Faial e Pico servem de cenário ao filme “Cinzento e Negro”

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 O realizador do filme premiado internacionalmente “Adeus Pai”, rodado em 1996 nos Açores, está no Faial para filmar o seu mais recente projeto, “Cinzento e Negro”. O filme desenrola-se entre Lisboa e as ilhas do Pico e Faial e apresentar-se-á em forma de thriller com final trágico em estilo de quase-western.

A Fado Filmes é a responsável pela produção desta longa-metragem que tem feito parar as ruas da ilha esta semana, com o arranque das filmagens na Horta. A equipa parte depois para o Pico, onde fica até 9 de outubro.

Produtor, realizador e elenco falaram do projeto à comunicação social na passada segunda-feira, no Hotel Faial.

 

Em 1996 o realizador Luís Filipe Rocha filmou a longa-metragem “Adeus Pai” na ilha Terceira. O filme fez grande sucesso, projetando o nome do realizador e também os Açores no mundo. Agora, o cineasta volta a escolher este arquipélago para rodagem do seu próximo filme.

Cinzento e Negro”, produzido pela Fado Filmes, conta a história de Maria, uma mulher traída pelo companheiro, David, quando este lhe rouba um saco de dinheiro e foge, refugiando-se na ilha do Pico. Furiosa e determinada a vingar-se, ela propõe a um inspector da Polícia Judiciária, Lucas, perseguir e encontrar o companheiro. Entretanto, David, numa visita à ilha do Faial, apaixona-se por uma faialense, Marina, empregada do mítico bar Peter Café Sport. Maria e Lucas procuram David nos Açores, cruzam-se com Mariana no Faial e os três vão descobrir David na sua casa da montanha, no cimo do Pico. Num confronto final, como numa tragédia grega, Maria e David ajustam as contas que o destino lhes traçou.

Cinzento e Negro” representa uma síntese feliz do cinema de Luís Filipe Rocha, ao reunir de forma harmoniosa e consistente, a narrativa exemplar, a exigência estética e a capacidade de comunicação emocional, numa “via-crusis” em forma de thriller com final trágico em estilo de quase-western, que se desenrola entre Lisboa e as ilhas do Pico e do Faial.

Trata-se de uma história particular de Luís Filipe Rocha, que tenta “lembrar às pessoas que há dramas e histórias humanas mais eternas e intemporais do que as crises sociais, económicas e financeiras” explicou o realizador.

Presentes nesta conferência, para além do realizador, estavam o produtor Luís Galvão Teles e os quatro atores principais: Joana Bárcia, Miguel Borges, Filipe Duarte e Mónica Calle.  Marcaram ainda presença o vereador da Câmara Municipal da Horta, Filipe Menezes, e o diretor regional do Turismo, João Bettencourt, que relembrou, em forma de agradecimento, que a rodagem destes filmes nos Açores”é uma forma de mostrar aquilo que nós temos de mais precioso no nosso arquipélago, que são as nossas paisagens, a nossa cultura, as nossas gentes” e que “faz com que sejamos reconhecidos no exterior”.

“Apesar de não ser uma história açoriana, está toda embebida de poesia, literatura, usos costumes e histórias dos Açores”, afirmou, a propósito, Luís Filipe Rocha, salientando que “era inevitável que fosse filmado nos Açores”. O realizador chegou mesmo a frisar que “se este filme não fosse feito nos Açores, então não era feito”.

Segundo o realizador, a escolha dos Açores, em especial das ilhas do Faial e Pico, como pano de fundo para a rodagem de “Cinzento e Negro”, já estava definida à partida. A história foi escrita há cinco anos e já aí o realizador sabia que o tinha de filmar nestas ilhas.

Esta é uma história de traição, roubo, fuga perseguição e vingança, “é uma história que tem a ver com estas questões que são cada vez mais escondidas, no sentido que a gente as esqueça, e que têm a ver com o sentido trágico da vida humana”, explicou o realizador.

Para Luís Filipe Rocha, “os Açores são, naturalmente um palco único para se poder narrar um conteúdo trágico”. Para o realizador, a importância do arquipélago para esta história é tal que os Açores se afiguram mesmo como a quinta personagem da obra.

O trabalho deste cineasta português é sempre feito em volta dos atores. “São o centro de gravidade dos meus filmes”, referiu. A este respeito. Luís Filipe Rocha explicou que este é o primeiro filme em que tentou construir a narrativa, não a partir do “fio narrativo ou do tema”, mas sim a partir das personagens, tentando descobri-las e segui-las em vez de as inventar, o que lhe permitiu aproximar-se ainda mais dos atores.

A estreia de “Cinzento Negro” ainda não está  definida, no entanto, Luís Filipe Rocha fez questão de mostrar interesse em fazer a ante-estreia do filme na ilha do Faial. “Sempre gostei de filmar fora de Lisboa e sempre fiz questão que as primeiras pessoas a terem a oportunidade de ver o filme fossem as pessoas do local onde o filmei”, frisou.

Esta é a 10.ª longa-metragem de ficção do realizador, número raramente conseguido por cineastas portugueses.

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