igualmente, de considerar um conjunto de propostas que têm correlação, direta ou indireta, com a temática, e que serão discutidas no Parlamento Europeu num futuro próximo, das quais destaco a revisão da rede EURES e o combate ao trabalho não declarado, bem como o desenvolvimento de iniciativas empresariais para criação de emprego com o apoio dos Eurodeputados, de associações juvenis e de diversas agências europeias. 

 

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