Faial: Mais uma oportunidade perdida!

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 Há cerca de umas duas ou três semanas atrás ouvi atentamente, no “Bom Dia Açores”, uma entrevista que o jornalista Pedro Moura fez ao impulsionador local e dirigente federativo da Esgrima, Sr. Arquitecto Frazão. Devo dizer que à medida que ouvia me sentia cada vez mais revoltado e devo dizer que a ajustada frase com que Pedro Moura encerrou a entrevista – Faial: Mais uma oportunidade perdida! – não pode deixar de ter tido eco no sentir da generalidade dos faialenses que se empenham no desenvolvimento da sua Terra.

O citado impulsionador da Esgrima no Faial trabalhou arduamente, durante alguns anos, para que fosse possível realizar no Faial uma prova internacional daquela modalidade, facto que não foi conseguido na primeira tentativa, dado que a Direcção Regional dos Desportos terá considerado “ que tal acontecimento não tinha interesse desportivo”. Entretanto a Federação Portuguesa de Esgrima insistiu e candidatou a realização na Horta do Campeonato Europeu de Esgrima do ano de 2010.

Dessa insistência resultou que a Secretaria Regional da Economia, que tutela o Turismo, concedeu um apoio de cem mil euros e ficou a referida Federação a aguardar os apoios específicos aos atletas concedidos pela Direcção Regional dos Desportos, por via do Fundo do Fomento do Desporto. Nos termos da entrevista que serve de base a esta reflexão, o Director Regional dos Desportos teria assumido um compromisso de que esses apoios seriam despachados favoravelmente, o que não aconteceu, pelo que o referido Campeonato Europeu não se realizou na Horta e o apoio da Secretaria da Economia não foi, naturalmente, executado.

Este episódio suscita-me as reflexões, problemas e questões que se seguem:

De acordo com os promotores este acontecimento desportivo traria ao Faial cerca de seiscentas pessoas, durante uma semana, na época baixa do turismo. Teria sido excelente para toda a hotelaria existente, para toda a restauração, para todo o tipo de transportes terrestres de aluguer, com ou sem condutor, para a generalidade do comércio tradicional e até para os transportes marítimos e restauração das ilhas vizinhas, pois muitas dessas pessoas aproveitariam para as visitar. Teria sido, mas não foi!

Que raio de Governo é este que julga duas candidaturas de apoio a um mesmo evento com critérios tão opostos, sabendo-se que só a aprovação das duas viabiliza o evento? O interesse turístico do acontecimento era óbvio e assim o julgou, bem, a Secretaria Regional da Economia. Quanto ao interesse desportivo não tenho duvida nenhuma que é semelhante àquele que tem o Rali Sata, diversos campeonatos nacionais de vela e outros de outras modalidades. O desinteresse da Direcção Regional dos Desportos sobre esta candidatura terá que ter outra explicação, que não o da falta de interesse desportivo. Teria sido excelente para a animação desta cidade, para a promoção de uma modalidade desportiva em expansão e para a promoção global dos Açores. Teria sido, mas não foi!

Este projecto de um Campeonato Europeu de Esgrima a realizar no Faial, promovido por uma entidade credível, que é a Federação Portuguesa de Esgrima, foi certamente tratado em 2009 e, possivelmente, até antes, dada a antecipação com que estes eventos, complexos na sua logística, têm que ser pensados. Levanto isto porque não sou do estilo de deixar de dizer o que sinto que tem que ser dito. Acontece que no ano de 2008 e em parte de 2009 era Director Regional dos Desportos o Professor Rui Santos, actual Vereador da Câmara da Horta, eleito em Outubro de 2009. Penso e sincera e publicamente o digo, que o Professor Rui Santos deve dizer se contribuiu, ou não, para a inviabilização deste evento, e em caso afirmativo deve esclarecer as razões. Admito ainda a hipótese do então Director Regional ter-se limitado a cumprir ordens superiores. Se for esse o caso é bom que se saiba.

Disse Pedro Moura, acertadamente, que esta foi mais uma oportunidade perdida para o Faial. Quero apenas acrescentar, também com clareza, que todos os que transformam potencialidades do Faial em “oportunidades perdidas” estão, mesmo que não lhes pareça, a prejudicar muito os Açores.

Horta, 7 de Abril de 2010.

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