O Desastre Esperado

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O Grupo SATA fechou as contas de 2017 com um prejuízo recorde de 41 milhões de euros.
No espaço de uma década, a empresa pública regional passou de uma situação financeira de 30 milhões de euros de capitais próprios positivos (em 2008), para um preocupante resultado de capitais próprios negativos de 133 milhões de euros no final de 2017.
A companhia aérea regional que ajudou a construir a unidade e a identidade dos Açores, foi transformada num instrumento político de desunião, de fomento de rivalidades entre ilhas, e de atropelo à coesão regional.
Esta política custou à região e a todos os açorianos, nos últimos dez anos, 163 milhões de euros. E pode custar muito mais, pois as contas demonstram que a sustentabilidade da empresa nunca foi tão incerta.
Este era um desastre esperado.
Já tinha defendido que a gestão da empresa e a orientação governativa eram uma catástrofe e que a SATA era demasiado importante para ser colocada em risco desta forma.
A ilha do Faial foi vítima, ao longo dos últimos anos, das opções ruinosas da empresa, das orientações do governo e do péssimo serviço prestado aos passageiros e ao nosso tecido empresarial.
Por isso mesmo, os faialenses demonstraram em diversas ocasiões o seu descontentamento pelo mau serviço prestado pela SATA e pelos graves constrangimentos nas acessibilidades aéreas, sendo o mais forte sinal desse descontentamento, as duas manifestações realizadas em frente ao Parlamento dos Açores.
Aliás, o caráter nuclear desta questão para o nosso futuro motivou uma progressiva mobilização e união da sociedade civil.
Com o cuidado de salvaguardar sempre o profissionalismo e dedicação dos funcionários, os diversos intervenientes ligados ao PSD do Faial tomaram desde muito cedo posições públicas de contestação à Administração da SATA e ao Governo, exigindo a melhoria do serviço e a resposta às reais necessidades da nossa ilha.
A título de exemplo e de forma resumida: no dia 23 de março de 2017, os deputados regionais defenderam a saída do Presidente do Conselho de Administração e votaram contra a sua recondução para um segundo mandato, por manipulação dos números relativos à rota Lisboa-Horta para tentar justificar a diminuição de ligações aéreas ao Faial. Na verdade, desde o início da atual legislatura que este tema tem sido recorrente na nossa intervenção pública e parlamentar, exercendo o direito e o dever de fiscalizar a ação governativa e das empresas regionais e de representar os cidadãos que em nós depositaram a sua confiança.
Também os representantes social-democratas no Conselho de Ilha do Faial e nos vários órgãos autárquicos assumiram posições contra a degradação do serviço e de reivindicação da melhoria das acessibilidades aéreas à ilha.
O Grupo Municipal do PSD na Assembleia Municipal da Horta levou o assunto a debate nas três sessões daquele órgão realizadas em 2018, construindo posições fortes de oposição aos graves constrangimentos a que a má gestão da SATA e o Governo Regional votaram a ilha do Faial, tendo mesmo apresentado na última sessão da Assembleia Municipal uma moção com pedido de demissão do presidente da SATA.
Face ao comportamento da Administração da SATA perante o Faial, seria de esperar a obtenção de unanimidade em torno desta posição, mas o Partido Socialista recusou associar-se ao pedido. Que interesses presidiram a esta posição do PS do Faial? Foi o interesse dos faialenses? Ou os interesses partidários foram colocados à frente dos interesses da nossa ilha?
Ainda assim, apesar de não ter sido possível contar com o apoio do PS, a moção foi aprovada e os deputados municipais reafirmaram a defesa do interesse de todos os faialenses.
A notícia da substituição do conselho de administração da SATA é, por tudo o que foi referido, também uma vitória daqueles que defenderam esta medida.
Abre-se uma nova porta de oportunidade para que o Faial e os Faialenses tenham um serviço de transporte aéreo adequado às suas reais necessidades e também, em termos mais abrangentes, para garantir o futuro da companhia aérea dos Açores.
Porém, como defendeu esta semana e muito bem, a Comissão Política do PSD do Faial, para além da mudança de intervenientes, é crucial e urgente uma mudança das políticas de transporte aéreo, colocando de novo a SATA ao serviço da coesão e desenvolvimento de todas as ilhas dos Açores.

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