LUÍS VIEIRA GOMES (1920-2004) Funcionário público e cidadão exemplar

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Nascido na freguesia da Fazenda, concelho de Lajes das Flores, em 28 de Dezembro de 1920, onde sempre viveu, era filho de José Pereira Gomes e de Maria da Conceição Vieira Gomes, ele agricultor e ela doméstica.
Concluiu aí a Instrução Primária com excelente aproveitamento e o seu grande desejo era cursar o Seminário. Todavia, como já tinha um irmão sacerdote, o Padre José Vieira Gomes* (1915-1989), e nele ia ser matriculado outro irmão – que veio a ser o Padre Fernando Vieira Gomes* (1922-2002), então protegido pela Prof. D. Maria de Freitas Vieira* – não terá obtido o apoio familiar necessário para que se cumprisse esse seu desejo, certamente por dificuldades financeiras.
Assim, ficou-se pela pequena lavoura do pai, embora na expectativa de conseguir uma vida que lhe permitisse não ter de estar exclusivamente dependente da dureza do trabalho rural, já que era de estatura frágil para o efeito.
Em meados da década de 1940, começa a trabalhar na Tesouraria das Finanças de Lajes das Flores, como ajudante do Tesoureiro, José Nóia Vieira, cargo que de início exercia gratuitamente. Em 25 de Março de 1945, passa a ser remunerado – com a consequente entrada nos respectivos quadros, como proposto de tesouraria – embora de forma insuficiente para a sua vida futura. Deste modo, sempre manteve aquele trabalho rural, feito fora dos horários normais daquele Serviço.
Com a aposentação do respectivo Tesoureiro, ocorrida na década de 1950, assumiu por diversas vezes esse cargo, na falta do respectivo titular, já que, embora sem ter cursado o Liceu, possuía e desenvolvia constantemente a sua excelente Instrução Primária.
Entretanto, casou com Carmina Nunes Gomes, de cujo casamento nasceram os filhos: José Fernando Vieira Gomes, funcionário da Direcção de Finanças de Ponta Delgada; Maria de Fátima Gomes Gonçalves*, Professora Oficial nas Flores; Maria da Conceição Gomes, Assistente Administrativa de Desenvolvimento Agrário das Flores; António Luís Vieira Gomes, já falecido, que foi funcionário dos Serviços Pecuários das Flores; Fernanda Maria Gomes Rosa, Técnica de Radiologia do Hospital de Ponta Delgada; e Paula Maria Gomes Amaral, com o curso de Técnica de Turismo residente em Ponta Delgada.
Trabalhando e orientando com sabedoria o seu extenso agregado familiar, conseguiu propiciar aos filhos a educação e os estudos com que cada um hoje se realiza profissionalmente. Todos são excelentemente bem formados. Uns ficaram-se pelo Liceu e pelo Magistério Primário, mas outros conseguiram, salvo erro, fazer cursos médios com equivalência universitária, como foi o caso das duas filhas mais novas.
Beneficiando da sua privilegiada inteligência e da muita experiência adquirida, sempre na ânsia de saber mais e sempre mais, acabaria por assumir, por diversas vezes, o cargo de Tesoureiro, cargo esse que exerceu com dedicação e competência até à sua aposentação, a qual ocorreu em 19 de Agosto de 1988.
Eu, que com ele convivi e trabalhei, lado a lado, na Repartição de Finanças das Lajes, durante cerca de três anos, compartilhando com ele as chaves do cofre da Tesouraria, conheci e apreciei as suas excelentes qualidades, nomeadamente a sua honestidade, recorrendo muitas vezes à sua privilegiada memória sobretudo na identificação de pessoas e de nomes de lugares. Mas esses seus conhecimentos de nomes ou de factos antigos eram por ele partilhados, sempre gratuitamente, com muitos dos florentinos que deles careciam, seja verbalmente, seja escritos em relações de bens que ele ajudava a organizar.
A sua falta, para além de ter sido muito sentida pela família e pelos amigos, deixou saudades a todos aqueles com quem conviveu, já que sempre foi muito prestável e amigo de servir todos os que dele necessitavam.
Socialmente esteve ligado gratuitamente à direcção de diversas Instituições, designadamente da Irmandade do Espírito Santo, da Cooperativa Agrícola de Lacticínios, do Centro de Recreio Popular Fazendense, todas da Fazenda, e da Santa Casa da Misericórdia de Lajes das Flores.
Embora com uma agenda muito cheia, encontrava sempre tempo para tudo, já que gostava de servir e de ser útil à sociedade. Era um trabalhador incansável e um cidadão exemplar.
Amando a vida, sempre lúcido e interessado nas actualidades, depois de doença prolongada e progressiva, faleceu a 2 de Novembro de 2004, tendo os seus restos mortais ficado sepultados no cemitério da Fazenda das Flores, como era seu desejo.

Bibl: Jornal “O Monchique”, de 30-11-2004, artigo de José Arlindo Armas Trigueiro; Trigueiro, José Arlindo Armas,”Fazenda das Flores, Um Século de Sucesso – 1900-2000”, (2008), pp. 317, ed. da Câmara Municipal das Lajes das Flores.

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