Luís José Armas (1917 – 1994) – Chefe de Serviços Municipais e Inspector de Casinos

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FLORENTINO QUE SE DISTINGUIU

Nasceu no Curato ou lugar da Fazenda, freguesia e concelho de Lajes das Flores em 13 de Setembro de 1917, filho de António José Armas e de Maria José Armas, ele lavrador e ela doméstica. Entre as várias irmãs e irmãos que teve, salienta-se Fernando José Armas, baleeiro, Adelaide do Rosário Armas, regente escolar, e Helena do Carmo Armas, costureira de roupas de homem, bem como o irmão António, que cedo emigrou para a Califórnia, EUA, onde foi carpinteiro de embarcações em San Francisco. O pai foi um dos homens de maior prestígio e seriedade do seu tempo.

Concluído o ensino primário, permaneceu nas Flores, onde procurou melhorar a sua instrução e a sua cultura até que, já com a idade de 22 anos, seguiu para a Horta onde, por volta de 1942, como estudante externo, em três anos consecutivos, concluiu o Curso Geral do Liceu, equivalente no tempo ao 6.º Ano. A razão porque inicia os estudos já como adulto terá tido a ver com a situação financeira dos pais. Possuidor de privilegiada inteligência e de excelente memória, certamente herdada do pai que, já envelhecido e meio acamado, parecia uma enciclopédia em assuntos antigos florentinos, como ainda me lembro de ver.

Depois de ter estado algum tempo a estagiar na Tesouraria da Fazenda Pública de Lajes das Flores, onde trabalhava gratuitamente, ainda na década de 1940, rumou novamente à cidade da Horta onde se empregou como escriturário no Governo Civil, tendo ainda passado pela secretaria da Junta Geral do Distrito Autónomo da Horta, onde igualmente trabalhou como escriturário. 

Já com maiores conhecimentos administrativos, concorreu para os quadros da Administração Pública, fazendo concurso para o efeito, a fim de ingressar nos quadros das autarquias locais. Assim, passou pelas chefias de diversas secretarias de Câmaras Municipais do País.

Em 1957 vai chefiar a Secretaria da Câmara Municipal de Frei de Espada a Cinta, de 3.ª Classe, onde se valorizou, adquiriu experiência e enriqueceu os seus conhecimentos. No ano seguinte fez concurso para ascender à 2.ª Classe, tendo sido o mais classificado do País, motivo pelo qual aceita regressar aos Açores, onde ingressa, em 1958, como 2º. Oficial, na Secretaria da Câmara Municipal de Ponta Delgada. Nela  veio a assumir a respectiva chefia.

Mediante novo concurso para a 1.ª Classe, realizado em 1968, voltou a ser o mais classificado, pelo que em Setembro assumiu o cargo de Secretário ou de Chefe da Secretaria da Câmara Municipal do Cartaxo, onde permaneceu até 1974. Nos últimos meses desse ano concorre para a chefia da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, mas é dela afastado para a satisfação de interesses políticos de outros concorrentes partidários.

Assim, para compensá-lo desse ilegítimo afastamento, resultante das loucuras da “Revolução do 25 de Abril” de 1974, a Direcção-Geral da Administração Pública acabaria por convidá-lo a ingressar no Serviço da Inspecção de Jogos, facto que a aconteceu em 1975. Assim, percorreu os principais Casinos do País, onde trabalhou como Inspector de Jogos, nomeadamente nos Casinos de Jogos do Algarve, Figueira da Foz, Póvoa de Varzim e Espinho, onde veio a realizar o resto da sua actividade profissional.

Depois de uma brilhante carreira profissional, reconhecida com louvores oficiais pelas mais altas individualidades do Ministério da Administração Pública e das Autarquias Locais onde permaneceu, passou à situação de aposentado em 1987.

Entretanto, quando estivera na cidade da Horta havia-se enamorado da failense Maria Clotilde Ataíde Lemos, com quem veio a casar em data que não pudemos precisar. Do casal nasceram três filhos, Maria Helena de Ataíde Lemos Armas, Luís Fernando de Ataíde Lemos Armas, Paulo de Ataíde Lemos Armas, que hoje residem em Lisboa onde, depois de fazerem cursos superiores, aí labutam nas suas carreiras profissionais.

            Luís José Armas, devido a dificuldades de conjugar as possibilidades das suas férias com a sua vida privada ou familiar e com a vida profissional, poucas vezes visitou as Flores. Assim, o nosso convívio foi geralmente feito fora da ilha, não obstante nos termos ali juntado em tempo de férias, por mais de uma vez. Estivemos juntos em Lisboa e também no Cartaxo, por volta de 1973, quando ele ali se encontrava na chefia da secretaria da respectiva municipalidade.

Nessa ocasião eu estava colocado na Direcção de Finanças de Santarém e falámos das nossas carreiras profissionais e das nossas humildes e comuns origens, embora de diferentes gerações. Talvez por ele ser primo de meu pai, conhecíamos e apreciávamos mutuamente as nossas carreiras profissionais, ambas com características e finalidades semelhantes, conseguidas com muito estudo e dedicação. “Queimávamos” as pestanas, como ele gostava da dizer, a trabalhar e a estudar.  

Era competente, delicado e atencioso, mas de feitio introvertido e sério, apreciando contudo os diálogos amistosos, quer de natureza histórica, quer de actualidades vigentes. Como possuía uma vasta cultura, era um excelente conversador.

 O seu falecimento ocorreu em Lisboa em 1 de Outubro de 1994, um pouco inesperadamente.

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BIBL: Elementos fornecidos pela filha Maria Helena e pelo Padre José Alves Trigueiro, em entrevistas telefónicas de 15-1-2007 e de 17-1-2007.

            

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